Evento: Circuito Cênico MPB
Título: Eletroacústico
Artista: Joanna (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Municipal de Niterói (Niterói, RJ)
Data: 18 de agosto de 2012
Cotação: * *
Antes de começar a cantar Nos Bailes da Vida (Milton Nascimento e Fernando Brant) no meio do show Eletroacústico, Joanna conta à plateia com orgulho que ganhou a música de Milton Nascimento em 1981. Como tanta gente boa, a cantora pôs o pé na sua profissão nos bailes da vida. E de certa forma é esse espírito de baile que anima a artista na sua volta à cena após pausa estratégica na agenda por conta de problemas de ordem pessoal. Show econômico, de estrada, Eletroacústico faz Joanna exercitar a versatilidade aprendida nesses bailes seminais dos tempos pré-fama. É certo que soa estranho ouvi-la entrar no palco do Teatro Municipal de Niterói (RJ) ao som de versos como "Eu sou o samba / A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor", de A Voz do Morro (Zé Kétti). É que, no universo da música, Joanna fez sucesso dando sua voz terna a canções românticas como Momentos (Joanna e Sarah Benchimol) e Recado (Renato Teixeira), ambas revividas neste show feito pela cantora na companhia dos teclados de Márcio Maia e do baixo de Hélcio Fernandes. A voz continua a mesma, aliás. E é com ela que Joanna conta basicamente neste Eletroacústico de arranjos calcados nos sons sintetizados dos teclados de Maia. É com essa voz doce que a cantora se ilumina em Lua Branca (Chiquinha Gonzaga), destaque de roteiro pautado por um ecletismo natural para quem se diplomou nos bailes da vida. Para entreter seu público, Joanna pega o violão e recorre a sucessos de Rita Lee (Desculpe o Auê, balada de 1983) e Lulu Santos (Tempos Modernos, o tema de 1982 que anunciou novo começo de era no pop nacional). Número em que o baixista Hélcio Fernandes se vira como pode para reproduzir os vocais feitos pelo grupo Roupa Nova na gravação de 1986, Um Sonho a Dois (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1982) é lembrança da fase em que as emoções industrializadas deram o tom trivial da discografia da cantora, com a ampliação de seu público e das vendas de seus LPs, mas também com a redução do prestígio conquistado com os álbuns gravados entre 1979 e 1985. No fim, o texto que sucede Fascinação (F. Marchetti e Maurice Feraudy em versão de Armando Louzada) - um dos números feitos por Joanna na cadeira alocada numa das extremidades do palco - arremata o show em surpreendente anticlímax, com a conclusão de que vale a pena cantar. Tomara que Eletroacústico simbolize um recomeço para Joanna, uma injeção de ânimo na vida profissional.
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