Urdida com requinte em fina costura que põe o samba, os sons das Geraes, o bolero, a música moura e o jazz no colo da Mãe África, a obra plural de João Bosco foi devidamente celebrada na 23ª edição do Prêmio da Música Brasileira neste ano de 2012 em que o compositor mineiro celebra quatro décadas de projeção nacional e carreira fonográfica iniciada em 1972 com o lançamento de sua música Agnus Sei (João Bosco e Aldir Blanc) no Disco de Bolso do jornal O Pasquim. Depois que os tambores de Minas ressoaram no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em número comandado pelo ator e cantor mineiro Maurício Tizumba para abrir alas para a cerimônia realizada na noite de 13 de junho, 13 artistas de diferentes estilos e gerações protagonizaram 10 números musicais orquestrados sob a direção musical do pianista João Carlos Coutinho. Em que pesem os corretos desempenhos de intérpretes como Alcione (Quando o Amor Acontece, João Bosco e Aldir Blanc, 1987), Ivete Sangalo (Corsário, João Bosco e Aldir Blanc, 1975), Ney Matogrosso (O Cavaleiro e Os Moinhos, João Bosco e Aldir Blanc, 1976), Zé Renato (Bodas de Prata, João Bosco e Aldir Blanc, 1975) e Zélia Duncan (Dois Pra Lá, Dois Pra Cá, João Bosco e Aldir Blanc, 1974), a qualidade desses números musicais oscilou. Alguma coisa pareceu fora da ordem nos duetos inéditos de Gaby Amarantos com Zeca Pagodinho (em medley que entrelaçou Incompatibilidade de Gênios e Coisa Feita, sambas lançados em 1976 e 1982, respectivamente) e de Zeca Baleiro com Blubell (em Miss Suéter, com a cantora reproduzindo os vocais feitos por Ângela Maria na gravação original feita por Bosco em 1976). Ambos ficaram abaixo das expectativas - assim como o encontro de Mariene de Castro com Arlindo Cruz para defender Nação (João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio, 1982), menos vibrante do que o previsto. Já Milton Nascimento não reproduziu no palco do Municipal o brilho de sua interpretação de Agnus Sei (João Bosco e Aldir Blanc, 1972) nos recém-lançados CD e DVD João Bosco 40 Anos Depois. Quem reluziu no número foi a guitarra tocada com maestria por Toninho Horta. Coube ao próprio Bosco - visto em foto de Rodrigo Amaral - entrar no tom ao encerrar a cerimônia com bloco em que enfileirou o samba O Mestre-Sala dos Mares (João Bosco e Aldir Blanc, 1975) - prova de que a voz e o violão percussivo de Bosco valem por uma banda - o bolero Desenho de Giz (João Bosco e Abel Silva, 1987), seu hit popular Papel Machê (João Bosco e José Carlos Capinam, 1984) e a emblemática O Bêbado e a Equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc, 1979) - número em que voltou ao palco o time de intérpretes convidado para celebrar no Prêmio da Música Brasileira - idealizado e dirigido por José Maurício Machline - a obra fundamental de João Bosco, devidamente contextualizada pelo primoroso texto biográfico-analítico escrito por Francisco Bosco e ouvido ao longo da cerimônia. Em seu discurso, Bosco estendeu o tributo aos grandes compositores que fazem a história da música brasileira - "É assim que entendo essa homenagem" - e saudou o parceiro Aldir Blanc, que enviou texto lido pelo ator José Wilker, com elogios como "irmão de fé" e "essa pessoa genial". No todo, a premiação - que coroou a consagração do rapper paulista Criolo em 2011 - prestou bela e justa homenagem a João Bosco, pessoa tão genial como Aldir.
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Urdida com requinte em fina costura que põe o samba, os sons das Geraes, o bolero, a música moura e o jazz no colo da Mãe África, a obra plural de João Bosco foi devidamente celebrada na 23ª edição do Prêmio da Música Brasileira neste ano de 2012 em que o compositor mineiro celebra quatro décadas de projeção nacional e carreira fonográfica iniciada em 1972 com o lançamento de sua música Agnus Sei (João Bosco e Aldir Blanc) no Disco de Bolso do jornal O Pasquim. Depois que os tambores de Minas ressoaram no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em número comandado pelo ator e cantor mineiro Maurício Tizumba para abrir alas para a cerimônia realizada na noite de 13 de junho, 13 artistas de diferentes estilos e gerações protagonizaram 10 números musicais orquestrados sob a direção musical do pianista João Carlos Coutinho. Em que pesem os bons desempenhos de intérpretes como Alcione (Quando o Amor Acontece, João Bosco e Aldir Blanc, 1987), Ivete Sangalo (Corsário, João Bosco e Aldir Blanc, 1975), Ney Matogrosso (O Cavaleiro e Os Moinhos, João Bosco e Aldir Blanc, 1976), Zé Renato (Bodas de Prata, João Bosco e Aldir Blanc, 1975), e Zélia Duncan (Dois Pra Lá, Dois Pra Cá, João Bosco e Aldir Blanc, 1974), a qualidade desses números musicais oscilou. Alguma coisa pareceu fora da ordem nos duetos inéditos de Gaby Amarantos com Zeca Pagodinho (em medley que entrelaçou Incompatibilidade de Gênios e Coisa Feita, sambas lançados em 1976 e 1982, respectivamente) e de Zeca Baleiro com Bluebell (em Miss Suéter, com a cantora reproduzindo os vocais feitos por Ângela Maria na gravação original feita por Bosco em 1976). Ambos ficaram abaixo das expectativas - assim como o encontro de Mariene de Castro com Arlindo Cruz para defender Nação (João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio, 1982), menos vibrante do que o previsto. Já Milton Nascimento não reproduziu no palco do Municipal o brilho de sua interpretação de Agnus Sei (João Bosco e Aldir Blanc, 1972) nos recém-lançados CD e DVD João Bosco 40 Anos Depois. Quem reluziu no número foi a guitarra tocada com maestria por Toninho Horta. Coube ao próprio Bosco - visto em foto de Rodrigo Amaral - entrar no tom ao encerrar a cerimônia com bloco em que enfileirou o samba O Mestre-Sala dos Mares (João Bosco e Aldir Blanc, 1975) - prova de que a voz e o violão percussivo de Bosco valem por uma banda - o bolero Desenho de Giz (João Bosco e Abel Silva, 1987), seu hit popular Papel Machê (João Bosco e José Carlos Capinam, 1984) e a emblemática O Bêbado e a Equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc, 1979) - número em que voltou ao palco o time de intérpretes convidado para celebrar no Prêmio da Música Brasileira - idealizado e dirigido por José Maurício Machline - a obra fundamental de João Bosco, devidamente contextualizada pelo primoroso texto biográfico-analítico escrito por Francisco Bosco e ouvido ao longo da cerimônia. Em seu discurso, Bosco estendeu o tributo aos grandes compositores que fazem a história da música brasileira - "É assim que entendo essa homenagem" - e saudou o parceiro Aldir Blanc, que enviou texto lido pelo ator José Wilker, com elogios como "irmão de fé" e "essa pessoa genial". No todo, a premiação - que coroou a consagração do rapper paulista Criolo em 2011 - prestou bela e justa homenagem a João Bosco, pessoa tão genial como Aldir.
Homenagem mais do que merecida ao grande João Bosco!
concordo, Maria, homenagem totalmente merecida!
E sobre a apresentação de Criolo em "De Frente pro Crime"? Nenhum comentário?
esse cara é F...
se pudesse, escrevia isso em letras garrafais.
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