Mauro Ferreira no G1

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domingo, 24 de junho de 2012

Chico César refaz 'Aos Vivos' com sua alma de agora (e com Dani Black)

Resenha de CD e DVD
Título: Aos Vivos Agora
Artista: Chico César
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Chico César provou que está vivo como compositor ao lançar Francisco, Forró Y Frevo (2008), álbum de estúdio no qual armou arraial moderno sob a produção de BiD. Mas quase ninguém dançou a quadrilha junina do artista paraibano. O arretado disco morreu no mercado sem ter alcançado a repercussão a que fazia jus. Talvez por isso, mesmo estando vivo como compositor, Chico dê a marcha ré em Aos Vivos Agora, CD e DVD postos nas lojas pela gravadora Biscoito Fino neste mês de junho de 2012. Trata-se da refazenda do primeiro álbum do artista, Aos Vivos (1995). Gravado na raça em 1994, em três shows de voz-e-violão apresentados na Funarte de São Paulo (SP), Aos Vivos seria lançado somente no ano seguinte pela extinta gravadora Velas, registrando o jorro inicial de inspiração deste compositor que reprocessava sons e ritmos do Nordeste com a mesma habilidade com que compunha baladas apaixonadas que seriam projetadas em outras vozes. Mama África tocou em algumas rádios, suscitando confusões da voz de Chico com a de Caetano Veloso. Em 1996, já contratado pela MZA Music, Chico era a bola da vez no mercado fonográfico. Cantoras disputavam suas canções. Era  moda gravar música de Chico César. E muitas delas - À Primeira Vista, Templo, Mulher Eu Sei -  tinham sido lançadas em registros crus, mas cheios de vivacidade, em Aos Vivos. Vivacidade que Chico reproduz com naturalidade em Aos Vivos Agora, registro resultante da captação de três shows feitos em 2, 3 e 4 de setembro de 2011 no Teatro Fecap, na mesma São Paulo (SP) que pariu Aos Vivos. A voz continua com a mesma potência. Basta comparar o registro de 1994 do aboio Béradêro com a gravação de 2012 - também a capella - na abertura do show. A diferença está nos cabelos, agora mais fartos. E também na participação dos convidados. Emergente cantor e compositor paulista, Dani Black assume as vozes (em Dança e em À Primeira Vista), os violões e as guitarras que foram de Lanny Gordin (insubstituível!) e Lenine (dono também de personalíssimo toque de violão) na gravação de 1994. Escolha coerente, não somente pelo fato de Chico ter sido baby sitter de Dani - filho de Tetê Espíndola e Arnaldo Black - mas também pela nítida influência do som de Lenine na música de Dani. E o fato é que Aos Vivos Agora soa com vigor pela simples razão de que seu repertório resistiu bem ao tempo e compõe quase um best of de Chico César. Mas também pelo fato de não ser uma reprodução obsessivamente fiel do registro de 1994, apesar de o roteiro ser praticamente o mesmo (salvo a inversão de lugares entre Dança e Nato). Ciente de que ninguém é o mesmo ao mergulhar pela segunda vez no mesmo rio, como sentenciou o filósofo, Chico César refez Aos Vivos com sua alma de agora. Mesmo com seu acabamento tosco, a gravação ao vivo de 1994 tem mais peso em sua discografia por captar um compositor ávido por encontrar ouvintes e intérpretes para sua música. O registro de 2011 é a (bela) celebração de um momento inicial que deu tão certo que ainda faz sombra em todos os discos gravados por Chico César de uns tempos para cá, mesmo estando o compositor muitíssimo vivo.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Chico César provou que está vivo como compositor ao lançar Francisco, Forró Y Frevo (2008), álbum de estúdio no qual armou arraial moderno sob a produção de BiD. Mas quase ninguém dançou a quadrilha junina do artista paraibano. O arretado disco morreu no mercado sem ter alcançado a repercussão a que fazia jus. Talvez por isso, mesmo estando vivo como compositor, Chico dê a marcha ré em Aos Vivos Agora, CD e DVD postos nas lojas pela gravadora Biscoito Fino neste mês de junho de 2012. Trata-se da refazenda do primeiro álbum do artista, Aos Vivos (1995). Gravado na raça em 1994, em três shows de voz-e-violão apresentados na Funarte de São Paulo (SP), Aos Vivos seria lançado somente no ano seguinte pela extinta gravadora Velas, registrando o jorro inicial de inspiração deste compositor que reprocessava sons e ritmos do Nordeste com a mesma habilidade com que compunha baladas apaixonadas que seriam projetadas em outras vozes. Mama África tocou em algumas rádios, suscitando confusões da voz de Chico com a de Caetano Veloso. Em 1996, já contratado pela MZA Music, Chico era a bola da vez no mercado fonográfico. Cantoras disputavam suas canções. Era moda gravar música de Chico César. E muitas delas - À Primeira Vista, Templo, Mulher Eu Sei - tinham sido lançadas em registros crus, mas cheios de vivacidade, em Aos Vivos. Vivacidade que Chico reproduz com naturalidade em Aos Vivos Agora, registro resultante da captação de três shows feitos em 2, 3 e 4 de setembro de 2011 no Teatro Fecap, na mesma São Paulo (SP) que pariu Aos Vivos. A voz continua com a mesma potência. Basta comparar o registro de 1994 do aboio Béradêro com a gravação de 2012 - também a capella - na abertura do show. A diferença está nos cabelos, agora mais fartos. E também na participação dos convidados. Emergente cantor e compositor paulista, Dani Black assume as vozes (em Dança e em À Primeira Vista), os violões e as guitarras que foram de Lanny Gordin (insubstituível!) e Lenine (dono também de personalíssimo toque de violão) na gravação de 1994. Escolha coerente, não somente pelo fato de Chico ter sido baby sitter de Dani - filho de Tetê Espíndola e Arnaldo Black - mas também pela nítida influência do som de Lenine na música de Dani. E o fato é que Aos Vivos Agora soa com vigor pela simples razão de que seu repertório resistiu bem ao tempo e compõe quase um best of de Chico César. Mas também pelo fato de não ser uma reprodução obsessivamente fiel do registro de 1994, apesar de o roteiro ser praticamente o mesmo (salvo a inversão de lugares entre Dança e Nato). Ciente de que ninguém é o mesmo ao mergulhar pela segunda vez no mesmo rio, como sentenciou o filósofo, Chico César refez Aos Vivos com sua alma de agora. Mesmo com seu acabamento tosco, a gravação ao vivo de 1994 tem mais peso em sua discografia por captar um compositor ávido por encontrar ouvintes e intérpretes para sua música. O registro de 2011 é a (bela) celebração de um momento inicial que deu tão certo que ainda faz sombra em todos os discos gravados por Chico César de uns tempos para cá, mesmo estando o compositor muitíssimo vivo.

Maria disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alvin disse...

É BOM ESTÁ VIVO!
Valeu à pena esperar vivo, valeu à pena não ter morrido, embora em alguns momentos da "música" feita no país, tivesse sido melhor uma “boa morte” (como dizia minha vó), mas é bom, bom não, é ótimo está vivo pra ouvir “Aos Vivos Agora” de Chico César.

JAIRO LIMA
(Poeta e ativista cultural. araruna-PB)

Contatos:

(83)91414577
(83)96869547

MSN:Jairo.lima1@hotmail.com
E-MAIL:jairopvj@yahoo.com.br

Alvin disse...

É BOM ESTÁ VIVO!
Valeu à pena esperar vivo, valeu à pena não ter morrido, embora em alguns momentos da "música" feita no país, tivesse sido melhor uma “boa morte” (como dizia minha vó), mas é bom, bom não, é ótimo está vivo pra ouvir “Aos Vivos Agora” de Chico César.

JAIRO LIMA
(Poeta e ativista cultural. araruna-PB)

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