Título: Quase Normal
Texto: Brian Yorkey
Direção: Tadeu Aguiar
Música: Tom Kitt Letras: Brian Yorkey (Tadeu Aguiar na versão brasileira)
Direção musical: Liliane Secco
Elenco: Vanessa Gerbelli, Cristiano Gualda, Olavo Cavalheiro, Carol Futuro, Victor Maia
e André Dias
Produção: Eduardo Bakr & Tadeu Aguiar
Cotação: * * * * *
Em cartaz no Teatro Clara Nunes - no Rio de Janeiro (RJ) - de quinta-feira a domingo
Se o texto de Quase Normal (Next to Normal, no original em inglês) não tivesse sido mixado com a (excelente) música do compositor e maestro norte-americano Tom Kitt, a encenação da saga da família Goodman ainda assim teria grande impacto teatral pela dramaticidade. Não por acaso, o musical estreado em 2009 na Broadway ganhou no ano seguinte um prêmio Pulitzer na categoria Drama pelo texto do dramaturgo e diretor Brian Yorkey - fato bissexto no calendário do teatro norte-americano. Quase Normal seduz ao aliar música - várias vezes lançando mão da linguagem pop e dos códigos do rock - a um texto excepcional de caráter contemporâneo. No caso, uma música que preserva a força do texto - até pelo fato de soar como texto. É como se os diálogos de uma peça dramática tivessem virado letras de música nos versos de Yorkey e ganhado vida com as melodias de Kitt. Tais letras soam sempre naturais nas fluentes versões em português de Tadeu Aguiar, diretor da primeira encenação nacional de Next to Normal. Em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro (RJ), a versão brasileira do musical é absolutamente perfeita. Do belo cenário de Edward Monteiro à luz de Rogério Wiltgen, passando pelo elenco afinado em todos os sentidos, tudo em Quase Normal faz jus ao culto a esse musical que vem arrebatando espectadores mundo afora. Em sintonia com o espírito original do musical, que mixa a linguagem sonora típica dos temas do gênero com o idioma do rock, a reverente direção musical de Liliane Secco concilia nos arranjos guitarra (a de Tiago Calderano) com piano, violino e violoncelo. Tudo posto a serviço da história. Pois em Quase Normal a música tem a função primordial de desenvolver o drama de Diana Goodman (Vanessa Gerbelli, em sua melhor atuação nos palcos cariocas), protótipo da esposa perfeita cuja doença mental desintegra progressivamente sua memória, suas forças psicológicas e a estabilidade de sua família. No papel do marido Dan Goodman, peça-chave na sustentação do mito da família quase normal, Cristiano Gualda tem sua melhor oportunidade dramática no teatro musical brasileiro e a aproveita bem. Jovem revelação dos palcos, Olavo Cavalheiro brilha como Gabriel Goodman - o filho revitalizado na mente de Diana - e exibe domínio e versatilidade vocal. A jovem Carol Futuro também mostra força na pele de Natalie Goodman, a filha que se envolve num jogo de espelhos com a mãe doente e numa relação nem sempre harmoniosa com Henry (Victor Maia, outro jovem talento que valoriza a oportunidade de Quase Normal). Mesmo em papel aquém de suas (muitas) possibilidades, André Dias tem presença correta na pele do Dr. Madden. Como todo o elenco canta bem, a versão brasileira de Next to Normal se impõe como um dos melhores musicais encenados em palcos nacionais pela fluência da montagem, que preserva a força de um texto que sentencia, ao fim das duas horas de encenação, que ninguém é normal de perto, como aliás já profanou o antenado compositor.
6 comentários:
Se o texto de Quase Normal (Next to Normal, no original em inglês) não tivesse sido mixado com a (excelente) música do compositor e maestro norte-americano Tom Kitt, a encenação da saga da família Goodman ainda assim teria grande impacto teatral pela dramaticidade. Não por acaso, o musical estreado em 2009 na Broadway ganhou no ano seguinte um prêmio Pulitzer na categoria Drama pelo texto do dramaturgo e diretor Brian Yorkey - fato bissexto no calendário do teatro norte-americano. Quase Normal seduz ao aliar música - várias vezes lançando mão da linguagem pop e dos códigos do rock - a um texto excepcional de caráter contemporâneo. No caso, uma música que preserva a força do texto - até pelo fato de soar como texto. É como se os diálogos de uma peça dramática tivessem virado letras de música nos versos de Yorkey e ganhado vida com as melodias de Kitt. Tais letras soam sempre naturais nas fluentes versões em português de Tadeu Aguiar, diretor da primeira encenação nacional de Next to Normal. Em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro (RJ), a versão brasileira do musical é absolutamente perfeita. Do belo cenário de Edward Monteiro à luz de Rogério Wiltgen, passando pelo elenco afinado em todos os sentidos, tudo em Quase Normal faz jus ao culto a esse musical que vem arrebatando espectadores mundo afora. Em sintonia com o espírito original do musical, que mixa a linguagem sonora típica dos temas do gênero com o idioma do rock, a reverente direção musical de Liliane Secco concilia nos arranjos guitarra (a de Tiago Calderano) com piano, violino e violoncelo. Tudo posto a serviço da história. Pois em Quase Normal a música tem a função primordial de desenvolver o drama de Diana Goodman (Vanessa Gerbelli, em sua melhor atuação nos palcos cariocas), protótipo da esposa perfeita cuja doença mental desintegra progressivamente sua memória, suas forças psicológicas e a estabilidade de sua família. No papel do marido Dan Goodman, peça-chave na sustentação do mito da família quase normal, Cristiano Gualda tem sua melhor oportunidade dramática no teatro musical brasileiro e a aproveita bem. Jovem revelação dos palcos, Olavo Cavalheiro brilha no papel de Dan Goodman - o filho revitalizado na mente de Diana - e mostra domínio e versatilidade vocal. Carol Futuro também mostra sua força na pele de Natalie Goodman, a filha que se envolve num jogo de espelhos com a mãe doente e numa relação nem sempre harmoniosa com Henry (Victor Maia, outro jovem talento que valoriza a oportunidade de Quase Normal). Mesmo em papel aquém de suas (muitas) possibilidades, André Dias tem presença correta na pele do Dr. Madden. Como todo o elenco canta bem, a versão brasileira de Next to Normal se impõe como um dos melhores musicais encenados em palcos nacionais pela fluência da montagem, que preserva a força de um texto que sentencia, ao fim das duas horas de encenação, que ninguém é normal de perto, como aliás já profanou o antenado compositor.
se vier aqui pra Sampa, eu vou ver
Quase saí no meio Mauro!!!! Muito chaaaaaato!!!
O nome do personagem do Olavo não é Dan, e sim Gabe. E o André Dias faz também o Dr Fine.
Parabéns pela crítica! Adorei!!
O nome do personagem do Olavo não é Dan, e sim Gabe. E o André Dias faz também o Dr Fine.
Parabéns pela crítica! Adorei!!
Tem razão, Patty! Grato pelo toque. Já consertei o erro. Abs, MauroF
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