Resenha de show
Título: Para Gil e Caetano
Artista: Margareth Menezes (em foto de Rodrigo Amaral)
Participação: Alexandre Leão
Local: Teatro Rival (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 4 de agosto de 2012
Cotação: * * * *
A primeira (má) impressão do show em que Margareth Menezes canta músicas de Caetano Veloso e Gilberto Gil - em tributo aos 70 anos completados pelos cantores e compositores baianos neste ano de 2012 - não é a que fica. Apesar do suingue posto pela cantora no samba Aquele Abraço (Gilberto Gil, 1969), o número de abertura deixou no ar a sensação de que o público do carioca Teatro Rival ia ouvir mais do mesmo. Pista falsa. Na sequência, Como 2 e 2 (Caetano Veloso, 1971) ganhou interpretação de tom intenso - à moda das grandes cantoras negras norte-americanas do século 20 - que reiterou a potência e o calor da voz de Maga. Já nesse segundo número começou a se desenhar a pegada do show Para Gil e Caetano, urdida com azeitado mix eletroacústico do violão de Alexandre Leão com a guitarra de Théo Silva e as percussões de Guto Messias e Daniela Pena. Repertório, arranjos e interpretações fugiram do óbvio, em sua maior parte, fazendo o show ser pautado por boas surpresas. Os vocais de tom viajante que se irmanaram com os acordes da guitarra de Théo Silva, ao fim de Alguém Cantando (Caetano Veloso, 1977), foi uma delas. A opção por recitar a letra de Metáfora (Gilberto Gil, 1982) - ressaltando o caráter filosófico dos versos da canção de Gil - foi outra. Com seu som afropop, a cantora realçou a baianidade de Buda Nagô (Gilberto Gil, 1992) - em abordagem sedutora que engrandeceu o samba em que Gil celebrou a personalidade singular de Dorival Caymmi (1914 - 2008) - e se encontrou no recôncavo rítmico de Reconvexo (Caetano Veloso, 1989). Pela própria natureza baiana, a cantora também soube evidenciar a ancestral africanidade embutida em Milagres do Povo (Caetano Veloso, 1985) - tema que explodiu no refrão - e valorizar até samba menor de Gil, Bahia de Todas as Contas, lançado por Gal Costa no álbum Baby Gal (1983). O suingue das abordagens de Eclipse Oculto (Caetano Veloso, 1983) e Esotérico (Gilberto Gil, 1976) reforçaram a certeza de que Margareth Menezes ainda deve um disco à altura de sua voz, hábil também na exposição de registros mais suaves como os das interpretações de Queixa (Caetano Veloso, 1982), Deixar Você (Gilberto Gil, 1982) e A Linha e o Linho (Gilberto Gil, 1983) - tema bordado pela costura da voz da cantora com o toque do violão de Alexandre Leão .Um disco que exponha a força de seu canto, capaz de brilhar em Gema (Caetano Veloso, 1980) tanto quanto Maria Bethânia, intérprete original do samba, linkado no roteiro com Purificar o Subaé (Caetano Veloso, 1981), tema cujo suingue veio mais da guitarra de Théo Silva do que das percussões. Nem o fato de ler em cena boa parte das letras minimiza a força natural das interpretações de Maga, que ainda tocou violão eletroacústico em músicas como Um Índio (Caetano Veloso, 1976). Ainda que um ou outro número do roteiro soe mais previsível, especialmente Expresso 2222 (Gilberto Gil, 1972) e Refazenda (Gilberto Gil, 1975), o show Para Gil e Caetano se impõe como um dos melhores trabalhos de Margareth Menezes ao longo dos 25 anos de (irregular) carreira da cantora, dona de voz quente, talhada para expor todas as contas e temas da Bahia - plural, universal e sempre atual - (de)cantada por Gilberto Gil e Caetano Veloso.
A primeira (má) impressão do show em que Margareth Menezes canta músicas de Caetano Veloso e Gilberto Gil - em tributo aos 70 anos completados pelos cantores e compositores baianos neste ano de 2012 - não é a que fica. Apesar do suingue posto pela cantora no samba Aquele Abraço (Gilberto Gil, 1969), o número de abertura deixou no ar a sensação de que o público do carioca Teatro Rival ia ouvir mais do mesmo. Pista falsa. Na sequência, Como 2 e 2 (Caetano Veloso, 1971) ganhou interpretação de tom intenso - à moda das grandes cantoras negras norte-americanas do século 20 - que reiterou a potência e o calor da voz de Maga. Já nesse segundo número começou a se desenhar a pegada do show Para Gil e Caetano, urdida com azeitado mix eletroacústico do violão de Alexandre Leão com a guitarra de Théo Silva e as percussões de Guto Messias e Daniela Pena. Repertório, arranjos e interpretações fugiram do óbvio, em sua maior parte, fazendo o show ser pautado por boas surpresas. Os vocais de tom viajante que se irmanaram com os acordes da guitarra de Théo Silva, ao fim de Alguém Cantando (Caetano Veloso, 1977), foi uma delas. A opção por recitar a letra de Metáfora (Gilberto Gil, 1982) - ressaltando o caráter filosófico dos versos da canção de Gil - foi outra. Com seu som afropop, a cantora realçou a baianidade de Buda Nagô (Gilberto Gil, 1992) - em abordagem sedutora que engrandeceu o samba em que Gil celebrou a personalidade singular de Dorival Caymmi (1914 - 2008) - e se encontrou no recôncavo rítmico de Reconvexo (Caetano Veloso, 1989). Pela própria natureza baiana, a cantora também soube evidenciar a africanidade embutida em Milagres do Povo (Caetano Veloso, 1985) - tema que explodiu no refrão - e valorizar até samba menor de Gil, Bahia de Todas as Contas, lançado por Gal Costa no álbum Baby Gal (1983). O suingue das abordagens de Eclipse Oculto (Caetano Veloso, 1983) e Esotérico (Gilberto Gil, 1976) reforçaram a certeza de que Margareth Menezes ainda deve um disco à altura de sua voz, hábil também na exposição de registros mais suaves como os das interpretações de Queixa (Caetano Veloso, 1982), Deixar Você (Gilberto Gil, 1982) e A Linha e o Linho (Gilberto Gil, 1983) - tema bordado pela costura da voz da cantora com o toque do violão de Alexandre Leão .Um disco que exponha a força de seu canto, capaz de brilhar em Gema (Caetano Veloso, 1980) tanto quanto Maria Bethânia, intérprete original do samba, linkado no roteiro com Purificar o Subaé (Caetano Veloso, 1981), tema cujo suingue veio mais da guitarra de Théo Silva do que das percussões. Nem o fato de ler em cena boa parte das letras minimiza a força natural das interpretações de Maga, que ainda tocou violão eletroacústico em músicas como Um Índio (Caetano Veloso, 1976). Ainda que um ou outro número soe mais previsível, especialmente Expresso 2222 (Gilberto Gil, 1972) e Refazenda (Gilberto Gil, 1975), o show Para Gil e Caetano se impõe como um dos melhores trabalhos de Margareth Menezes ao longo dos 25 anos de carreira da cantora, voz talhada para expor todas as contas e temas da Bahia - plural, universal e sempre atual - de Gilberto Gil e Caetano Veloso.
ResponderExcluirAcho que seria legal esse projeto virar um CD e DVD. As homenagens estão sendo feitas somente aos 70 anos de Caetano. E homenagem para o Gil, ninguém se lembrou disso não?
ResponderExcluirPodia rolar um show de Marisa Monte com o título " Para Ben Jor e Paulinho ". Que também chegam aos 70 anos em 2012.
ResponderExcluirAcho que o Ben faz 68, Diogo.
ResponderExcluirMarisa tá em plena turnê...
Sem chance.
Merecida homenagem! Gostei de saber que ela cantou "Bahia de todas as contas". Adoro essa música, mas que é pouco lembrada.
ResponderExcluirÉ Marisa está em turnê, mas a idéia não é nada, nada ruim.
ResponderExcluirMarisa Monte vai cantar no final das Olímpiadas a Ária (Cantilena) das Bachianas Brasileiras nº 5 de Villa-Lobos ansiosa para ver e ouvir.
ResponderExcluirQuem também faz 70 anos este ano é Milton Nascimento. O repertório dele certamente não é a praia de Marisa Monte.
ResponderExcluirMárcio, Marisa Monte já fez dueto com Milton Nascimento nas músicas Nos bailes da vida e Resposta isso aconteceu em 1999, no Metropolitan em uma festa da JBFM.
ResponderExcluirEntão vou estender meu raciocícinio, Maria: não vejo Marisa Monte abrindo mão de seu repertório autoral para fazer nenhum show dedicado a quem quer que seja. Duas ou três músicas pode ser.
ResponderExcluirNão por falta de generosidade, Baiano.
ResponderExcluirMarisa, apesar de TODOS os defeitos recentes, é uma artista/mulher generosa.
Um do Paulinho a Teresa Cristina já fez e um do Ben os caras da Nação Zumbi já fazem de vez em quando.
Aliás, tá na agulha um disco deles(los sebosos) com o repertório todo do Jorge Ben.
Versões enfumaçadas! Lindão.
PS: Tb não sabia desse dueto com Milton.
Esse dueto de Marisa e Milton aconteceu sim!
ResponderExcluirTrabalho maravilhoso, digno de uma perpetuação através da gravação de um CD ou mesmo DVD, faria o público muito feliz!!! Parabéns Margareth Meneses e atoda sua equipe, em especial ao talentoso guitarrista Théo Silva
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