domingo, 10 de junho de 2012

Em 'Coração do Brasil', Fernanda Cunha pinta aquarela em tons pastéis

Resenha de CD
Título: Coração do Brasil
Artista: Fernanda Cunha
Gravadora: Sem indicação
Cotação: * * * 

É sintomático que o quinto CD da cantora Fernanda Cunha inclua Adeus América (Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques) - samba que expressa saudade do Brasil - entre as 10 músicas de seu bom repertório. É que - como a artista ressalta no texto que escreveu para o encarte do disco - Coração do Brasil bate no compasso das vivências da cantora no exterior. O repertório é formado, em parte, por músicas entoadas por Cunha em shows feitos fora do Brasil. O samba que dá título ao disco, Coração do Brasil (Antonio Adolfo e Nelson Wellignton), reforça a imagem tropical do país aos olhos externos através da letra que exalta belezas naturais da flora e fauna nacionais, com direito a verso que cita Aquarela do Brasil (Ary Barroso). De certa forma, a música brasileira é outra beleza natural que ajuda a cantora a pintar o quadro deste disco que acena para o mercado exterior (os textos do encarte aparecem também em inglês, não por acaso). Parceria inédita da cantora com Camilla Dias, o samba Rio já esboça com alguma bossa o cartão postal da cidade que seduz estrangeiros de todas as partes do mundo. É o Rio de Janeiro citado também em verso do veloz Samba pro João, da lavra de Daniel Gonzaga. Sem inventar moda, os músicos arregimentados por Cunha para a maior parte do disco - Cristóvao Bastos (piano), Zé Carlos (violão e guitarra), Jorjão Carvalho (baixo) e Jurim Moreira(bateria) - armam boa cama harmônica para a cantora pintar sua aquarela brasileira através de músicas de Tom Jobim (1927 - 1994) e Noel Rosa (1910 - 1937), entre outros compositores. De Jobim, a cantora revive em belos tons pastéis Eu Preciso de Você, parceria do soberano compositor com Aloysio de Oliveira (1914 - 1995). De Noel, Não Tem Tradução evidencia que a afinada cantora deve evitar temas que pedem interpretações mais espirituosas. E, como a obra de Ivan Lins é uma das mais perfeitas traduções de música brasileira para ouvidos estrangeiros, Coração do Brasil se fecha ao som de Somos Todos Iguais Esta Noite, sucesso da parceria de Ivan com Vítor Martins, lançado em 1977 e revivido por Cunha em interpretação pálida. Em idioma mais nacional, Perdido de Encantamento é bela inédita de Sueli Costa - tia da cantora - com Luiz Sérgio Henriques. Reafirmação do talento excepcional de Sueli Costa como compositora, a canção ganha ares de toada no toque do acordeom de Tom Szczesniak. É uma das cores mais bonitas dessa aquarela do Brasil pintada por Fernanda Cunha em agradáveis tons pastéis neste CD que coroa seus 15 anos de carreira.   

4 comentários:

  1. É sintomático que o quinto CD da cantora Fernanda Cunha inclua Adeus América (Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques) - samba que expressa saudade do Brasil - entre as 10 músicas de seu bom repertório. É que - como a artista ressalta no texto que escreveu para o encarte do disco - Coração do Brasil bate no compasso das vivências da cantora no exterior. O repertório é formado, em parte, por músicas entoadas por Cunha em shows feitos fora do Brasil. O samba que dá título ao disco, Coração do Brasil (Antonio Adolfo e Nelson Wellignton), reforça a imagem tropical do país aos olhos externos através da letra que exalta belezas naturais da flora e fauna nacionais, com direito a verso que cita Aquarela do Brasil (Ary Barroso). De certa forma, a música brasileira é outra beleza natural que ajuda a cantora a pintar o quadro deste disco que acena para o mercado exterior (os textos do encarte aparecem também em inglês, não por acaso). Parceria inédita da cantora com Camilla Dias, o samba Rio já esboça com alguma bossa o cartão postal da cidade que seduz estrangeiros de todas as partes do mundo. É o Rio de Janeiro citado também em verso do veloz Samba pro João, da lavra de Daniel Gonzaga. Sem inventar moda, os músicos arregimentados por Cunha para a maior parte do disco - Cristóvao Bastos (piano), Zé Carlos (violão e guitarra), Jorjão Carvalho (baixo) e Jurim Moreira(bateria) - armam boa cama harmônica para a cantora pintar sua aquarela brasileira através de músicas de Tom Jobim (1927 - 1994) e Noel Rosa (1910 - 1937), entre outros compositores. De Jobim, a cantora revive em belos tons pastéis Eu Preciso de Você, parceria do soberano compositor com Aloysio de Oliveira (1914 - 1995). De Noel, Não Tem Tradução evidencia que a afinada cantora deve evitar temas que pedem interpretações mais espirituosas. E, como a obra de Ivan Lins é uma das mais perfeitas traduções de música brasileira para ouvidos estrangeiros, Coração do Brasil se fecha ao som de Somos Todos Iguais Esta Noite, sucesso da parceria de Ivan com Vítor Martins, lançado em 1977 e revivido por Cunha em interpretação pálida. Em idioma mais nacional, Perdido de Encantamento é bela inédita de Sueli Costa - tia da cantora - com Luiz Sérgio Henriques. Reafirmação do talento excepcional de Sueli Costa como compositora, a canção ganha ares de toada no toque do acordeom de Tom Szczesniak. É uma das cores mais bonitas dessa aquarela do Brasil pintada por Fernanda Cunha em agradáveis tons pastéis neste CD que coroa seus 15 anos de carreira.

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  2. Puxa, 15 anos! Nunca ouvi essa cantora. Vou dar uma conferida...

    Mauro, se me permite, as cores nessa sua resenha ficariam melhor em "tons pastel".

    Um abraço.

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  3. Fernanda é uma das melhores cantoras do Brasil, na minha opinião. Afinação impecável, coerência e bom gosto na escolha do repertório, timbre agradabilíssimo.

    Infelizmente, como é muito comum, é mais reconhecida no exterior do que aqui entre nós.

    Uma pena para quem só tem acesso às cantoras da famigerada mídia brasileira.

    abração,
    Denilson

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  4. Excelentes Cantora e disco.

    Para os que não a conhecem: ouçam o disco 2 corações. É maravilhoso!!!

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