quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Ao vivo em Floripa, Victor & Leo dançam conforme a música e o mercado

Resenha de CD e DVD
Título: Ao Vivo em Floripa
Artista: Victor & Leo
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 

Quem ouve música sertaneja sem preconceito - sem considerá-la um gênero menor no vasto campo musical do Brasil - sabe que Victor & Leo pairam acima do nível ralo do tal sertanejo universitário que domina as paradas atuais. A arquitetura pop do cancioneiro de Victor Chaves - o compositor da dupla formada em 1992 na cidade mineira de Ponte Nova - arejou o sertanejo com leveza e sem o tom choroso recorrente nos repertórios da maioria dos artistas do gênero. Contudo, Ao Vivo Em Floripa - o terceiro registro audiovisual de show de Victor & Leo, gravado em 28 de março de 2012 em apresentação gratuita que levou cerca de 100 mil pessoas ao litoral de Florianópolis (SC) - sinaliza que a dupla, aos poucos, sucumbe às pressões do mercado fonográfico. Ao Vivo em Floripa bem poderia se chamar Ao Vivo em Floripa com Amigos tal a quantidade de convidados - dez - convocados ao palco decorado pelo cenário pop de Zé Carratu ao longo dos 25 números do DVD. É fato que a presença de convidados - alguns estranhos no ninho sertanejo - ameniza a redundância inevitável de registro de show que chega ao mercado na sequência de série de três discos ao vivo lançados em 2006 (somente em CD), 2007 (já em CD e DVD) e 2009. Por outro lado, a dupla se mistura demais e dilui sua identidade entre tantos convidados. Ao Vivo em Floripa, em essência, prioriza a face dançante do repertório de Victor & Leo, já ressaltada no último álbum de estúdio da dupla, Amor de Alma (2007). A inédita canção Não Me Perdoei (Victor Chaves) - que esboça certo lirismo de tom popular em seus versos singelos - até tenta preservar o d.n.a. dos irmãos cantores. Mas o fato é que Victor & Leo parecem atirar para todos os lados quando dividem com Thiaguinho tema forrozeiro que resvala para a levada do pagode (Maluco, de autoria Victor Chaves), quando se jogam na praia do pop reggae com Nando Reis - em Altas Horas (Victor Chaves), número que também conta com a adesão dos músicos Haroldo Ferretti  (baterista do Skank) e Gabriel Grossi (na gaita) - e quando louvam a baianidade pop nagô de Pepeu Gomes em Sexy Yemenjá (Tavinho Paes e Pepeu Gomes), número de latinidade acentuada pela adição de alguns versos em espanhol ao fim da música. Com Zezé Di Camargo & Luciano, Victor & Leo diluem quaisquer eventuais traços de rivalidade ao desfiar com a dupla goiana a habitual ladainha amorosa do sertanejo em Quando Você Some (Victor Chaves). Alguns números depois, Zezé Di Camargo & Luciano se juntam aos anfitriões, a Marciano (da dupla com João Mineiro, falecido dias antes da gravação ao vivo) e a Chitãozinho & Xororó na já clássica Ainda Ontem Chorei de Saudade (Moacyr Franco), número em que Victor & Leo revolvem raízes da canção sentimental associada a tempos em que a música sertaneja soava menos pop e artificial (tradição evocada também em Se Eu Não Puder te Esquecer, música de Moacyr Franco revivida pela dupla com Marciano). Na linha dançante que dá o tom da gravação ao vivo, com arranjos leves que introduzem a guitarra no universo musical da dupla, Victor & Leo fazem seu bailão em Boteco de Esquina (Victor Chaves) - número com toques de country e forró que desencava Fio de Cabelo (Marciano e Darci Rossi), pretexto para a entrada em cena de Chitãozinho & Xororó, intérpretes originais deste grande sucesso sertanejo da primeira metade dos anos 80 - e aceleram Fuscão Preto (Jeca Mineiro e Atílio Versutti) no ritmo do arrasta-pé. Em ritmo menos frenético, Victor & Leo recebem em Sem Negar (Nice) a novata Nice, cantora de timbre similar ao de Paula Fernandes, que também bate ponto na gravação, formando trio com Victor & Leo em Meu Eu em Você (Paula Fernandes) e em Sonhos e Ilusões em Mim (Victor Chaves), músicas sensíveis que exibem a delicadeza que pauta o cancioneiro mais inspirado da dupla. Aos 20 anos de carreira, Victor & Leo já dançam conforme a música.

5 comentários:

  1. Quem ouve música sertaneja sem preconceito - sem considerá-la um gênero menor no vasto campo musical do Brasil - sabe que Victor & Leo pairam acima do nível ralo do tal sertanejo universitário que domina as paradas atuais. A arquitetura pop do cancioneiro de Victor Chaves - o compositor da dupla formada em 1992 na cidade mineira de Ponte Nova - arejou o sertanejo com leveza e sem o tom choroso recorrente nos repertórios da maioria dos artistas do gênero. Contudo, Ao Vivo Em Floripa - o terceiro registro audiovisual de show de Victor & Leo, gravado em 28 de março de 2012 em apresentação gratuita que levou cerca de 100 mil pessoas ao litoral de Florianópolis (SC) - sinaliza que a dupla, aos poucos, sucumbe às pressões do mercado fonográfico. Ao Vivo em Floripa bem poderia se chamar Ao Vivo em Floripa com Amigos tal a quantidade de convidados - dez - convocados ao palco decorado pelo cenário pop de Zé Carratu ao longo dos 25 números do DVD. É fato que a presença de convidados - alguns estranhos no ninho sertanejo - ameniza a redundância inevitável de registro de show que chega ao mercado na sequência de série de três discos ao vivo lançados em 2006 (somente em CD), 2007 (já em CD e DVD) e 2009. Por outro lado, a dupla se mistura demais e dilui sua identidade entre tantos convidados. Ao Vivo em Floripa, em essência, prioriza a face dançante do repertório de Victor & Leo, já ressaltada no último álbum de estúdio da dupla, Amor de Alma (2007). A inédita canção Não Me Perdoei (Victor Chaves) - que esboça certo lirismo de tom popular em seus versos singelos - até tenta preservar o d.n.a. dos irmãos cantores. Mas o fato é que Victor & Leo parecem atirar para todos os lados quando dividem com Thiaguinho tema forrozeiro que resvala para a levada do pagode (Maluco, de autoria Victor Chaves), quando se jogam na praia do pop reggae com Nando Reis - em Altas Horas (Victor Chaves), número que também conta com a adesão dos músicos Haroldo Ferretti (baterista do Skank) e Gabriel Grossi (na gaita) - e quando louvam a baianidade pop nagô de Pepeu Gomes em Sexy Yemenjá (Tavinho Paes e Pepeu Gomes), número de latinidade acentuada pela adição de alguns versos em espanhol ao fim da música. Com Zezé Di Camargo & Luciano, Victor & Leo diluem quaisquer eventuais traços de rivalidade ao desfiar com a dupla goiana a habitual ladainha amorosa do sertanejo em Quando Você Some (Victor Chaves). Alguns números depois, Zezé Di Camargo & Luciano se juntam aos anfitriões, a Marciano (da dupla com João Mineiro, falecido dias antes da gravação ao vivo) e a Chitãozinho & Xororó na já clássica Ainda Ontem Chorei de Saudade (Moacyr Franco), número em que Victor & Leo revolvem raízes da canção sentimental associada a tempos em que a música sertaneja soava menos pop e artificial (tradição evocada também em Se Eu Não Puder te Esquecer, música de Moacyr Franco revivida pela dupla com Marciano). Na linha dançante que dá o tom da gravação ao vivo, com arranjos leves que introduzem a guitarra no universo musical da dupla, Victor & Leo fazem seu bailão em Boteco de Esquina (Victor Chaves) - número com toques de country e forró que desencava Fio de Cabelo (Marciano e Darci Rossi), pretexto para a entrada em cena de Chitãozinho & Xororó, intérpretes originais deste grande sucesso sertanejo da primeira metade dos anos 80 - e aceleram Fuscão Preto (Jeca Mineiro e Atílio Versutti) no ritmo do arrasta-pé. Em ritmo menos frenético, Victor & Leo recebem em Sem Negar (Nice) a novata Nice, cantora de timbre similar ao de Paula Fernandes, que também bate ponto na gravação, formando trio com Victor & Leo em Meu Eu em Você (Paula Fernandes) e em Sonhos e Ilusões em Mim (Victor Chaves), músicas sensíveis que exibem a delicadeza que pauta o cancioneiro mais inspirado da dupla. Aos 20 anos de carreira, Victor & Leo já dançam conforme a música.

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  2. O próximo disco depois dessa banda será... Mais um ao vivo!!!!

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  3. O próximo vai ser AO VIVO em Manaus ! Com Gaby Amarantus, Calypso, Banda Carrapicho e toda a aparelhagem ! rsrsrs

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  4. É mesmo!!! "Ao Vivo Em Manaus", com Gaby Amarantos, Ivete Sangalo, Maria Gadú, Carrapicho e Xuxa. Rsrsrsrs.

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  5. "Fuscão preto" e "Fio de cabelo",com esse tipo de repertório não dá pra levar a sério.

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