Título: The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will
Serve You More Than Ropes Will Ever Do
Artista: Fiona Apple
Gravadora: Epic Records / Sony Music
Cotação: * * * * 1/2
"Eu não quero falar sobre qualquer coisa", avisa Fiona Apple, repetidas vezes, em verso de Jonathan, quarta das dez músicas do quarto álbum de estúdio e inéditas da cantora e compositora norte-americana, The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do, recém-lançado no Brasil pela Sony Music. Dirigido a rigor a Jonathan Ames, ex-namorado da artista e muso inspirador do tema, o aviso faz sentido porque o disco reflete o isolamento progressivo de Fiona desde o conturbado lançamento de seu terceiro álbum, Extraordinary Machine (2005). Com sonoridade nua e crua, Fiona se despede qualquer ornamento para desfiar seu rosário de pérolas confessionais em um CD até certo ponto coerente com as emoções de Tidal (1996), o retumbante álbum de estreia da artista, lançado no rastro do sucesso mundial de Alanis Morissette. Sim, Fiona seguiu a trilha confessional de Alanis sem deixar de impor sua própria personalidade. The Idler Wheel... é álbum que reflete as dores interiores e o isolamento de sua criadora. "Toda a noite / Eu suporto o voo / De asinhas brancas em chamas / Borboletas em meu cérebro / ... / É quando a dor vem / Como um segundo esqueleto / Tentando se ajustar sob a pele / Eu não consigo lidar com tantos sentimentos / ... / Toda noite é uma luta com meu cérebro", relata poeticamente Fiona em versos de Every Single Night, música que abre o disco de arte gráfica assinada pela própria artista. Seja no ritmo do chalky-jazz que marca Left Alone ou no tom intenso adotado pela cantora no registro de Regret, música na qual Fiona pede para ser deixada sozinha, a dona da voz passa tristeza neste que é seu álbum mais interiorizado e pessoal. Por isso mesmo, The Idler Wheel... soa extremamente difícil - e até prolixo em alguns momentos. Frutos dos anos de reclusão voluntária de Fiona Apple, músicas autorais como Daredevil e Werewolf se desviam de todas as rotas melódicas e poéticas mais previsíveis. E nesse desvio radical reside sua força. Fiona Apple está à sós com suas dores, desilusões e verdades neste CD de emoções reais, artigo raro na era da arte fake.
2 comentários:
"Eu não quero falar sobre qualquer coisa", avisa Fiona Apple, repetidas vezes, em verso de Jonathan, quarta das dez músicas do quarto álbum de estúdio e inéditas da cantora e compositora norte-americana, The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do, recém-lançado no Brasil pela Sony Music. Dirigido a rigor a Jonathan Ames, ex-namorado da artista e muso inspirador do tema, o aviso faz sentido porque o disco reflete o isolamento progressivo de Fiona desde o conturbado lançamento de seu terceiro álbum, Extraordinary Machine (2005). Com sonoridade nua e crua, Fiona se despede qualquer ornamento para desfiar seu rosário de pérolas confessionais em um CD até certo ponto coerente com as emoções de Tidal (1996), o retumbante álbum de estreia da artista, lançado no rastro do sucesso mundial de Alanis Morissette. Sim, Fiona seguiu a trilha confessional de Alanis sem deixar de impor sua própria personalidade. The Idler Wheel... é álbum que reflete as dores interiores e o isolamento de sua criadora. "Toda a noite / Eu suporto o voo / De asinhas brancas em chamas / Borboletas em meu cérebro / ... / É quando a dor vem / Como um segundo esqueleto / Tentando se ajustar sob a pele / Eu não consigo lidar com tantos sentimentos / ... / Toda noite é uma luta com meu cérebro", relata poeticamente Fiona em versos de Every Single Night, música que abre o disco de arte gráfica assinada pela própria artista. Seja no ritmo do chalky-jazz que marca Left Alone ou no tom intenso adotado pela cantora no registro de Regret, música na qual Fiona pede para ser deixada sozinha, a dona da voz passa tristeza neste que é seu álbum mais interiorizado e pessoal. Por isso mesmo, The Idler Wheel... soa extremamente difícil - e até prolixo em alguns momentos. Frutos dos anos de reclusão voluntária de Fiona Apple, músicas autorais como Daredevil e Werewolf se desviam de todas as rotas melódicas e poéticas mais previsíveis. E nesse desvio radical reside sua força. Fiona Apple está à sós com suas dores, desilusões e verdades neste CD de emoções reais, artigo raro na era da arte fake.
É o meu CD preferido no ano até agora.
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