domingo, 12 de agosto de 2012

Nascida há 70 anos, Clara Nunes tem obra imortal que extrapola o samba

Se não tivesse saído precocemente de cena em abril de 1983, por conta de complicações decorrentes de operação de varizes, Clara Nunes (1942 - 1983) poderia - quem sabe? - estar festejando seus 70 anos de vida neste domingo, 12 de agosto de 2012. Nascida no mesmo 1942 em que vieram ao mundo Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros setentões não assumidos da MPB, Clara Francisca Gonçalves foi voz luminosa na música brasileira dos anos 70. Guerreira, a cantora mineira batalhou e demorou muito para encontrar seu caminho na música. Contudo, quando o encontrou, a partir de 1971, soube construir uma das mais belas discografias de sua geração. Obra imortal que extrapola o samba, ainda que Clara seja associada  de imediato ao ritmo que sempre priorizou nos discos que gravou a partir de 1971, ano em que adotou imagem afro-brasileira e repertório condizente com a identidade visual arquitetada pelo radialista Adelzon Alves. A partir de 1976, quando passou a ter seus álbuns produzidos pelo compositor Paulo César Pinheiro, Clara ampliou o leque estético de sua obra, gravando outros ritmos sem jamais relegar o samba a um segundo plano em sua discografia. Aliás, a devoção sincera de Clara ao samba mais nobre produzido no Brasil - em especial no Rio de Janeiro - a credencia ao posto de uma das cantoras mais emblemáticas de sua época e do próprio gênero, somente encontrando rival na figura igualmente importante de Beth Carvalho. Dona de afinação e emissão perfeitas, Clara - vista em foto de Wilton Montenegro - pôs sua voz límpida em pérolas como Alvorecer, o belo samba de Ivone Lara e Délcio Carvalho que batizou álbum de 1974, divisor de águas na carreira desta intérprete luminosa. Os repertórios irretocáveis dos discos gravados entre 1971 e 1982 deixaram num passado distante as indecisões artísticas que obscureceram a voz de Clara nos anos 60, década em que a cantora se viu obrigada por diretores da gravadora Odeon a registrar boleros e sambas-canções de qualidade duvidosa. Por mais que seja clichê, imortal é o adjetivo perfeito para se caracterizar a obra com que Clara Nunes fez a cabeça de uma geração que conheceu o samba através de sua voz. Obra que vai ser relançada novamente pela EMI Music. A edição revista da caixa Clara - posta originalmente nas lojas em 2004 - chega ao mercado até o fim deste segundo semestre de 2012 para dar oportunidade às novas gerações de conhecer mais a fundo uma discografia que resiste luminosamente ao tempo. A tal mineira cantou bem seu Brasil mestiço.

16 comentários:

  1. Se não tivesse saído precocemente de cena em abril de 1983, por conta de complicações decorrentes de operação de varizes, Clara Nunes (1942 - 1983) poderia - quem sabe? - estar festejando seus 70 anos de vida neste domingo, 12 de agosto de 2012. Nascida no mesmo 1942 em que vieram ao mundo Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros setentões não assumidos da MPB, Clara Francisca Gonçalves foi voz luminosa na música brasileira dos anos 70. Guerreira, a cantora mineira batalhou e demorou muito para encontrar seu caminho na música. Contudo, quando o encontrou, a partir de 1971, soube construir uma das mais belas discografias de sua geração. Obra imortal que extrapola o samba, ainda que Clara seja associada de imediato ao ritmo que sempre priorizou nos discos que gravou a partir de 1971, ano em que adotou imagem afro-brasileira e repertório condizente com a identidade visual arquitetada pelo radialista Adelzon Alves. A partir de 1976, quando passou a ter seus álbuns produzidos pelo compositor Paulo César Pinheiro, Clara ampliou o leque estético de sua obra, gravando outros ritmos sem jamais relegar o samba a um segundo plano em sua discografia. Aliás, a devoção sincera de Clara ao samba mais nobre produzido no Brasil - em especial no Rio de Janeiro - a credencia ao posto de uma das cantoras mais emblemáticas de sua época e do próprio gênero, somente encontrando rival na figura igualmente importante de Beth Carvalho. Dona de afinação e emissão perfeitas, Clara - vista em foto de Wilton Montenegro - pôs sua voz límpida em pérolas como Alvorecer, o belo samba de Ivone Lara e Délcio Carvalho que batizou álbum de 1974, divisor de águas na carreira desta intérprete luminosa. Os repertórios irretocáveis dos discos gravados entre 1971 e 1982 deixaram num passado distante as indecisões artísticas que obscureceram a voz de Clara nos anos 60, década em que a cantora se viu obrigada por diretores da gravadora Odeon a registrar boleros e sambas-canções de qualidade duvidosa. Por mais que seja clichê, imortal é o adjetivo perfeito para se caracterizar a obra com que Clara Nunes fez a cabeça de uma geração que conheceu o samba através de sua voz. Obra que vai ser relançada novamente pela EMI Music. A edição revista da caixa Clara - posta originalmente nas lojas em 2004 - chega ao mercado até o fim deste segundo semestre de 2012 para dar oportunidade às novas gerações de conhecer mais a fundo uma discografia que resiste luminosamente ao tempo. A tal mineira cantou bem seu Brasil mestiço.

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  2. Parabéns pelo texto, Mauro! E SOMENTE as duas MESMO que SEMPRE colocaram o samba lá em cima! Se dependesse de outras aí estaríamos mal pagos.
    Hoje mesmo na cerimônia de encerramento das Olimpíadas ouvi parte de O canto das três raças, por sinal a mesma parte em que ouve problemas com o Braseiro de Roberta Sá. Uma pena ter sido retirado nas prenssagens posteriores (ainda bemq ue eu tenho!).
    E PENA que Alvorecer foi a ÚNICA música que a Mineira Guerreira gravou de Dona Ivone. Depois deixou a compositora de lado na sua discografia. Abs

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  3. Viva Clara Nunes!!!

    Top 5 de discos:

    As Forças da Natureza(1977)
    Esperança(1979)
    Canto das Três Raças(1976)
    Brasil Mestiço(1980)
    Alvorecer(1974)

    Top 5 de musicas(apenas sambas):

    Menino Deus
    Outro Recado
    Tenha Paciência
    Contentamento
    Coração em Chama

    Top 5 de musicas (outros gêneros):

    Sagarana
    Zambelê
    Ai quem me dera
    Fuzuê
    Homenagem à Velha Guarda

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  4. Na minha humilde opinião, a maior cantora já surgida na música brasileira. A música sente sua falta, Clara!

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  5. Faço minhas as palavras do colegas acima.

    Não vejo a hora da EMI relançar a caixa Clara. Não tive a oportunidade de comprar em 2004.

    Clara, o Brasil sente tanto, tanto a sua falta.

    Cantoras da qualidade de Clara, Elis, Gal, Bethânia, são coisa muito rara hoje em dia.

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  6. Creio que a geração mais nova, que só tem acesso às cantoras plastificadas e midiáticas de hoje em dia, não tem ideia de como a música brasileira teve cantoras espetaculares, como Clara, Elis, Nara, Elisete, Gal, Nana, Bethânia, entre outras, cada uma com seu estilo e repertório peculiares.

    Era uma festa ligar o rádio ou a televisão e se maravilhar com a diversidade de opções que era oferecida para todos. Que bom que eu pude viver essa época, a qual infelizmente não teve continuidade.

    Para sempre vivas na minha alma as grandes cantoras brasileiras.

    abração,
    Denilson

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  7. Que saudade do Marcelo Barbosa por aqui !

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  8. Ué, sou eu, Diogo! rs Acima a postagem é minha.

    Abraços,

    Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

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  9. Sim camarada ... percebi
    Vê se não some cara !

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  10. Clara Nunes é eterna. Um dos meus grandes amores musicais. Saravá, Clara!

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  11. clichê, só tem clichê nesse texto

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  12. Maravilhosa! Eterna. Primeiro e único caso de enegrecimento de uma artista.

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  13. Clara é fonte inesgotável!
    Continua contemporânea 30 anos depois do seu precoce (ao meu ver, claro!) desaparecimento físico.
    Marisa Monte, Vanessa da Mata, Fabiana Cozza, Virginia Rosa, Roberta Sá, Aline Calixto, Karynna Spinelli entre outras, a citam como referência.
    Viva Clara!
    Sempre viva!

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  14. Olá,

    Encontrei esta postagem sobre a Clara Nunes enquanto procurava conteúdos sobre a cantora. Muito interessante! A Clara Nunes tem músicas muito boas, era uma grande cantora.

    Abraços,
    Lu Oliveira
    www.luoliveiraoficial.com.br

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  15. Olá, já tinha ouvido falar nessa caixa com os cds de Clara Nunes...ele ainda não foi lançado?!

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