Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Show Tudo Tanto confirma em cena o espetacular desabrochar de Tulipa

Resenha de show
Título: Tudo Tanto
Artista: Tulipa Ruiz (em foto de Natura Musical)
Local: Teatro Castro Alves (Salvador, Bahia)
Data: 30 de agosto de 2012
Cotação: * * * * *
Agenda da turnê nacional do show Tudo Tanto:
* 7 e 8 de setembro de 2012 - Auditório Ibirapuera (São Paulo, SP)
* 15 de setembro de 2012 - Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)

Se o segundo álbum de Tulipa Ruiz (Tudo Tanto, 2012) confirmou o êxito das apostas feitas dois anos antes, quando a cantora e compositora foi eleita pela mídia a sensação musical daquele momento por conta do (superestimado) bom disco de estreia da artista (Efêmera, 2010), o excelente e decisivo show Tudo Tanto amplia essa confirmação, expondo em cena o espetacular desabrochar de Tulipa como compositora e até mesmo como cantora. O fofo pop florestal do primeiro disco - o rótulo pop florestal foi criado pela própria artista, paulista criada em Minas Gerais - ganhou peso e densidade no segundo CD. No show, arquitetado (como o disco) com o conforto financeiro do patrocínio obtido no projeto Natura Musical, Tulipa reproduz o som encorpado do álbum Tudo Tanto à frente de banda afiada que destaca trio de cordas e as guitarras do mano brother Gustavo Ruiz e do pai Luiz Chagas. Os gritos e uivos de Like This (Ilhan Ersahin e Tulipa Ruiz) - experimentados pela cantora em sintonia com o toque rascante da guitarra de Chagas - sinalizam que lobos e serpentes já transitam pela floresta pop indie desbravada por Tulipa. Com seu veneno bluesyVíbora (Tulipa Ruiz, Criolo, Gustavo Ruiz, Luiz Chagas e Caio Lopes), aliás, contamina toda a plateia em número de forte teatralidade, iniciado por Tulipa ao fundo do palco, atrás da banda, e arrematado com a intérprete sentada. Com espantosa segurança vocal, a cantora arrisca agudos altos ao desfiar desinibida o roteiro aberto e fechado com É (Tulipa Ruiz). Ao longo dos 19 números do show Tudo Tanto, a artista - dona da cena - explora os limites de sua voz sem jamais sair do tom. E sem concessões no roteiro. Não, não há releituras de músicas alheias para facilitar a digestão do show. "Bem-vindos ao meu segundo disco", recepcionou Tulipa, após lustrar a pérola pop Ok (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz), ao se dirigir ao público que lotou o Teatro Castro Alves em Salvador (BA), na noite de 30 de agosto de 2012, para ver a estreia nacional da turnê. Com espirituosidade, a cantora assumiu em cena a troca de palavras da letra de Script (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz) - erro perpetuado na gravação do disco Tudo Tanto ("Bem-vindos à minha primeira errata", ironizou) - e filtrou parte do repertório do primeiro CD pela estética densa do segundo. No sucesso Só Sei Dançar Com Você (Tulipa Ruiz), a intérprete se enrola propositalmente no fio do microfone em mise-en-scène que realça o significado dos versos da canção, acompanhada em coro pelo público, e não somente porque tem sido propagada em escala nacional na trilha sonora da novela Cheias de Charme (TV Globo, 2012). Tulipa Ruiz deu seu show lindamente iluminado (por João Batista) para um público majoritariamente antenado com a trajetória luminosa da artista. Com som que transita entre o pop e o rock de tonalidade indie, o show Tudo Tanto reitera - em números como Pedrinho (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz) - que Tulipa é do tipo de intérprete que canta também com o corpo. E o fato é que o show segue redondo, cativante, envolvente. Se Desinibida (Tulipa Ruiz e Tomáz Cunha Ferreira) preserva em cena o tom experimental do disco (em que pese a diluição do inicial clima bossanovista no arranjo polifônico do show) e expõe a expansão do canto livre de Tulipa, Expectativa (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz) destaca o riff cortante da guitarra de Luiz Chagas. Por sua vez, Dois Cafés perde em cena o aroma tribalista, mas conserva o sabor pop que evoca o suingue da música de Lulu Santos (convidado da música no disco). Número pautado por estranhezas, Bom (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz) é exemplo de que a sonoridade esperta de Tudo Tanto valoriza até uma ou outra música menos inspirada. A polifonia ouvida em Cada Voz (Tulipa Ruiz) é exemplo do requinte do tratamento da obra da compositora. Já Do Amor (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz) repõe em movimento o velho trem mineiro com projeções rápidas feitas sob a ótica de quem admira a paisagem da janela desse trem. Enfim, o show Tudo Tanto é (ainda) melhor do que o CD homônimo e alinha Tulipa Ruiz no primeiro time nacional. 

8 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Se o segundo álbum de Tulipa Ruiz (Tudo Tanto, 2012) confirmou o êxito das apostas feitas dois anos antes, quando a cantora e compositora foi eleita pela mídia a sensação musical daquele momento por conta de seu (superestimado) disco de estreia da artista (Efêmera, 2010), o show Tudo Tanto amplia essa confirmação, expondo em cena o espetacular desabrochar de Tulipa como compositora e até mesmo como cantora. O fofo pop florestal do primeiro disco - o rótulo pop florestal foi criado pela própria artista, paulista criada em Minas Gerais - ganhou peso e densidade no segundo CD. No show, arquitetado (como o disco) com o conforto financeiro do patrocínio obtido no projeto Natura Musical, Tulipa reproduz o som encorpado do álbum Tudo Tanto à frente de banda afiada que destaca trio de cordas e as guitarras do mano brother Gustavo Ruiz e do pai Luiz Chagas. Os gritos e uivos de Like This (Ilhan Ersahin e Tulipa Ruiz) - experimentados pela cantora em sintonia com o toque rascante da guitarra de Chagas - sinalizam que lobos e serpentes já transitam pela floresta pop indie desbravada por Tulipa. Com seu veneno bluesy, Víbora (Tulipa Ruiz, Criolo, Gustavo Ruiz, Luiz Chagas e Caio Lopes), aliás, contamina toda a plateia em número de forte teatralidade, iniciado por Tulipa ao fundo do palco, atrás da banda, e arrematado com a intérprete sentada. Com espantosa segurança vocal, a cantora arrisca agudos altos ao desfiar desinibida o roteiro aberto e fechado com É (Tulipa Ruiz). Ao longo dos 19 números do show Tudo Tanto, a artista - dona da cena - explora os limites de sua voz sem jamais sair do tom. E sem concessões no roteiro. Não, não há releituras de músicas alheias para facilitar a digestão do show. "Bem-vindos ao meu segundo disco", recepcionou Tulipa, após lustrar a pérola pop Ok (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz), ao se dirigir ao público que lotou o Teatro Castro Alves em Salvador (BA), na noite de 30 de agosto de 2012, para ver a estreia nacional da turnê. Com espirituosidade, a cantora assumiu em cena a troca de palavras da letra de Script (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz) - erro perpetuado na gravação do disco Tudo Tanto ("Bem-vindos à minha primeira errata", ironizou) - e filtrou parte do repertório do primeiro CD pela estética densa do segundo. Em Só Sei Dançar Com Você (Tulipa Ruiz), a intérprete se enrola propositalmente no fio do microfone em mise-en-scène que realça o significado dos versos da canção, acompanhada em coro pelo público, e não somente porque tem sido propagada em escala nacional na trilha sonora da novela Cheias de Charme (TV Globo, 2012). Tulipa Ruiz deu seu show lindamente iluminado (por João Batista) para um público majoritariamente antenado com a trajetória luminosa da artista. Com som que transita entre o pop e o rock de tonalidade indie, o show Tudo Tanto reitera - em números como Pedrinho (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz) - que Tulipa é do tipo de intérprete que canta também com o corpo. E o fato é que o show segue redondo, cativante, envolvente. Se Desinibida (Tulipa Ruiz e Tomáz Cunha Ferreira) preserva em cena o tom experimental do disco (em que pese a diluição do inicial clima bossanovista no arranjo polifônico do show) e expõe a expansão do canto livre de Tulipa, Expectativa (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz) destaca o riff cortante da guitarra de Luiz Chagas. Por sua vez, Dois Cafés perde em cena o aroma tribalista, mas conserva o sabor pop que evoca o suingue da música de Lulu Santos (convidado da música no disco). Número pautado por estranhezas, Bom (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz) é exemplo de que a sonoridade esperta de Tudo Tanto valoriza até uma ou outra música menos inspirada. A polifonia ouvida em Cada Voz (Tulipa Ruiz) é exemplo do requinte do tratamento da obra da compositora. Já Do Amor (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz) repõe em movimento o velho trem mineiro com projeções rápidas feitas sob a ótica de quem admira a paisagem da janela desse trem. Enfim, o show Tudo Tanto é (ainda) melhor do que o CD homônimo e alinha Tulipa Ruiz no primeiro time nacional.

Marcelo disse...

Quanto exagero , Mauro...

Natival disse...

Foi um grande show mesmo. Quero ver de novo em breve. Cenário, projeções, banda, tudo incrível. De bater testa com a também maravilhosa Marisa Monte.

Vinny disse...

Fiquei impressionado com a segurança, presença de cena e voz da cantora! Que show! Encantadíssimo!

lurian disse...

A Voz mais chata da MPB atual, somada à essa tendência igualmente sem pimenta e sem sal dos arranjos do disco, adolescência demais para mim...
Não dá!

Maria disse...

Lurian disse tudo!

André disse...

Confesso que não achei o primeiro CD tão interessante. Mas este novo é muito bom e o show tá muito bom! Cresceu tanto no CD quanto o palco...sucesso na certa.

Anônimo disse...

Acho a Tulipa o que de melhor apareceu nos últimos tempos, espero que se popularize, ela merece e a MPBPOP também.