Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Caixa com discos dos anos 70 expõe conexões de Timóteo com Roberto

Em 1972, Agnaldo Timóteo encomendou a Roberto Carlos e a Erasmo Carlos uma música intitulada Os Brutos Também Amam.  Cantor mineiro que havia obtido projeção nacional nos anos 60, década em que ganhara de Roberto em 1967 a canção Meu Grito, um grande sucesso na sua voz potente, Timóteo pretendia que a canção encomendada à dupla batizasse o disco que lançaria naquele ano de 1972. Timóteo teve seu pedido atendido. Impulsionado pelo êxito da bela balada que lhe deu título, o álbum Os Brutos Também Amam obteve repercussão nacional. Tanto que no ano seguinte, 1973, Timóteo fez outra encomenda a Roberto e a Erasmo, dando o mote do tema que queria ver composto pela dupla, mas a canção Frustrações não bisou o sucesso de Os Brutos Também Amam. Tais conexões de Timóteo com Roberto Carlos vêm à tona na caixa Agnaldo Timóteo Anos 70 Vol. 1, lançada pelo selo carioca Discobertas neste mês de agosto de 2012. Produzida por Marcelo Fróes, a caixa embala seis álbuns gravados por Timóteo entre 1970 e 1974 (uma segunda caixa, posta simultaneamente no mercado, reúne os outros seis álbuns lançados pelo cantor na década de 70). Desses seis primeiros álbuns dos 70, um - Agnaldo Timóteo Canta en Castellano (1971) - foi gravado para o mercado argentino. Os demais - O Intérprete (1970), Sempre Sucesso (1971), Os Brutos Também Amam (1972), Frustrações (1973) e Encontro de Gerações (1974) - foram editados no Brasil pela extinta gravadora Odeon. Com maior ou menor resultado comercial, tais discos seguiram à risca a receita de sucesso já testada pelo artista: versões em português de músicas estrangeiras, inéditas de compositores identificados com o cancioneiro sentimental nacional e eventuais incursões pelo universo da MPB e/ou da música brasileiras pré-Bossa Nova. A cargo do maestro Edmundo Peruzzi, os arranjos destes discos - gravados sob a firme direção musical de maestros cono Lyrio Panicali (1906 - 1984) e Lindolfo Gaya (1921 - 1987) -  formatavam com requinte o repertório de tom kitsch. As reedições trazem faixas-bônus extraídas de compactos - com destaque para a gravação de These Are The Songs (Esta É a Canção), tema de Tim Maia (1942 - 1998) abordado por Timóteo em compacto duplo de 1970 - e reproduções da arte gráfica dos LPs originais, além de breves textos em que o produtor Thiago Marques Luiz contextualiza superficialmente cada álbum encaixotado por Fróes. A caminho dos 76 anos, a serem completados em 16 de outubro de 2012, Agnaldo Timóteo foi uma das vozes mais expressivas do universo da música popular rotulada como brega. Contudo, a julgar pelos arranjos, o brega dos anos 70 por vezes foi chique. Os brutos eram requintados.

13 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em 1972, Agnaldo Timóteo encomendou a Roberto Carlos e a Erasmo Carlos uma música intitulada Os Brutos Também Amam. Cantor mineiro que havia obtido projeção nacional nos anos 60, década em que ganhara de Roberto em 1967 a canção Meu Grito, um grande sucesso na sua voz potente, Timóteo pretendia que a canção encomendada à dupla batizasse o disco que lançaria naquele ano de 1972. Timóteo teve seu pedido atendido. Impulsionado pelo êxito da bela balada que lhe deu título, o álbum Os Brutos Também Amam obteve repercussão nacional. Tanto que no ano seguinte, 1973, Timóteo fez outra encomenda a Roberto e a Erasmo, dando o mote do tema que queria ver composto pela dupla, mas a canção Frustrações não bisou o sucesso de Os Brutos Também Amam. Tais conexões de Timóteo com Roberto Carlos vêm à tona na caixa Agnaldo Timóteo Anos 70 Vol. 1, lançada pelo selo carioca Discobertas neste mês de agosto de 2012. Produzida por Marcelo Fróes, a caixa embala seis álbuns gravados por Timóteo entre 1970 e 1974 (uma segunda caixa, posta simultaneamente no mercado, reúne os outros seis álbuns lançados pelo cantor na década de 70). Desses seis primeiros álbuns dos 70, um - Agnaldo Timóteo Canta en Castellano (1971) - foi gravado para o mercado argentino. Os demais - O Intérprete (1970), Sempre Sucesso (1971), Os Brutos Também Amam (1972), Frustrações (1973) e Encontro de Gerações (1974) - foram editados no Brasil pela extinta gravadora Odeon. Com maior ou menor resultado comercial, tais discos seguiram à risca a receita de sucesso já testada pelo artista: versões em português de músicas estrangeiras, inéditas de compositores identificados com o cancioneiro sentimental nacional e eventuais incursões pelo universo da MPB e/ou da música brasileiras pré-Bossa Nova. A cargo do maestro Edmundo Peruzzi, os arranjos destes discos - gravados sob a firme direção musical de maestros cono Lyrio Panicali (1906 - 1984) e Lindolfo Gaya (1921 - 1987) - formatavam com requinte o repertório de tom kitsch. As reedições trazem faixas-bônus extraídas de compactos - com destaque para a gravação de These Are The Songs (Esta É a Canção), tema de Tim Maia (1942 - 1998) abordado por Timóteo em compacto duplo de 1970 - e reproduções da arte gráfica dos LPs originais, além de breves textos em que o produtor Thiago Marques Luiz contextualiza superficialmente cada álbum encaixotado por Fróes. A caminho dos 76 anos, a serem completados em 16 de outubro de 2012, Agnaldo Timóteo foi uma das vozes mais expressivas do universo da música popular rotulada como brega. Contudo, a julgar pelos arranjos, o brega dos anos 70 por vezes foi chique. Os brutos eram requintados.

Douglas Carvalho disse...

Pelo amor de Deus. Agnaldo Timóteo é intragável. Exemplo perfeito de cantor anacrônico, prova cabal de que vozeirão não faz um grande artista.

Kd meus discos de João Gilberto?

Gill Sampaio Ominirò disse...

Nem que me pague!

EDELWEISS1948 disse...

LANÇAMENTO TOTALMENTE DISPENSAVEL.

Marcelo disse...

Nem de graça!!! Canta tudo exatamente da mesma forma e com uma dicção pedante.

Anônimo disse...

eu hein quero nem de graça...

André Queiroz disse...

Alô Discobertas!!!!!

O acervo da Odeon tem discografias bem melhores para serem lançadas em CD como Roberto Ribeiro,Taiguara, João Nogueira, Tito Madi, Dick Farney, Claudette Soares, Paulo Diniz, Pery Ribeiro, Milton Banana,etc...

Marcelo Barbosa disse...

Concordo com o André, sobretudo no que tange aos inesquecíveis Roberto Ribeiro e João Nogueira!

Marcelo Barbosa disse...

E essas caixas eu também dispenso, nem de graça eu queria!

KL disse...

Vou discordar dos comentários anteriores por várias razões, mas um delas, pelo menos, já vale os dois boxes: a música cafona, no Brasil, até 1981, é também um documento contundente dos "anos de chumbo" sob o olhar de compositores marginaliados. A versão de Timóteo para "These Are The Songs" é tão boa qunato a de Elis Regina, e mil vezes melhor do que a de Marisa Monte, por exemplo. "Olhos nos Olhos", de Chico Buarque, também não deixa nada a dever à versão clássica de Maria Bethânia. Além d etudo, os boxes incluem a chamada "trilogia gay" de Agnaldo, um dos primeiros a abordar a temática com a coragem que só encontra parelelo, talvez, num Ney Matogrosso ou Caetano Veloso, mesmo assim blindados pelo apoio da mídia dita intelectualizada. Enfim, esse é mais um golaço da Discobertas, e Marcelo Froes - com tantos relançamentos corajosos e inusitados - já está se tornando a personalidade do momento no resgate de mpb. Cinco estrelas.

KL disse...

Vou discordar dos comentários anteriores por várias razões, mas um delas, pelo menos, já vale os dois boxes: a música cafona, no Brasil, até 1981, é também um documento contundente dos "anos de chumbo" sob o olhar de compositores marginaliados. A versão de Timóteo para "These Are The Songs" é tão boa quanto (ou até melhor do que) a de Elis Regina, e bem superior à de Marisa Monte, por exemplo. "Olhos nos Olhos" também não deixa nada a dever à versão clássica de Maria Bethânia. Além d etudo, os boxes incluem a chamada "trilogia gay" de Agnaldo, um dos primeiros a abordar a temática com a ousadia que só encontra parelelo, talvez, num Ney Matogrosso ou Caetano Veloso, mesmo assim blindados pelo apoio da mídia dita intelectualizada. Enfim, esse é mais um golaço da Discobertas, e Marcelo Froes - com tantos relançamentos surpreendentes - já está se tornando a personalidade do momento no resgate de mpb. Cinco estrelas.

KL disse...

Mauro, reescrevi meu comentário, peço-lhe por favor que exclua o primeiro. Abraço

Démerson Dias disse...

Ok, Agnaldo é intragável. Mas durante décadas foi parte de um contexto cultural que, se dependesse de alguns não existiria. Mas era "tudo" o que era permitido a uma parcela ampla da população.
Lembro que ouvia ou cantava algo dele na infância e meu pai me fez um favor enorme, me apresentou a Nelson Gonçalves e explicou que cantar era isso. Agnaldo grita. Mas até aí, Tim Maia também, mas ao invés dos bolerões, preferiu ir à black music.
Olhando, inclusive as fotos fica muito clara a sombra de outro vozeirão negro prematuramente desaparecido, sim, Evaldo Braga! Tivesse permanecido mais tempo, provavelmente iria explicar algumas das razões artísticas (ou estéticas) do Timóteo.
O que não faz sentido esquecer é o contexto histórico, muito distinto. Eu também não priorizaria este lançamento, mas indubitavelmente é parte importante da memória da música de consumo.
Minha mãe tinha alguns Lps que gostava muito, dentre eles, um da Inezita Barroso e outro do Agnaldo totalmente dedicado ao tema "mãe". Piegas, talvez. Mas é história. O que é mesmo ridículo é a preocupação de alguns em negar o que é (ou deveria ser) diferente.
Se alguém acha desprezível esse lançamento, ok. Mas ignorá-lo significa recusar uma estética que teve seu espaço e momento. E não foi pequeno. Tudo bem, "Narciso acha feio o que não é espelho" por isso se afogou na própria imagem. :-)