Título: Tudo de Novo
Artista: Negra Li
Gravadora: Universal Music
Cotação: * 1/2
Seis anos após tentar migrar da cena hip hop paulista para o universo pop com um primeiro disco solo (Negra Livre, 2006) aprisionado dentro de mal-sucedida fórmula de sucesso imposta pela gravadora Universal Music, Negra Li volta à cena ainda sem liberdade artística. Segundo dico solo da artista paulista, Tudo de Novo sugere já no título um recomeço. Já não resquícios do passado de Li como rapper ao lado do parceiro Helião. As fotos de JR Duran - expostas na capa e ao longo do encarte - simbolizam a intenção de repaginar o visual de Li. Sob a direção artística de Paul Ralphes, o produtor Rick Bonadio se encarrega de dar o banho de loja na parte musical. A ênfase é num soul sem alma, de pegada assumidamente pop. Refrões pegajosos como o da faixa-título, Tudo de Novo (Maurício Bressan), explicitam a intenção de nivelar o som de Li pelo baixo padrão radiofônico. Os arranjos - assinados por Bonadio com Beto Paciello, autores da insossa Hoje Eu Só Quero Ser Feliz - se encarregam de ajustar tudo a esse padrão pop. O formato similar dos arranjos - as programações, o baixo e a guitarra / violão pilotados por Bonadio são mixados com os teclados de Paciello e com (eventuais) cordas arranjadas por Eric Silver - faz com que uma música de Leandro Lehart (Posso Morrer de Amor) soe igual a um tema de Sérgio Britto (Não Vá). O titã, aliás, figura em dose tripla como compositor na ficha técnica de Tudo de Novo. Além de Não Vá, Britto assina a balada Vai Passar - um dos hits em potencial do disco pela melodia levemente sedutora - e Como Iguais, faixa que se diferencia do restante do repertório por estar ambientada num clima jazzy de cabaré. O fraseado soul de Li - cuja voz soa bem colocada ao longo das onze faixas do álbum - é elegante, mas essa elegância não se revela suficiente para realçar toda a nostalgia contida na bela balada Fotografia, parceria antiga de Leoni com Leo Jaime, dois compositores que sabem falar a língua do pop com habilidade sem cair na banalidade que pauta, por exemplo, uma canção com Mais Um Olhar, parceria de Di Ferrero e Gee Rocha, gravada por Li com o toque do violão de Gee. Bastante irregular, o repertório de Tudo de Novo chega a roçar o primarismo melódico e poético em Volta pra Casa, tema assinado pela própria Li com Khristiano Oliveira. No fim, ao cantar Culto de Amor (Edgard Scandurra e Taciana Barros) em arranjo de voz e piano, Li consegue mostrar um pouco de sua alma como intérprete, com sentimento diluído ao longo deste CD que segue padrões e fórmulas de sucesso. Tudo de novo...
13 comentários:
Seis anos após tentar migrar da cena hip hop paulista para o universo pop com um primeiro disco solo (Negra Livre, 2006) aprisionado dentro de mal-sucedida fórmula de sucesso imposta pela gravadora Universal Music, Negra Li volta à cena ainda sem liberdade artística. Segundo dico solo da artista paulista, Tudo de Novo sugere já no título um recomeço. Já não resquícios do passado de Li como rapper ao lado do parceiro Helião. As fotos de JR Duran - expostas na capa e ao longo do encarte - simbolizam a intenção de repaginar o visual de Li. Sob a direção artística de Paul Ralphes, o produtor Rick Bonadio se encarrega de dar o banho de loja na parte musical. A ênfase é num soul sem alma, de pegada assumidamente pop. Refrões pegajosos como o da faixa-título, Tudo de Novo (Maurício Bressan), explicitam a intenção de nivelar o som de Li pelo baixo padrão radiofônico. Os arranjos - assinados por Bonadio com Beto Paciello, autores da insossa Hoje Eu Só Quero Ser Feliz - se encarregam de ajustar tudo a esse padrão pop. O formato similar dos arranjos - as programações, o baixo e a guitarra / violão pilotados por Bonadio são mixados com os teclados de Paciello e com (eventuais) cordas arranjadas por Eric Silver - faz com que uma música de Leandro Lehart (Posso Morrer de Amor) soe igual a um tema de Sérgio Britto (Não Vá). O titã, aliás, figura em dose tripla como compositor na ficha técnica de Tudo de Novo. Além de Não Vá, Britto assina a balada Vai Passar - um dos hits em potencial do disco pela melodia levemente sedutora - e Como Iguais, faixa que se diferencia do restante do repertório por estar ambientada num clima jazzy de cabaré. O fraseado soul de Li - cuja voz soa bem colocada ao longo das onze faixas do álbum - é elegante, mas essa elegância não se revela suficiente para realçar toda a nostalgia contida na bela balada Fotografia, parceria antiga de Leoni com Leo Jaime, dois compositores que sabem falar a língua do pop com habilidade sem cair na banalidade que pauta, por exemplo, uma canção com Mais Um Olhar, parceria de Di Ferrero e Gee Rocha, gravada por Li com o toque do violão de Gee. Bastante irregular, o repertório de Tudo de Novo chega a roçar o primarismo melódico e poético em Volta pra Casa, tema assinado pela própria Li com Khristiano Oliveira. No fim, ao cantar Culto de Amor (Edgard Scandurra e Taciana Barros) em arranjo de voz e piano, Li consegue mostrar um pouco de sua alma como intérprete, com sentimento diluído ao longo deste CD que segue padrões e fórmulas de sucesso. Tudo de novo...
Caraca Mauro! Coitada da Negra.. Fiquem com peninha dela, ser pop ao extremo e pra agradar rádios FM ela deve ter descido a ladeira.
Para um artista que queira se prezar fazer um disco com o Bonadio é pior do que para um político bater foto de conchavo com Maluf.
a capa tá As I am da Alicia Keys + o último da Kelly Rowland. sem filtro.
e pior que a voz dela é tão boa...
Rick Bonadio só produziu coisa ruim! isso começou com o finado grupo Mamonas Assassinas.
Concordo Bonadio só produz coisa ruim, e a voz dela é ótima mas....
A Negra Li tem voz e carisma de sobra para procurar produtores melhores que façam sua alma se impor em seus trabalhos. O Bonachão realmente não dá.
*Zé Henrique, troque urgente a sua foto amigo.
Minha foto?
Pelo comentário?
Estou em dia com a polícia e com os ladrões tb.
Tranquilo.
Engraçado que o Mauro só não comentou uma música do disco, E Eu?, da cantora e compostora Gisele de Santi. Aliás, a música que ótima em sua versão original foi totalmente estragada por programacões horrorosas.
Negra fez sucesso com a música que gravou no disco do Skank
Gosto dos artistas que FAZEM sua própria obra. Não esses que rezam pela cartliha só do produtor. Bethânia, Marisa, etc ... seus albuns tem sua cara, sua marca. Se não for assim fica tudo meio falso.
Mauro não é o primeiro, nem o último, a falar mal do Bonadio. Logo, até quem poderia defender ele percebe que não é uma perseguição.
Tem algo de errado quando diversos críticos ou fãs de música reclamam de um produtor.
A sensação que tenho é exatamente essa. Que o cara formata tudo e estraga.
Negra Li(nda)!
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