Título: Herivelto Como Conheci
Texto: Yaçanã Martins e Cacau Hygino
Direção: Claudio Botelho
Elenco: Marília Pêra
Cotação: * * 1/2
Musical em cartaz no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro (RJ), até 22 de julho de 2012
Compositor emblemático da era dourada do rádio brasileiro, Herivelto Martins (30 de janeiro de 1912 - 16 de setembro de 1992) contribuiu para a depuração do samba-canção - com pérolas como Caminhemos (1947) que jamais traíram o espírito sentimental do gênero - e botou seu bloco na rua com sambas que marcaram época nos Carnavais dos anos 40 e 50. Com mais de 600 títulos, esse cancioneiro é teatralizado na voz da atriz Marília Pêra em Herivelto Como Conheci, monólogo musical derivado do livro homônimo lançado em 2000 por Yaçanã Martins e Cacay Hygino. Vinte e cinco anos após ter revitalizado o repertório de Dalva de Oliveira (5 de maio de 1917 - 30 de agosto de 1972) no antológico musical A Estrela Dalva (1987), celebrando vida e obra da cantora que viveu folhetinesco caso de amor com Herivelto, Pêra aborda a duradoura união do compositor com Lurdes Torelly em texto pequeno no tamanho e na significância, urdido a partir das cartas de amor trocadas pelo casal entre 1947 e 1949. O fiapo de dramaturgia é veículo para a interpretação de 19 músicas do repertório de Herivelto, unido a Lurdes por 44 anos. Mesmo com texto raso que tenta em vão extrair humor a partir de cacos dispensáveis, a atriz mergulha fundo no universo amoroso do cancioneiro do compositor (representado em cena pela voz, em off, do diretor Claudio Botelho). Na companhia dos músicos Thiago Trajano (arranjos, violão e bandolim) e Marcio Castro (piano e acordeom), Pêra usa seus ilimitados dotes de atriz para entrar no tom e no espírito das músicas de Herivelto. Intérprete hábil no entendimento do texto das canções, a atriz que canta - bem - realça a ternura de Dois Corações (Herivelto Martins e Valdemar Gomes, 1942), a leveza feliz do samba A Vida É Boa... (Herivelto Martins, Assis Valente e Francisco Sena, 1934), a carga dramática de Culpe-me (Herivelto Martins, 1942) e a sensualidade macia de Camisola do Dia (Herivelto Martins e David Nasser, 1953), entre outros temas. Em Amélia na Praça Onze (Herivelto Martins e Cícero Nunes, 1942), a atriz explora seus recursos histriônicos para dar sentido teatral a um título pouco ouvido da obra de Herivelto. Trunfo do musical, o roteiro aliás alterna inevitáveis sucessos - como Atiraste Uma Pedra (Herivelto Martins e David Nasser, 1958) e Segredo (Herivelto Martins e Marino Pinto, 1947) - com temas quase desconhecidos do cancioneiro de Herivelto, casos de Cabaré no Morro (1937) e, sobretudo, de Desculpa de Ocasião (Herivelto Martins e Darci de Oliveira, 1942), música lançada pela cantora paulista Rosina Pagã (1919 - 20??). No fim, Marília Pêra arremata o show teatralizado com competente interpretação de Ave Maria no Morro (1942), música de tons altos, alcançados por uma atriz tão grande que valoriza até um texto pequeno como o de Herivelto Como Conheci.
2 comentários:
Compositor emblemático da era dourada do rádio brasileiro, Herivelto Martins (30 de janeiro de 1912 - 16 de setembro de 1992) contribuiu para a depuração do samba-canção - com pérolas como Caminhemos (1947) que jamais traíram o espírito sentimental do gênero - e botou seu bloco na rua com sambas que marcaram época nos Carnavais dos anos 40 e 50. Com mais de 600 títulos, esse cancioneiro é teatralizado na voz da atriz Marília Pêra em Herivelto Como Conheci, monólogo musical derivado do livro homônimo lançado em 2000 por Yaçanã Martins e Cacay Hygino. Vinte e cinco anos após ter revitalizado o repertório de Dalva de Oliveira (5 de maio de 1917 - 30 de agosto de 1972) no antológico musical A Estrela Dalva (1987), celebrando vida e obra da cantora que viveu folhetinesco caso de amor com Herivelto, Pêra aborda a duradoura união do compositor com Lurdes Torelly em texto pequeno no tamanho e na significância, urdido a partir das cartas de amor trocadas pelo casal entre 1947 e 1949. O fiapo de dramaturgia é veículo para a interpretação de 19 músicas do repertório de Herivelto, unido a Lurdes por 44 anos. Mesmo com texto raso que tenta em vão extrair humor a partir de cacos dispensáveis, a atriz mergulha fundo no universo amoroso do cancioneiro do compositor (representado em cena pela voz, em off, do diretor Claudio Botelho). Na companhia dos músicos Thiago Trajano (arranjos, violão e bandolim) e Marcio Castro (piano e acordeom), Pêra usa seus ilimitados dotes de atriz para entrar no tom e no espírito das músicas de Herivelto. Intérprete hábil no entendimento do texto das canções, a atriz que canta - bem - realça a ternura de Dois Corações (Herivelto Martins e Valdemar Gomes, 1942), a leveza feliz do samba A Vida É Boa... (Herivelto Martins, Assis Valente e Francisco Sena, 1934), a carga dramática de Culpe-me (Herivelto Martins, 1942) e a sensualidade macia de Camisola do Dia (Herivelto Martins e David Nasser, 1953), entre outros temas. Em Amélia na Praça Onze (Herivelto Martins e Cícero Nunes, 1942), a atriz explora seus recursos histriônicos para dar sentido teatral a um título pouco ouvido da obra de Herivelto. Trunfo do musical, o roteiro aliás alterna inevitáveis sucessos - como Atiraste Uma Pedra (Herivelto Martins e David Nasser, 1958) e Segredo (Herivelto Martins e Marino Pinto, 1947) - com temas quase desconhecidos do cancioneiro de Herivelto, casos de Cabaré no Morro (1937) e, sobretudo, de Desculpa de Ocasião (Herivelto Martins e Darci de Oliveira, 1942), música lançada pela cantora paulista Rosina Pagã (1919 - 20??). No fim, Marília Pêra arremata o show teatralizado com competente interpretação de Ave Maria no Morro (1942), música de tons altos, alcançados por uma atriz tão grande que valoriza até um texto pequeno como o de Herivelto Como Conheci.
Mauro querido, quanto mais o tempo passa, mais eu fico com o seu blog na condição de arauto de novidades discográficas e nada mais. Primeiro que a palavra "urdida" já virou uma coisa cansativa e motivo de piadas entre as pessoas aqui em Curitiba. Cansa. Segundo, que na maioria dos seus comentários você deixa transparecer uma pose que eu não entendo se é de pura má vontade ou pretensa condescendencia. Num tempo bicudo(eu adoro a expressão, by the way)em que se ouve lixo nos meios de comunicação, um espetáculo dêsse é como uma brisa de bom gosto e de resgate mesmo, de um tempo(da delicadeza...)em que artista brasileiro fazia coisas lindas e dignas de nossa admiração e respeito. Marília está nos dando um presente, seja cantando as coisas de Herivelto ou nos dando o seu ar da graça de diva que é. Está ficando chato ler seus comentários...
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