Título: Chico Buarque Na Carreira
Artista: Chico Buarque
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *
Artigos já redundantes no mercado comum do disco, registros ao vivo de shows adquirem sentido e sabor especiais quando se trata de Chico Buarque. Artista de presença cada vez mais bissexta em palcos, o cantor e compositor carioca voltou à cena em novembro de 2011 com o show de seu álbum Chico. A turnê transitou por nove cidades até maio deste ano de 2012. O CD ao vivo Na Carreira cristaliza o requinte sóbrio desse momento do artista na estrada. Disco duplo, Na Carreira registra na íntegra o roteiro arquitetado pelo próprio Chico com mix de músicas do álbum de 2011 com sucessos de trajetória musical que já contabiliza 47 anos se o compacto de Pedro Pedreiro de 1965 for entendido como o tijolo inicial de obra que - mais uma vez - se agiganta ao longo da audição das 30 músicas perpetuadas em Na Carreira. Além da arquitetura sofisticada dessa obra, Na Carreira se beneficia da primorosa engenharia sonora. A cargo do engenheiro Luiz Leme e do técnico Fernando Ferrari, a captação do show foi incrementada com perfeita mixagem - capitaneada pelo engenheiro Fernando Prado - que valoriza a audição do disco. Voz e instrumentos estão em perfeito equilíbrio, o que facilita a apreciação dos arranjos refinados do violonista Luiz Cláudio Ramos, diretor musical do espetáculo. Chico, o show, se descortina em detalhes no CD-player. Desde a abertura com o samba O Velho Francisco (Chico Buarque, 1987) até o fecho com Na Carreira (Edu Lobo e Chico Buarque, 1982), cujo arranjo empilha ao fim citações de tijolos da obra, o disco ao vivo transcorre envolvente. Entre um número e outro, Chico faz graciosos duetos com o baterista Wilson das Neves (nos sambas Sou Eu e Tereza da Praia, de 2009 e 1954, respectivamente) revisita músicas que pouco abordou nos palcos - casos de Ana de Amsterdam (Chico Buarque e Ruy Guerra, 1973), Geni e o Zepelim (Chico Buarque, 1977) e A Violeira (Tom Jobim e Chico Buarque, 1983) - e narra no Rap de Cálice (Chico Buarque e Gilberto Gil em adaptação de Criolo, 2011) como tomou conhecimento no YouTube dos versos que o rapper paulista Criolo escreveu sobre a melodia de Cálice (1973). Chicoo se apropria de alguns desses versos no único instante em que o show tenta conexão com a cena pop brasileira contemporânea. Gravado em fevereiro de 2012 na temporada de Chico na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), o CD Na Carreira chega às lojas dois meses antes do DVD - previsto para outubro - com primorosa arte gráfica que peca somente pelo fato de a disposição das músicas na contracapa fazer crer que a supra-citada Ana de Amsterdam é a última música do CD 1 quando, na realidade, a canção abre o CD 2. Detalhe pequeno de registro à altura da construção grandiosa de Chico Buarque e que, por ser somente o sexto disco ao vivo na vasta discografia do artista, dribla qualquer redundância e se torna necessário por cristalizar o artista em seu tempo mais sereno em cena.
4 comentários:
Artigos já redundantes no mercado comum do disco, registros ao vivo de shows adquirem sentido e sabor especiais quando se trata de Chico Buarque. Artista de presença cada vez mais bissexta em palcos, o cantor e compositor carioca voltou à cena em novembro de 2011 com o show de seu álbum Chico. A turnê transitou por nove cidades até maio deste ano de 2012. O CD ao vivo Na Carreira cristaliza o requinte sóbrio desse momento do artista na estrada. Disco duplo, Na Carreira registra na íntegra o roteiro arquitetado pelo próprio Chico com mix de músicas do álbum de 2011 com sucessos de trajetória musical que já contabiliza 57 anos se o compacto de Pedro Pedreiro de 1965 for entendido como o tijolo inicial de obra que - mais uma vez - se agiganta ao longo da audição das 30 músicas perpetuadas em Na Carreira. Além da arquitetura sofisticada dessa obra, Na Carreira se beneficia da primorosa engenharia sonora. A cargo do engenheiro Luiz Leme e do técnico Fernando Ferrari, a captação do show foi incrementada com perfeita mixagem - capitaneada pelo engenheiro Fernando Prado - que valoriza a audição do disco. Voz e instrumentos estão em perfeito equilíbrio, o que facilita a apreciação dos arranjos refinados do violonista Luiz Cláudio Ramos, diretor musical do espetáculo. Chico, o show, se descortina em detalhes no CD-player. Desde a abertura com o samba O Velho Francisco (Chico Buarque, 1987) até o fecho com Na Carreira (Edu Lobo e Chico Buarque, 1982), cujo arranjo empilha ao fim citações de tijolos da obra, o disco ao vivo transcorre envolvente. Entre um número e outro, Chico faz graciosos duetos com o baterista Wilson das Neves (nos sambas Sou Eu e Tereza da Praia, de 2009 e 1954, respectivamente) revisita músicas que pouco abordou nos palcos - casos de Ana de Amsterdam (Chico Buarque e Ruy Guerra, 1973), Geni e o Zepelim (Chico Buarque, 1977) e A Violeira (Tom Jobim e Chico Buarque, 1983) - e narra no Rap de Cálice (Chico Buarque e Gilberto Gil em adaptação de Criolo, 2011) como tomou conhecimento no YouTube dos versos que o rapper paulista Criolo escreveu sobre a melodia de Cálice (1973). Chicoo se apropria de alguns desses versos no único instante em que o show tenta conexão com a cena pop brasileira contemporânea. Gravado em fevereiro de 2012 na temporada de Chico na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), o CD Na Carreira chega às lojas dois meses antes do DVD - previsto para outubro - com primorosa arte gráfica que peca somente pelo fato de a disposição das músicas na contracapa fazer crer que a supra-citada Ana de Amsterdam é a última música do CD 1 quando, na realidade, a canção abre o CD 2. Detalhe pequeno de registro à altura da construção grandiosa de Chico Buarque e que, por ser somente o sexto disco ao vivo na vasta discografia do artista, dribla qualquer redundância e se torna necessário por cristalizar o artista em seu tempo mais sereno em cena.
Poxa... só eu achei o som do disco meio abafado???
Tem toda razão, Renato. Errei na conta. Abs, grato pelo toque, MauroF
Bruno, o som do meu cd tá ótimo
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