Resenha de CD
Título: Passional - As Canções de Fátima Guedes
Artista: Fhernanda Fernandes
Gravadora: Joia Moderna / Lua Music
Cotação: * * *
De natureza intensa e apaixonada, o cancioneiro de Fátima Guedes exige cuidado dos seus intérpretes para que tal intensidade seja realçada na medida certa, sem exageros. Cantora projetada nos anos 80, Fhernanda Fernandes geralmente acerta o tom ao cantar amores e dores da compositora carioca em Passional, CD recém-lançado pela gravadora Joia Moderna com distribuição da Lua Music. Idealizado pela própria Fhernanda, sob direção musical do violonista Felipe Poli (autor dos arranjos), o disco repõe em circulação músicas que jaziam esquecidas no baú fonográfico de Fátima. A seleção prioriza as canções lançadas pela autora em seus três primeiros álbuns - Fátima Guedes (1979), Fátima Guedes (1980) e Lápis de Cor (1981) - numa época em que as músicas densas da compositora já eram propagadas nacionalmente nas vozes de cantoras como Elis Regina (1945 - 1982) e Simone. São temas como Cara a Máscara (1979), cuja dramaticidade se enquadra bem na moldura de tango criada para o arranjo deste Passional. A música-título - Passional, marco inicial da carreira de Fátima Guedes, gravada em 1979, mas propagada em festivais já pelos idos de 1976 - é aclimatada na atmosfera de um samba-canção. Já Dor Medonha (1980) tem o clima de um fado por conta do bandolim bouzouki de Pedro Braga, cujo toque remete tanto ao choro quanto ao sentimento melancólico de uma guitarra portuguesa. Dona de voz grave, encorpada, Fhernanda dá conta de temas como E Agora? (2003) - a mais recente das 13 composições selecionadas para o disco, lançada por Carol Saboya - e Flor de Ir Embora (1990), uma das mais faixas mais sedutoras de Passional, pela beleza triste de letra e melodia, ouvidas primeiramente na voz de Maria Bethânia. Tanto Que Aprendi de Amor (1980) ensina que o cancioneiro de Fátima Guedes cai bem em arranjos que evocam um ambiente escuro, íntimo e esfumaçado. Não te Amo Mais (1985) se diferencia pela levada suingante do sax de Tino Júnior. Em contrapartida, Fraqueza (1981) evidencia certa linearidade no universo temático da compositora - o que se reflete no ar por vezes cansativo do CD Passional. Imersa nesse universo com paixão, Fhernanda Fernandes saboreia Paladar (1980) somente com o piano de Pedro Santos e sorve Absinto (1983) sem sequer roçar a intensidade da gravação imbatível feita por Alaíde Costa em álbum de 1988. Da mesma forma, Desacostumei de Carinho (1981) parece já ter encontrado as vozes definitivas de Nana Caymmi e da própria autora do tema. Parceria bissexta de Fátima Guedes com Djavan, o samba É Sério (1999) quebra o clima denso do disco com o suingue típico da obra do compositor. Por fim, Celeste (1981) - faixa que une a voz da intérprete à guitarra de Felipe Poli - arremata Passional, mostrando que Fhernanda Fernandes habita o mesmo planeta musical de Fátima Guedes numa já distante galáxia da MPB.
De natureza intensa e apaixonada, o cancioneiro de Fátima Guedes exige cuidado dos seus intérpretes para que tal intensidade seja realçada na medida certa, sem exageros. Cantora projetada nos anos 80, Fhernanda Fernandes geralmente acerta o tom ao cantar amores e dores da compositora carioca em Passional, CD recém-lançado pela gravadora Joia Moderna com distribuição da Lua Music. Idealizado pela própria Fhernanda, sob direção musical do violonista Felipe Poli (autor dos arranjos), o disco repõe em circulação músicas que jaziam esquecidas no baú fonográfico de Fátima. A seleção prioriza as canções lançadas pela autora em seus três primeiros álbuns - Fátima Guedes (1979), Fátima Guedes (1980) e Lápis de Cor (1981) - numa época em que as músicas densas da compositora já eram propagadas nacionalmente nas vozes de cantoras como Elis Regina (1945 - 1982) e Simone. São temas como Cara a Máscara (1979), cuja dramaticidade se enquadra bem na moldura de tango criada para o arranjo deste Passional. A música-título - Passional, marco inicial da carreira de Fátima Guedes, gravada em 1979, mas propagada em festivais já pelos idos de 1976 - é aclimatada na atmosfera de um samba-canção. Já Dor Medonha (1980) tem o clima de um fado por conta do bandolim bouzouki de Pedro Braga, cujo toque remete tanto ao choro quanto ao sentimento melancólico de uma guitarra portuguesa. Dona de voz grave, encorpada, Fhernanda dá conta de temas como E Agora? (2003) - a mais recente das 13 composições selecionadas para o disco, lançada por Carol Saboya - e Flor de Ir Embora (1990), uma das mais faixas mais sedutoras de Passional, pela beleza triste de letra e melodia, ouvidas primeiramente na voz de Maria Bethânia. Tanto Que Aprendi de Amor (1980) ensina que o cancioneiro de Fátima Guedes cai bem em arranjos que evocam um ambiente escuro, íntimo e esfumaçado. Não te Amo Mais (1985) se diferencia pela levada suingante do sax de Tino Júnior. Em contrapartida, Fraqueza (1981) evidencia certa linearidade no universo temático da compositora - o que se reflete no ar por vezes cansativo do CD Passional. Imersa nesse universo com paixão, Fhernanda Fernandes saboreia Paladar (1980) somente com o piano de Pedro Santos e sorve Absinto (1983) sem sequer roçar a intensidade da gravação imbatível feita por Alaíde Costa em álbum de 1988. Da mesma forma, Desacostumei de Carinho (1981) parece já ter encontrado as vozes definitivas de Nana Caymmi e da própria autora do tema. Parceria bissexta de Fátima Guedes com Djavan, o samba É Sério (1999) quebra o clima denso do disco com o suingue típico da obra do compositor. Por fim, Celeste (1981) - faixa que une a voz da intérprete à guitarra de Felipe Poli - arremata Passional, mostrando que Fhernanda Fernandes habita o mesmo planeta musical de Fátima Guedes numa já distante galáxia da MPB.
ResponderExcluirEsse cd é maravilhoso. Parabéns a Fhernanda e a Fátima Guedes pelo lindo trabalho!!!
ResponderExcluirNão vejo a hora de ouvir! Essa "volta" de Fhernanda Fernandes é pra ser muito comemorada! Ótima intérprete e excelente repertório. Adorei a capa: classuda!
ResponderExcluirTambém não vejo a hora de ouvir este disco. Creio que a Fhernanda fez um belíssimo trabalho em homenagem a grande Fátima Guedes. Bem que o Zé Pedro poderia chamar a cantora Ana Martins (filha da cantora Joyce) para gravar um álbum tributo as canções de Lulu Santos, inclusive as mais raras. O último disco de Ana Martins foi lançado ainda em 2005. Também estou estranhando que o Zé Pedro não esteja mais noticiando na imprensa sobre os futuros lançamentos da Jóia Moderna.
ResponderExcluirMerecido tributo, pois a Fátima é uma das nossas maiores compositoras!
ResponderExcluirMauro, você noticiou, há alguns a nos atrás, que estáva em fase conclusiva de gravação o cd "Cacaso - Letra e Música". Você saberia informar se esse cd chegou a ser lançado?
Mauro, desculpe ter feito a pergunta nesse post. É que não encontrei um email de contato para perguntar direto.
ResponderExcluirQuero muito ouvir. Gosto muito do disco "Fera" da Fhernanda.
ResponderExcluirO difícil de encarar desse repertório é que é cheio de clássicos em grandes vozes...Nana, Bethânia, Alaíde, Ney...
Dai a Fatima, o que é de Fatima:
ResponderExcluirRECONHECIMENTO!
Sensivel, inteligente, feminina, sensual, criativa, enfim um talento...
Consegue ser profunda ser ser triste, é lindo...
o disco "Fera", de 1981, é muito bom, tem repertório inusitado, grandes músicos e arranjadores como João Donato e Lincoln Olivetti. Portanto merece muito ser reeditado em cd. Alô, alô, Marcelo 'Discoberta' Froes!
ResponderExcluir2 raríssimos discos da Fhernanda que uma Biscoito Fino da vida poderia reeditar são os álbuns "Definitivamente" e o "Capitão de Mim". Nunca consegui encontrar estes 2 discos dela para compra. Uma pena!!!
ResponderExcluir