Título: Dom de Sonhar
Artista: Mumuzinho
Gravadora: Universal Music
Cotação: * 1/2
Há estratégia de marketing orquestrada pela gravadora Universal Music para fazer crer que Mumuzinho é a grande revelação do samba carioca. Os avais públicos de Arlindo Cruz, Dudu Nobre e Zeca Pagodinho levam a crer que o cantor - amadrinhado pela atriz e apresentadora de TV Regina Casé - é mais uma cria do Cacique de Ramos. Mas Mumuzinho - nome artístico de Márcio da Costa Batista, artista que ganhou alguma visibilidade como ator por ter participado dos filmes Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007) - nega o legado desta turma boa em seu álbum Dom de Sonhar, que rebobina o repertório de seu real primeiro CD, Transpirando Amor, lançado em 2011 na internet. A capa é outra, o visual do artista foi repaginado, mas o conteúdo é praticamente o mesmo. Em bom português, Mumuzinho canta pagode romântico de linha trivial. Basta ouvir faixas como Curto-Circuito (Claudemir e Felipe Silva) e Te Amo (Carlos Caetano e Adriano Ribeiro) para perceber que o samba de seu disco está mais para o pagode banal de Belo do que para o partido alto e o bom samba romântico cultivado nos quintais do Cacique de Ramos por bambas como Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho. Até há um partido em Dom de Sonhar, É Tudo Improvisado (Claudemir e Rafael Delgado), mas ele não chega às alturas do gênero ao versar sobre o cotidiano dos botequins. O fato de a produção do disco vir assinada por Bruno Cardoso, Sergio Jr. e Lelê já dá a pista certa do som de Mumuzinho. O trio responde pela formatação do som do grupo Sorriso Maroto. Dentro das poucas novidades do repertório de Dom de Sonhar, há regravação de Minha Rainha (Rita Ribeiro e Lourenço Cavalcante Neto), samba romântico popularizado no início dos anos 80 na voz do cantor Wilson de Assis (e posteriormente alvo de sucessivas regravações). Dentro do gênero, é o tema mais inspirado do irregular repertório de Mumuzinho. Destoando do tom sentimental do disco, o samba O Dono do Morro radiografa com certa tensão a violência das comunidades em tempos pré-pacificadores. É um dos poucos sambas do disco em que não imperam os teclados de Jota Moraes, arranjador de todas as faixas de Dom de Sonhar. Enfim, Mumuzinho faz o jogo do mercado fonográfico neste disco que, ao contrário do que apregoa o marketing da Universal Music, está bem distante do samba de Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho.
5 comentários:
Há estratégia de marketing orquestrada pela gravadora Universal Music para fazer crer que Mumuzinho é a grande revelação do samba carioca. Os avais públicos de Arlindo Cruz, Dudu Nobre e Zeca Pagodinho levam a crer que o cantor - amadrinhado pela atriz e apresentadora de TV Regina Casé - é mais uma cria do Cacique de Ramos. Mas Mumuzinho - nome artístico de Márcio da Costa Batista, artista que ganhou alguma visibilidade como ator por ter participado dos filmes Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007) - nega o legado desta turma boa em seu álbum Dom de Sonhar, que rebobina o repertório de seu real primeiro CD, Transpirando Amor, lançado em 2011 na internet. A capa é outra, o visual do artista foi repaginado, mas o conteúdo é praticamente o mesmo. Em bom português, Mumuzinho canta pagode romântico de linha trivial. Basta ouvir faixas como Curto-Circuito (Claudemir e Felipe Silva) e Te Amo (Carlos Caetano e Adriano Ribeiro) para perceber que o samba de seu disco está mais para o pagode banal de Belo do que para o partido alto e o bom samba romântico cultivado nos quintais do Cacique de Ramos por bambas como Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho. Até há um partido em Dom de Sonhar, É Tudo Improvisado (Claudemir e Rafael Delgado), mas ele não chega às alturas do gênero ao versar sobre o cotidiano dos botequins. O fato de a produção do disco vir assinada por Bruno Cardoso, Sergio Jr. e Lelê já dá a pista certa do som de Mumuzinho. O trio responde pela formatação do som do grupo Sorriso Maroto. Dentro das poucas novidades do repertório de Dom de Sonhar, há regravação de Minha Rainha (Rita Ribeiro e Lourenço Cavalcante Neto), samba romântico popularizado no início dos anos 80 na voz do cantor Wilson de Assis (e posteriormente alvo de sucessivas regravações). Dentro do gênero, é o tema mais inspirado do irregular repertório de Mumuzinho. Destoando do tom sentimental do disco, o samba O Dono do Morro radiografa com certa tensão a violência das comunidades em tempos pré-pacificadores. É um dos poucos sambas do disco em que não imperam os teclados de Jota Moraes, arranjador de todas as faixas de Dom de Sonhar. Enfim, Mumuzinho faz o jogo do mercado fonográfico neste disco que, ao contrário do que apregoa o marketing da Universal Music, está bem distante do samba de Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho.
Augusto Flávio (Juazeiro-Ba) Disse:
Mauro, no dia 26 de junho, faleceu em Salvador o grande cantador Dércio Marques, você ficou sabendo?
Abraços!
Não, não sabia. Abs, MauroF
Eu passo!
Abs,
Dércio marques, mais uma glória desconhecida da música brasileira.
Perda irreparável para a nossa cultura.
Abração, denilson
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