Preta Gil completa 38 anos nesta quarta-feira, 8 de agosto de 2012, data escolhida para a cantora carioca para o lançamento de seu quarto CD, Sou Como Sou, produzido por Fábio Lessa e Rannieri Oliveira. Preta dá pinta com músicas como Batom, parceria inédita de Ana Carolina com Chiara Civello e Diana Tejera. A convite de Preta Gil, escrevi o release do disco:
"É significativo para Preta
Gil que no repertório de seu quarto CD, Sou
Como Sou, haja uma música inédita de seu filho, Francisco Gil, de 17
anos, e outra de seu pai, Gilberto Gil, um Deus da deusa música, recém-chegado
ao clube dos 70 anos. Para Preta, que vai completar 38 anos em 8 de agosto, seu
terceiro disco de estúdio coroa um momento de maturidade e felicidade,
conquistadas ao longo de dez anos de carreira musical. Nessa década, seu filho
acompanhou e aplaudiu seu crescimento na cena musical enquanto o pai se tornou
um fã, sobretudo depois que percebeu que Preta Gil encontrou sua turma.
Inspirado na mãe, Francisco compôs um tema impregnado do suingue sangue bom do
Rio de Janeiro, Mulher Carioca,
música já em rotação na trilha sonora da novela Avenida Brasil, exibida pela TV Globo às
21h. Gilberto, patriarca da família, defende a cria dos ataques virtuais (mas
reais) dirigidos a Preta em Praga,
música que ostenta o d.n.a. refinado da obra do autor. “É a minha raiz e o meu fruto. Eu me sinto
flutuando entre eles, segura pelos dois”, filosofa a filha e mãe
corujas.
Apesar de sua aparente
simplicidade e do arranjo de tom descontraído, Praga é instante de complexidade num
disco que prega a liberdade e celebra a vida em clima de festa, com repertório
pautado pelo suingue carioca. De textura eletrônica, um dos terrenos explorados
por Preta neste disco pela intimidade crescente com os beats noturnos, a faixa-título de Sou
Como Sou revela salutar influência da batida de Lulu Santos e parece
moldada para Preta ao discursar contra a imposição de padrões estéticos e
comportamentais que geram preconceitos em cima de quem não se ajusta a esses
padrões. “Essa música do Alex Góes traduz
o que eu penso, fala no que eu acredito. Minha vida é uma luta contra o
preconceito. Fiz o mercado acordar para as mulheres reais como eu. Nos meus dez
anos de carreira, eu fui muito criticada, mas hoje eu sou respeitada”,
avalia Preta, orgulhosa de suas conquistas.
O ponto determinante na
conquista do respeito mercadológico foi o sucesso do show Noite Preta, que rendeu em 2010 o
primeiro DVD e o primeiro CD ao vivo da artista. Estreado despretensiosamente em
outubro de 2007, numa pequena casa de shows do Rio de Janeiro (RJ), o show foi
emplacando sucessivas temporadas na cidade – em casas cada vez maiores - até que
seu sucesso extrapolou as fronteiras cariocas, fazendo Preta viajar por todo o
Brasil com seu baile-show. “Sou uma
artista que gosta de entreter o público. Gosto de festa”, sentencia Preta.
O público conquistado ao
longo desses cincos anos de Noite Preta vai logo perceber que o
CD Sou Como Sou prolonga a festa de
Preta em faixas como Chique (Rannieri
Oliveira e Maurício Gaetani). Só que, em vez dos covers de sucessos alheios, a cantora
aposta em músicas que têm a vibe
festiva e feliz do show. Músicas inéditas que reiteram a personalidade de Preta.
E foi no processo de seleção e formatação dessas músicas – registradas nos
estúdios Mega de novembro de 2011 a maio de 2012 nas brechas da agenda de
Preta – que entraram em cena
Fábio Lessa e Rannieri Oliveira, produtores do
disco, amigos da cantora, parceiros nas ideias. Embora Preta tenha participado
ativamente de todo o processo de criação e gravação do disco, Lessa e Rannieri
levam o justo crédito de produtores do álbum por terem posto em prática no
estúdio as ideias da cantora. Uma artista mais segura e decidida do que a
cantora ouvida em Prêt-à Porter
(2003) e em Preta (2005), seus dois álbuns
anteriores de estúdio.
Sou Como
Sou nasceu na estrada. O concreto
ponto de partida para a criação do disco aconteceu em meio à turnê de Noite Preta, quando a artista lançou
na internet um concurso para descobrir novos compositores entre seu público,
àquela altura já vasto e já bem heterogêneo. O vencedor foi Duh Marinho,
compositor de Babado Forte, música
que versa sobre um acalorado jogo de sedução. Dentro desse universo de sedução,
habitado por quem vive a noite e na noite, Batom dá um realce no jogo da paquera.
Batom tem toda pinta de hit
radiofônico por seu tom naturalmente pop. A música é assinada por Ana Carolina,
compositora emblemática na trajetória musical de Preta Gil. Parceira de Diana
Tejera e Chiara Civello no tema, Ana sabe que Preta adora dar uma pinta. Batom descende da linha desencanada de
Sinais do Fogo (Ana Carolina e
Antonio Villeroy), o megahit do primeiro CD de Preta, fornecido por Ana com
carinho para Preta, numa fina sintonia bisada em Stereo, música do CD e DVD Noite Preta ao
Vivo.
“O disco tem
muitos hits. Quis fazer um CD mais popular no sentido de ser mais viável para
todos”, ressalta Preta Gil. Dentro
dessa linha popular, Tá Fácil –
parceria de Thiaguinho com Gabriel Barriga – é uma das grandes apostas de Preta
para seduzir o público pelo potencial radiofônico do tema. Tá Fácil discute a relação de forma
positiva, contundente, sem papo cabeça. “Tenho essa propensão para gostar de músicas
mais alegres, pra cima”, explica Preta.
Musicalmente, a alegria do
repertório é traduzida em batidas eletrônicas mixadas com grooves funkeados e com o baticum de samba que sustenta Se Quiser Saber, parceria de Preta com
Fábio Lessa e Ricardo Marins. A ensolarada Relax (Rubem Tavares e Duller) reitera o
tom dançante de um disco feito para a night. “Sou filha do tropicalismo. Venho de um
berço onde as pessoas sempre foram livres, criativas”, argumenta a artista.
A herança tropicalista é
inclusive genética. A vitória na batalha para ser uma pessoa feliz na vida e na
música custou muito a Preta Gil. Primeiro, ela driblou as cobranças por ser
filha do homem. Depois, enfrentou os
preconceitos – para os quais admite hoje não ter estado preparada – pelo fato de
ter posado nua nas fotos do encarte de seu primeiro disco. Uma nudez que
provocou controvérsias por expor uma cantora que exibia com orgulho um corpo
moldado fora dos padrões estéticos. São os padrões – contestados nos versos da
música Sou Como Sou - que pregam a
magreza como condição essencial para a realização de uma mulher. Problemas hoje
devidamente superados. A ponto de Preta estar assinando uma linha de roupas plus size desenvolvida para a rede de
lojas C & A.
Nessa batalha pelo
reconhecimento profissional como cantora, Preta também admite ter errado ao nem
sempre pôr a música em primeiro plano nos momentos em que aceitou apresentar
programa de TV e participar de novelas. Gostou de fazê-los e, com seu espírito
multimídia, pretende até voltar esporadicamente a atuar, mas desde que seu
trabalho como cantora fique sempre em primeiro lugar. Entre erros e acertos,
Preta entende tudo como um processo natural de aprendizado e consequente
amadurecimento.
Sou Como
Sou vai ser lançado oficialmente
com show agendado para 8 de agosto – dia do aniversário de Preta Gil – na casa
carioca Miranda. Na sequência, Preta Gil volta para a estrada com o Show
da Preta, espécie de desdobramento do Noite Preta, com roteiro igualmente
flexível para atender as demandas específicas de cada casa e de cada público
(“Virei uma cantora de baile. Tenho mais
de 200 músicas ensaiadas com minha banda”,
contabiliza).
Sou Como
Sou é um disco que expõe Preta Gil
como ela é. A multiplicidade de fotos (de Fernando Torquatto) expostas na capa
traduz em imagens o espírito mutante dessa metamorfose ambulante, mulher carioca
da pele morena, turbinada com brilho e batom. E não adianta rogar praga: Preta
Gil é como é. E, do seu jeito, veio para ficar". Mauro Ferreira
7 comentários:
a música da Ana é boa?
Não dá para ler um release de disco com essa letra de rodapé de comercial de TV, né? Nem me esforcei em ler.
Capa feita no Picasa rsrs
Carla, parece mesmo! Rsrsrsrsrs.
Preta não é essa Coca-cola toda...
Mais com certeza é a figura mais inteligente da MPB na atualidade, sabe quem forma opinião, sabe usar a midia a seu favor, mais me parece um Caetano de saias, para não me reportar a Madonna e GAGA...
Inteligncia em qualquer setor de nossas vidas é sempre muito bem vinda...
Afinal como diria Mercedez Soza:'Que ha de ser de la vida si el que canta
no levanta su voz en las tribunas
por el que sufre,´por el que no hay
ninguna razón que lo condene a andar sin manta'
Si se calla el cantor muere la rosa
de que sirve la rosa sin el canto
debe el canto ser luz sobre los campos
iluminando siempre a los de abajo.
Que no calle el cantor porque el silencio
cobarde apaña la maldad que oprime,
no saben los cantores de agachadas
no callarán jamás de frente al crimén.
Gente, eu nunca tive um disco da Prêta, até que um dia, entrei em uma loja em Buenos Aires e estavam tocando um som suingado e muito do alto astral. Olha que legal, disse eu, música brasileira tocando numa loja onde eu estou procurando cantoras de tango. Que é isso que você está ouvindo? O moço tirou de uma prateleira o segundo disco de estudio de Preta Gil e eu fiquei embasbacado. Era gostoso de ouvir, era legal! Fiquei fã e comprei o anterior e agora comprei este. Gosto, definitivamente, gosto muito da Prêta!
Tambem aconteceu parecido comigo, ouisa55, comecei a gostar sem saber quem era, depois vi que minha postura era puro preconceito...
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