Título: Meu Quintal
Artista: Ná Ozzetti (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Teatro de Arena Caixa Cultural RJ (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 28 de junho de 2012
Cotação: * * * *
Show em cartaz no Teatro de Arena - na Caixa Cultural RJ - até 30 de junho de 2012
Ná Ozzetti é do tipo de cantora que apresenta ao vivo interpretações com a mesma qualidade de suas gravações de estúdio. Sua maestria vocal é reiterada no show Meu Quintal, que chegou esta semana aos palcos do Rio de Janeiro (RJ) um ano após ter estreado em São Paulo (SP). O show é baseado no álbum Meu Quintal (Borandá, 2011), trabalho de repertório autoral lançado pela cantora e compositora paulista para celebrar seus 30 anos de carreira (incluídos na conta os anos vividos como integrante do Grupo Rumo). Não há firulas em Meu Quintal, o show. Há somente uma ótima cantora, uma banda afiada e uma luz eficiente e quase sempre bonita. À frente do quarteto afim formado por Dante Ozzetti (violão), Mario Manga (guitarra e violoncelo), Sérgio Reze (bateria) e Zé Alexandre Carvalho (baixo), Ná desfia músicas que exigem cantora de voz límpida e segura. Nem o fato de ter tropeçado mais de uma vez nos versos de Equilíbrio (Ná Ozzetti e Luiz Tatit) - música de ritmo veloz que exige concentração absoluta, além de técnica e emissão perfeitas - empanou o brilho da apresentação. Iniciada com A Velha Fiando (Dante Ozzetti e Luiz Tatit), uma das melhores músicas do CD Meu Quintal. Em Chuva, música composta por Ná sobre versos de poema de Carol Ribeiro, o arranjo de criação coletiva expõe o requinte da banda e da cantora. Aliados ao canto preciso de Ná, os sons dos instrumentos conseguem traduzir musicalmente as imagens poéticas da letra que versa sobre o movimento natural de chover e florir. E por falar em poesia, Ná realça em Baú de Guardados (Ná Ozzetti e Alice Ruiz) - outra canção que se destaca na safra autoral do CD Meu Quintal - toda a poesia da letra de Alice Ruiz. Fora da esfera autoral da artista, mas com a assinatura personalíssima de seu canto, Atlântida (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1981) emerge com suingue todo próprio, se impondo no roteiro como boa lembrança do disco em que Ná tributa a Ovelha Negra (Love Lee Rita, Dabliú, 1996). Já Na Batucada da Vida (Ary Barroso e Luiz Peixoto, 1934) expõe o virtuosismo do baixista Zé Alexandre Carvalho, cujo solo no número é alvo de justos aplausos em cena aberta. Também do repertório de Carmen Miranda (1909 - 1955), celebrada por Ná no disco Balangandãs (MCD, 2009), Recenseamento (Assis Valente, 1940) é outro pico do show. O arranjo maroto e o canto cheio de malícia impresso por Ná no número ressaltam toda a manemolência do samba. Na sequência, Capitu (Luiz Tatit) - música do repertório de Ná que Zélia Duncan (parceira da compositora em Sobrenatural) tomou para si a partir do sedutor registro feito no CD Eu me Transformo em Outras (2004) - confirma sua majestade enquanto Sutil (Itamar Assumpção) serve de veículo para que Ná evoque, com a adesão da plateia, combinações vocais típica dos sons oitentistas da Vanguarda Paulista, movimento no qual Ná foi projetada há 31 anos. Enfim, por mais que um ou outro tema seja menos saboroso, o quintal de Ná Ozzetti continua dando música boa.
Um comentário:
Ná Ozzetti é do tipo de cantora que apresenta ao vivo interpretações com a mesma qualidade de suas gravações de estúdio. Sua maestria vocal é reiterada no show Meu Quintal, que chegou esta semana aos palcos do Rio de Janeiro (RJ) um ano após ter estreado em São Paulo (SP). O show é baseado no álbum Meu Quintal (Borandá, 2011), trabalho de repertório autoral lançado pela cantora e compositora paulista para celebrar seus 30 anos de carreira (incluídos na conta os anos vividos como integrante do Grupo Rumo). Não há firulas em Meu Quintal, o show. Há somente uma ótima cantora, uma banda afiada e uma luz eficiente e quase sempre bonita. À frente do quarteto afim formado por Dante Ozzetti (violão), Mario Manga (guitarra e violoncelo), Sérgio Reze (bateria) e Zé Alexandre Carvalho (baixo), Ná desfia músicas que exigem cantora de voz límpida e segura. Nem o fato de ter tropeçado mais de uma vez nos versos de Equilíbrio (Ná Ozzetti e Luiz Tatit) - música de ritmo veloz que exige concentração absoluta, além de técnica e emissão perfeitas - empanou o brilho da apresentação. Iniciada com A Velha Fiando (Dante Ozzetti e Luiz Tatit), uma das melhores músicas do CD Meu Quintal. Em Chuva, música composta por Ná sobre versos de poema de Carol Ribeiro, o arranjo de criação coletiva expõe o requinte da banda e da cantora. Aliados ao canto preciso de Ná, os sons dos instrumentos conseguem traduzir musicalmente as imagens poéticas da letra que versa sobre o movimento natural de chover e florir. E por falar em poesia, Ná realça em Baú de Guardados (Ná Ozzetti e Alice Ruiz) - outra canção que se destaca na safra autoral do CD Meu Quintal - toda a poesia da letra de Alice Ruiz. Fora da esfera autoral da artista, mas com a assinatura personalíssima de seu canto, Atlântida (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1981) emerge com suingue todo próprio, se impondo no roteiro como boa lembrança do disco em que Ná tributa a Ovelha Negra (Love Lee Rita, Dabliú, 1996). Já Na Batucada da Vida (Ary Barroso e Luiz Peixoto, 1934) expõe o virtuosismo do baixista Zé Alexandre Carvalho, cujo solo no número é alvo de justos aplausos em cena aberta. Também do repertório de Carmen Miranda (1909 - 1955), celebrada por Ná no disco Balangandãs (MCD, 2009), Recenseamento (Assis Valente, 1940) é outro pico do show. O arranjo maroto e o canto cheio de malícia impresso por Ná no número ressaltam toda a manemolência do samba. Na sequência, Capitu (Luiz Tatit) - música do repertório de Ná que Zélia Duncan (parceira da compositora em Sobrenatural) tomou para si a partir do sedutor registro feito no CD Eu me Transformo em Outras (2004) - confirma sua majestade enquanto Sutil (Itamar Assumpção) serve de veículo para que Ná evoque, com a adesão da plateia, combinações vocais típica dos sons oitentistas da Vanguarda Paulista, movimento no qual Ná foi projetada há 31 anos. Enfim, por mais que um ou outro tema seja menos saboroso, o quintal de Ná Ozzetti continua dando música boa.
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