domingo, 30 de setembro de 2012

De peito aberto, Nando Reis revolve memórias e declara amor no álbum 'Sei'

Resenha de CD
Título: Sei
Artista: Nando Reis
Gravadora: Relicário
Cotação: * * * 1/2

De peito e coração abertos, Nando Reis revolve memórias, esboça crônicas e faz declarações de amor em Sei, 10º título de  discografia solo iniciada em 1994, com Nando ainda no grupo Titãs. Sei é disco gravado com a banda Os Infernais em Seattle (EUA), berço do grunge, sob a batuta do produtor Jack Endino. Piloto do segundo disco individual do cantor e compositor paulista, Para quando o arco-íris encontrar o pote de ouro (Warner Music, 2000), Endino acertou ao dosar bem o peso grunge da mão calejada na formatação das 15 músicas inéditas de Sei, pois Reis concebeu em essência um disco de (canções de) amor, assunto de temas como Zero muito. De todo modo, coerente com o passado musical do ex-Titã, o repertório autoral de Sei - disco vendido somente através do site oficial do artista - apresenta alguns rocks turbinados com pegada e guitarras proeminentes. São os casos de Sem arrefecer, de Ternura & afeto, de Pré-sal - tema repleto de imagens míticas e referências medievais nos versos da letra caudalosa - e de Back in Vânia. Com alusões no título e na batida a Back in Bahia (1972), tema de Gilberto Gil, Back in Vânia é rock em que Reis faz balanço afetivo-existencial de vida movimentada em outra letra caudalosa que faz referência aos Titãs (no verso "Entrei para as paradas com meus oito amigos") e expõe a lembrança da musa amada Cássia Eller (1962 - 2001). As citações são muitas, mas Back in Vânia é - no fim das contas - declaração de amor a Vânia Passos, mulher de Reis (de quem o artista havia se separado, mas com quem se reconciliou em 2011), mãe de quatro dos cinco filhos de Nado e musa inspiradora de outra faixa, Praça da árvore, de menor peso no álbum. Sim, Nando Reis abre totalmente o coração em Sei e é sintomático que o CD contenha faixa intitulada Declaração de amor, power balada de peso e intensidade crescentes em que o compositor disserta sobre a natureza do amor. E como amor geralmente rima com dor, Pra quem não vem é linda balada doída de saudade, entoada por Nando em dueto com uma ex-namorada, uma tal de Marisa Monte. A cantora faz a segunda voz nessa canção que rivaliza em beleza com Coração vago, melodiosa balada incrementada com sopros que remetem à fase soul do cancioneiro romântico de Roberto Carlos - de quem Reis se revela súdito na faixa-título do disco, Sei, balada de nobre cepa popular que versa sobre o inebriante êxtase da paixão (o álbum Sim e não, de 2006, já explicitara devoção ao Rei). Entre a delicadeza da canção Luz antiga (incrementada ao fim com o mesmo toque soul de Coração vago) e o suingue corrosivo de Eu e a bispa, faixa que interrompe o rosário de pérolas amorosas do disco para questionar as instituições religiosas com versos como "Não há seita que não queira ser universal", Sei apresenta PersxPectativa, tema de toque gospel ao fim e de menor peso em disco que às vezes peca pelo excesso de alusões a obras alheias nas letras e títulos de suas 15 músicas. Se a já citada Eu e a bispa faz referência no título a Eu e a brisa (1969), um dos maiores sucessos do compositor carioca Johnny Alf (1929 - 2010), O que eu só vejo em você reproduz no refrão pop verso escrito por Lulu Santos - "Não há tempo que volte, amor" - na letra da canção Tempos Modernos (1982). Não, não há tempo que volte, como já sentenciou Lulu. Ao mesmo tempo, "A eternidade é madrugada ainda", como sentencia o ex-titã em um verso de Lamento Realengo, reggae que fecha o álbum Sei  com promessa de vida no coração aberto de Nando Reis.

14 comentários:

  1. De peito e coração abertos, Nando Reis revolve memórias, esboça crônicas e faz declarações de amor em Sei, 10º título de sua discografia solo, gravado com a banda Os Infernais em Seattle (EUA), berço do grunge, sob a produção de Jack Endino. Piloto do segundo disco individual do cantor e compositor paulista, Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro (2000), Endino acertou ao dosar o peso grunge de sua mão na formatação das 15 músicas inéditas de Sei, pois Reis concebeu em essência um disco de (canções de) amor, assunto de temas como Zero Muito. De todo modo, coerente com o passado musical do ex-Titã, o repertório autoral de Sei - disco vendido somente através do site oficial do artista - apresenta alguns rocks turbinados com guitarras proeminentes. São os casos de Sem Arrefecer, Ternura & Afeto, de Pré-Sal - tema repleto de imagens míticas e referências medievais nos versos da letra caudalosa - e de Back in Vânia. Com alusões no título e na batida a Back in Bahia (1972), tema de Gilberto Gil, Back in Vânia é rock em que Reis faz balanço afetivo-existencial de vida movimentada em outra letra caudalosa que faz referência aos Titãs (no verso "Entrei para as paradas com meus oito amigos") e expõe a lembrança da musa amada Cássia Eller (1962 - 2001). As citações são muitas, mas Back in Vânia é - no fim das contas - declaração de amor a Vânia Passos, mulher de Reis (de quem o artista havia se separado, mas com quem se reconciliou em 2011), mãe de quatro de seus cinco filhos e musa inspiradora de outra faixa de menor peso no álbum, Praça da Árvore. Sim, Nando Reis abre totalmente seu coração em Sei e é sintomático que o CD contenha faixa intitulada Declaração de Amor, power balada de intensidade crescente em que o compositor disserta sobre a natureza do amor. E como amor geralmente rima com dor, Pra Quem Não Vem é linda balada doída de saudade, entoada por Nando em dueto com uma ex-namorada, uma tal de Marisa Monte. A cantora faz a segunda voz nessa canção que rivaliza em beleza com Coração Vago, melodiosa balada incrementada com sopros que remetem à fase soul do cancioneiro romântico de Roberto Carlos - de quem Reis se revela súdito na faixa-título do disco, Sei, balada de nobre cepa popular que versa sobre o êxtase da paixão. Entre a delicadeza da canção Luz Antiga (incrementada ao fim com o mesmo toque soul de Coração Vago) e o suingue corrosivo de Eu e a Bispa, faixa que interrompe o rosário de pérolas amorosas do disco para questionar as instituições religiosas com versos como "Não há seita que não queira ser universal", Sei apresenta PersxPectativa, tema de toque gospel ao fim e de menor peso em disco que às vezes peca pelo excesso de alusões a obras alheias nas letras e títulos de suas 15 músicas. Se a já citada Eu e a Bispa faz referência no título a Eu e a Brisa (1969), um dos maiores sucessos do compositor carioca Johnny Alf (1929 - 2010), O Que Eu Só Vejo em Você reproduz no refrão pop verso escrito por Lulu Santos - "Não há tempo que volte, amor" - na letra de sua canção Tempos Modernos (1982). Sim, não há tempo que volte, como já sentenciou Lulu. Ao mesmo tempo, "A eternidade é madrugada ainda", como sentencia o ex-titã em verso de Lamento Realengo, reggae que fecha o CD Sei com promessa de vida no coração aberto de Nando Reis.

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  2. Nunca gostei das músicas de Nando Reis, não faz meu estilo as suas composições mas reconheço que rendeu ótimos frutos para Marisa Monte da qual sou fã, como Ainda Lembro, Diariamente, Ao Meu Redor...

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  3. Marisa,vale lembrar,é a musa de " Resposta" de Nando Reis e Samuel Rosa

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  4. Amei a canção triste que canta com Marisa...

    PS:Diogo Santos eu já imaginava isso mesmo, 'Resposta' umas das musicas q mais amo.

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  5. Saudade de ouvir inéditas de Nando Reis. Disco super bem vindo. Suas letras cada vez melhores. " Sei" é um disco para se ter.

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  6. Sempre achei Nando melhor compositor do que cantor. E a cada ano que se passa, ele só melhora em termos de composição musical. Porém acho que é falta de bom senso da parte dele vender seu mais novo disco somente através de seu site oficial. Em plena era de música digital e de facilidades para com que um artista possa vender e mostrar seu trabalho, fica parecendo que falta maturidade a ele quanto a isso. Esse tipo de atitude para com o ganha-pão dele é regresssão, não evolução.

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  7. Acho q Marisa é musa de uma música dele chamada "A Urca" e "Luz dos Olhos" com versos como
    "Pinta os lábios para escrever
    A sua boca em minha..." rsrs

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  8. "O Céu" também teve inspiração em Marisa Monte pelo verso "Para Sempre Serei Seu Fã"? acho que sim. é música que eu menos gosto do Cor de Rosa e Carvão.

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  9. Ao meu ver o Nando era nos Titãs um dos mais apagados. No entanto, eis que, junto com Arnaldo, se revelou o mais talentoso pós banda.
    Marisa perdeu muito ao deixar, por motivos de força maior, de gravá-lo. Cássia Eller agradeceu.

    PS: Seria o caso de "em plena era digital" vender o disco na feira livre? rssrsr
    Me parece mais que provável que mais cedo ou mais tarde esse disco aterrise nas lojas via qualquer selo.

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  10. Pô, O Céu é linda.
    "Rua do avião"

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  11. Cara, não diga o que você não sabe. Se ele vendesse o seu disco em feira livre seria ótimo também, porque não? Não seria uma má idéia. É inaceitável sim que em plena era digital o cantor venda o seu disco somente pelo seu site. Com as facilidades da net, ele poderia muito bem vender seu disco em formato de mp3 em lojas como a Itunes ou fechar acordo com distribuidoras como a Tratore, que revende para as lojas menores de discos físicos do Brasil afora. Facilidade é o que se mais tem hoje em dia para fazer com que um cantor possa facilitar o seu lado (e dos fãs dele também) e mostrar o seu trabalho de uma forma mais abrangente e que alcance mais pessoas. O que não dá é restringir a venda de seu disco somente para o seu site. Mas de qualquer forma tomara que o disco futuramente saia por algum selo qualquer que seja, tipo Lab 344.

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  12. Fiquei sabendo sobre "Resposta" com o Samuel em entrevista ao Multishow uns meses atrás ...

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  13. Falow, Rafael.
    O ruivo está magoado pelo pé na bunda que levou da gravadora e tá fazendo charminho.
    Depois sai por um selo qualquer.
    Estou certo disso. rsrsrrs :-)

    PS: Ainda não ouvi o disco. Mas, realmente, é muita citação/alusão!
    Quero ouvir essa música com Marisa.

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  14. Se ele ficou magoado com o que quer que seja, eu não sei. O que é inaceitável é que o Nando Reis restrinja a venda de seus discos a seu site.

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