Título: Eu Raio X
Artista: Isabella Taviani (em foto de Alexandre Moreira)
Local: Citibank Hall (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 25 de maio de 2012
Cotação: * * *
Show em cartaz na casa HSBC Brasil, em São Paulo (SP), em 16 de junho de 2012
Em cena, o coração de Isabella Taviani continua batendo no compasso da paixão. Contudo, a artista poda (alguns) excessos em seu melhor show, Eu Raio X, baseado no homônimo quinto álbum de Taviani, posto nas lojas em abril de 2012 em edição independente distribuída pela Microservice. Na estreia nacional do show, em apresentação que agitou o Citibank Hall do Rio de Janeiro (RJ) na noite de 25 de maio, a cantora deu voz à sua produção autoral de forma geralmente mais polida, em sintonia com a sonoridade elegante urdida pelo diretor musical André Vasconcellos. O show reiterou vícios e virtudes do disco. A opção de Taviani por deixar transparente em cena suas digitais de compositora é corajosa, mas ressalta eventuais clichês melódicos e poéticos de obra confessional pautada pela intensidade emocional. Mas o saldo é positivo. Já na abertura do show - feita com texto narrado em off que costura títulos de músicas da compositora e prepara o clima para a entrada em cena da cantora - a melodiosa Deixa Estar (Isabella Taviani, 2012) evidencia a evolução nas interpretações de Taviani, atualmente menos over, ainda que sempre passional. Canção sedutora em sua simplicidade, Deixa Estar é um destaque da safra 2012 da autora ao lado d'A Canção que Faltava, tema - estrategicamente repetido no bis - que já se insinua como o hit do disco pelo refrão-chiclete e pela melodia pop entoada por Taviani no tempo da delicadeza para celebrar a harmonia conquistada com a chegada de novo amor. Outro trunfo do álbum, a canção Raio X (Myllena) reitera a linha mais econômica adotada pela intérprete em alguns momentos do show. Com maior ou menor intensidade, o roteiro radiografa os vários estados emocionais da paixão. À frente do cenário moldado por Sérgio Marimba com cerca de 1,5 mil radiografias enviadas por seus fãs, Taviani desfia seu rosário de mágoas e gozos de amor. A banda - André Vasconcellos (guitarra, violão, baixo e teclados),
Sérgio Morel (guitarra), Marco Vasconcelos (violão e guitarras) e Pedro Mamede
(bateria e percussão) - enquadra Foto Polaroid (Isabella Taviani, 2003) e outros sucessos antigos com arranjos que transitam entre o rock e o vasto universo pop. Solos de guitarra pontuam Sentido Contrário (Isabella Taviani, 2005) ao passo que um capuz - resquício de exagerados efeitos cênicos de shows anteriores - cobre a cabeça de Taviani enquanto ela canta Contradição (Isabella Taviani, 2012), outro número ambientado em clima roqueiro. Já Estrategista (Isabella Taviani, 2012) sintoniza com as canções populares das rádios AMs com a linguagem direta que, a rigor, caracteriza toda a produção autoral da compositora. Estrategista encerra o primeiro bloco do show. Taviani sai do palco e ouve-se em off a voz da jornalista Leilane Neubarth, narradora de texto dito como se fosse um conto de fadas. É a deixa para que Taviani volte ao palco - com outro figurino e com sua parceira Myllena como convidada - para encenar a história de A Imperatriz e a Princesa (Isabella Taviani e Myllena, 2012), número cujo final feliz é em clima celta, numa dança que envolve as cantoras e os músicos. Na sequência, à sós com seu violão informal, Taviani desfia mais canções autorais - a maioria de seu terceiro álbum, Diga Sim (2007) - em bloco acústico que resulta extenso e deixa a sensação de que, na segunda metade, o show já está longo. Nessa parte final, Roda Gigante (Isabella Taviani, 2012) gira em clima lúdico e Todos os Erros do Mundo (Isabella Taviani, 2009) parece estar sobrando no farto roteiro, ainda que - verdade seja dita - o público faço forte coro nessa música do álbum anterior da artista, Meu Coração Não Quer Viver Batendo Devagar (2009), de presença bissexta no repertório do show Eu Raio X. No fim propriamente dito, já no bis, Taviani faz pose de popozuda na parte funkeada de A Mulher Sábia (Isabella Taviani e Myllena) em momento de excesso que soa até déjà vu pelo fato de Gal Costa já estar fazendo a mesma pose no show Recanto. No todo, o show Eu Raio X deixa transparecer que - livre de pressões de gravadoras - Isabella Taviani pavimenta sua trilha passional em marcha coerente, podando excessos sem descaracterizar o eu artístico.
7 comentários:
Em cena, o coração de Isabella Taviani continua batendo no compasso da paixão. Contudo, a artista poda (alguns) excessos em seu melhor show, Eu Raio X, baseado no homônimo quinto álbum de Taviani, posto nas lojas em abril de 2012 em edição independente distribuída pela Microservice. Na estreia nacional do show, em apresentação que agitou o Citibank Hall do Rio de Janeiro (RJ) na noite de 25 de maio, a cantora deu voz à sua produção autoral de forma geralmente mais polida, em sintonia com a sonoridade elegante urdida pelo diretor musical André Vasconcellos. O show reiterou vícios e virtudes do disco. A opção de Taviani por deixar transparente em cena suas digitais de compositora é corajosa, mas ressalta eventuais clichês melódicos e poéticos de obra confessional pautada pela intensidade emocional. Mas o saldo é positivo. Já na abertura do show - feita com texto narrado em off que costura títulos de músicas da compositora e prepara o clima para a entrada em cena da cantora - a melodiosa Deixa Estar (Isabella Taviani, 2012) evidencia a evolução nas interpretações de Taviani, atualmente menos over, ainda que sempre passional. Canção sedutora em sua simplicidade, Deixa Estar é um destaque da safra 2012 da autora ao lado d'A Canção que Faltava, tema - estrategicamente repetido no bis - que já se insinua como o hit do disco pelo refrão-chiclete e pela melodia pop entoada por Taviani no tempo da delicadeza para celebrar a harmonia conquistada com a chegada de novo amor. Outro trunfo do álbum, a canção Raio X (Myllena) reitera a linha mais econômica adotada pela intérprete em alguns momentos do show. Com maior ou menor intensidade, o roteiro radiografa os vários estados emocionais da paixão. À frente do cenário moldado por Sérgio Marimba com cerca de 1,5 mil radiografias enviadas por seus fãs, Taviani desfia seu rosário de mágoas e gozos de amor. A banda - André Vasconcellos (guitarra, violão, baixo e teclados), Sérgio Morel (guitarra), Marco Vasconcelos (violão e guitarras) e Pedro Mamede (bateria e percussão) - enquadra Foto Polaroid (Isabella Taviani, 2003) e outros sucessos antigos com arranjos que transitam entre o rock e o vasto universo pop. Solos de guitarra pontuam Sentido Contrário (Isabella Taviani, 2005) ao passo que um capuz - resquício de exagerados efeitos cênicos de shows anteriores - cobre a cabeça de Taviani enquanto ela canta Contradição (Isabella Taviani, 2012), outro número ambientado em clima roqueiro. Já Estrategista (Isabella Taviani, 2012) sintoniza com as canções populares das rádios AMs com a linguagem direta que, a rigor, caracteriza toda a produção autoral da compositora.
Estrategista encerra o primeiro bloco do show. Taviani sai do palco e ouve-se em off a voz da jornalista Leilane Neubarth, narradora de texto dito como se fosse um conto de fadas. É a deixa para que Taviani volte ao palco - com outro figurino e com sua parceira Myllena como convidada - para encenar a história de A Imperatriz e a Princesa (Isabella Taviani e Myllena, 2012), número cujo final feliz é em clima celta, numa dança que envolve as cantoras e os músicos. Na sequência, à sós com seu violão informal, Taviani desfia mais canções autorais - a maioria de seu terceiro álbum, Diga Sim (2007) - em bloco acústico que resulta extenso e deixa a sensação de que, na segunda metade, o show já está longo. Nessa parte final, Roda Gigante (Isabella Taviani, 2012) gira em clima lúdico e Todos os Erros do Mundo (Isabella Taviani, 2009) parece estar sobrando no farto roteiro, ainda que - verdade seja dita - o público faço forte coro nessa música do álbum anterior da artista, Meu Coração Não Quer Viver Batendo Devagar (2009), de presença bissexta no repertório do show Eu Raio X. No fim propriamente dito, já no bis, Taviani faz pose de popozuda na parte funkeada de A Mulher Sábia (Isabella Taviani e Myllena) em momento de excesso que soa até déjà vu pelo fato de Gal Costa já estar fazendo a mesma pose no show Recanto. No todo, o show Eu Raio X deixa transparecer que - livre de pressões de gravadoras - Isabella Taviani pavimenta sua trilha passional em marcha coerente, podando excessos sem descaracterizar o eu artístico.
Nossa que set list extenso
Mauro, você não assistiu ao show de Gal Costa em São Paulo?
Não, Gill, o show 'Recanto' já foi resenhado em sua estreia nacional, no Rio de Janeiro. Minha base é o Rio. Só viajo para ver um show em outra cidade quando se trata de uma estreia nacional de espetáculo de peso. Até porque não tenho tempo nem dinheiro para tantas viagens. Abs, MauroF
A Isa me emociona com tanta verdade. Não se submete nem se renuncia. Amo! Espero ansioso o show aqui em Brasília!
Que deprê.
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