sábado, 29 de setembro de 2012

Lee disseca faixas e clipes de Bad sem desembaçar espelho de Jackson

Resenha de documentário
Título: Michael Jackson - Bad 25
Direção: Spike Lee
Cotação: * * * *
Em exibição no Festival do Rio, no Rio de Janeiro (RJ), até 10 de outubro de 2012

"Ele modificava as moléculas", filosofa Sheryl Crow em depoimento sobre Michael Jackson (1958 - 2009) alocado quase ao fim de Bad 25, o alentado documentário produzido e dirigido pelo cineasta norte-americano Spike Lee para celebrar os 25 anos de lançamento de Bad (1987), terceiro álbum solo da fase adulta da carreira fonográfica do autoproclamado Rei do Pop  e sucessor do recordista Thriller (1982). Ao falar em modificação de moléculas, Crow - cantora norte-americana que dividiu com Jackson os vocais da balada I Just Can't Stop Loving You (Michael Jackon) ao longo da turnê de Bad - se refere ao impacto que o cantor, compositor e produtor norte-americano provocava nas pessoas ao adentrar um ambiente e, sobretudo, ao subir num palco. Quando Spike Lee encerra Bad 25 com as imagens de Jackson cantando Man in the Mirror (Glen Ballard e Siedah Garrett) em show da milionária turnê inspirada no álbum de 1987, a frase de Crow  parece fazer sentido. Assim como faz sentido (quase) tudo que foi dito ao longo dos 131 minutos do filme feito por  Lee a pedido da Sony Music, gravadora que vem criando eventos e produtos em torno dos 25 anos de Bad. Ao dissecar todas as músicas e clipes do álbum, a partir de fartos depoimentos de músicos e técnicos de gravação e também de raras cenas de bastidores, Lee jamais desembaça o espelho de Jackson. Por ser em essência versão estendida e mais robusta de um episódio da série de programas de TV Classic AlbumsBad 25 somente reforça a aura do mito, mas cumpre brilhantemente seu papel de esmiuçar o processo criativo que antecedeu a gravação das faixas e dos vídeos do álbum que veio ao mundo há 25 anos com a missão impossível de bisar os números fenomenais de Thriller. O filme começa justamente dimensionando o impacto de Thriller no universo pop. Havia toda uma pressão para que Jackson igualasse com Bad os recordes do álbum de 1982. E tal pressão - documenta o filme de Lee com clareza - alimentava o cantor, a ponto de o artista ter escrito no seu espelho o número de 100 milhões de discos para se lembrar diariamente da meta sonhada e inalcançada (estima-se que Bad tenha vendido algo em torno de 30 milhões de cópias no mundo, mas há fontes que elevam este número para 45 milhões). Com base nos depoimentos geralmente superlativos e elogiosos (de admiradores como Kanye West e Cee-Lo Green) e nos fatos que expõe em edição ágil, o documentário Bad 25 insinua que a vaidade de Jackson era proporcional ao seu talento e à influência de sua obra no universo pop - traço também ressaltado pelo filme. Ídolo teen da atualidade, Justin Bieber declara para as câmeras de Lee - para citar somente um exemplo - de que seu clipe de Baby foi inspirado no vídeo da música The Way We Make me Feel (Michael Jackson), uma das faixas de Bad. Em contrapartida, o filme lembra que a coreografia do clipe de Smooth Criminal (Michael Jackson) era homenagem de Jackson ao dançarino Fred Astaire (1899 - 1987), falecido no ano em que Bad veio ao mundo. Verdade seja dita: as minuciosas informações do roteiro  ajudam a desmontar o circo armado em torno do Rei do Pop. Ao dissecar a gênese do já citado clipe de The Way We Make me Feel, o filme traz à tona a lembrança de que a modelo e dançarina que contracenava com o cantor no vídeo, Tatiana Thumbtzen, foi instruída no set de filmagem ao não beijar o artista ao fim do clipe. Tais fatos deixam entrever as regras e códigos vigentes no reino encantado de Jackson, cujo caráter centralizador e a obsessão pela perfeição são deixados à mostra no filme quando Bad 25 rebobina o recado deixado por Jackson na secretária eletrônica do diretor do clipe animado de Speed Demon (Michael Jackson). As falas sinceras de Quincy Jones - ouvidas em off, sem a imagem atual do produtor de Bad - amenizam o tom oficial do documentário. Jones é enfático ao questionar a qualidade da música - Just Good Friends (Terry Britten e Graham Lyle) - que uniu as vozes Jackson a Stevie Wonder em Bad. "Não conseguimos a música certa", lamenta Jones. Já no fim da narrativa  a lembrança da música Leave me  Alone (Michael Jackson) é pretexto para o documentário ressaltar que, às vezes, o Rei do Pop ansiava ser simples plebeu para circular livremente pela vida - situação somente possível com o uso de disfarces. E Bad 25 faz rir ao expor na tela fotos de alguns hilários (e convicentes) disfarces adotados por Jackson. O riso vem momentos antes de o filme partir para uma sequência de olhos marejados e mentes ainda inconformadas com a partida precoce de um artista genial que - sim - modificava moléculas.

8 comentários:

  1. "Ele modificava as moléculas", filosofa Sheryl Crow em depoimento sobre Michael Jackson (1958 - 2009) alocado quase ao fim de Bad 25, o alentado documentário produzido e dirigido pelo cineasta norte-americano Spike Lee para celebrar os 25 anos de lançamento de Bad (1987), terceiro álbum solo da fase adulta da carreira fonográfica do autoproclamado Rei do Pop e sucessor do recordista Thriller (1982). Ao falar em modificação de moléculas, Crow - cantora norte-americana que dividiu com Jackson os vocais da balada I Just Can't Stop Loving You (Michael Jackon) ao longo da turnê de Bad - se refere ao impacto que o cantor, compositor e produtor norte-americano provocava nas pessoas ao adentrar um ambiente e, sobretudo, ao subir num palco. Quando Spike Lee encerra Bad 25 com as imagens de Jackson cantando Man in the Mirror (Glen Ballard e Siedah Garrett) em show da milionária turnê inspirada no álbum de 1987, a frase de Crow parece fazer sentido. Assim como faz sentido (quase) tudo que foi dito ao longo dos 131 minutos do filme feito por Lee a pedido da Sony Music, gravadora que vem criando eventos e produtos em torno dos 25 anos de Bad. Ao dissecar todas as músicas e clipes do álbum, a partir de fartos depoimentos de músicos e técnicos de gravação e também de raras cenas de bastidores, Lee jamais desembaça o espelho de Jackson. Por ser em essência versão estendida e mais robusta de um episódio da série de programas de TV Classic Albums, Bad 25 somente reforça a aura do mito, mas cumpre brilhantemente seu papel de esmiuçar o processo criativo que antecedeu a gravação das faixas e dos vídeos do álbum que veio ao mundo há 25 anos com a missão impossível de bisar os números fenomenais de Thriller. O filme começa justamente dimensionando o impacto de Thriller no universo pop. Havia toda uma pressão para que Jackson igualasse com Bad os recordes do álbum de 1982. E tal pressão - documenta o filme de Lee com clareza - alimentava o cantor, a ponto de o artista ter escrito no seu espelho o número de 100 milhões de discos para se lembrar diariamente da meta sonhada e inalcançada (estima-se que Bad tenha vendido algo em torno de 30 milhões de cópias no mundo, mas há fontes que elevam este número para 45 milhões). Com base nos depoimentos geralmente superlativos e elogiosos (de admiradores como Kanye West e Cee-Lo Green) e nos fatos que expõe em edição ágil, o documentário Bad 25 insinua que a vaidade de Jackson era proporcional ao seu talento e à influência de sua obra no universo pop - traço também ressaltado pelo filme. Ídolo teen da atualidade, Justin Bieber declara para as câmeras de Lee - para citar somente um exemplo - de que seu clipe de Baby foi inspirado no vídeo da música The Way We Make me Feel (Michael Jackson), uma das faixas de Bad. Em contrapartida, o filme lembra que a coreografia do clipe de Smooth Criminal (Michael Jackson) era homenagem de Jackson ao dançarino Fred Astaire (1899 - 1987), falecido no ano em que Bad veio ao mundo.

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  2. Verdade seja dita: as minuciosas informações do roteiro ajudam a desmontar o circo armado em torno do Rei do Pop. Ao dissecar a gênese do já citado clipe de The Way We Make me Feel, o filme traz à tona a lembrança de que a modelo e dançarina que contracenava com o cantor no vídeo, Tatiana Thumbtzen, foi instruída no set de filmagem ao não beijar o artista ao fim do clipe. Tais fatos deixam entrever as regras e códigos vigentes no reino encantado de Jackson, cujo caráter centralizador e a obsessão pela perfeição são deixados à mostra no filme quando Bad 25 rebobina o recado deixado por Jackson na secretária eletrônica do diretor do clipe animado de Speed Demon (Michael Jackson). As falas sinceras de Quincy Jones - ouvidas em off, sem a imagem atual do produtor de Bad - amenizam o tom oficial do documentário. Jones é enfático ao questionar a qualidade da música - Just Good Friends (Terry Britten e Graham Lyle) - que uniu as vozes Jackson a Stevie Wonder em Bad. "Não conseguimos a música certa", lamenta Jones. Já no fim da narrativa a lembrança da música Leave me Alone (Michael Jackson) é pretexto para o documentário ressaltar que, às vezes, o Rei do Pop ansiava ser simples plebeu para circular livremente pela vida - situação somente possível com o uso de disfarces. E Bad 25 faz rir ao expor na tela fotos de alguns hilários (e convicentes) disfarces adotados por Jackson. O riso vem momentos antes de o filme partir para uma sequência de olhos marejados e mentes ainda inconformadas com a partida precoce de um artista genial que - sim - modificava moléculas.

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  3. deviam fazer um filme desse com o Thriller

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  5. "Bad" é um dos melhores discos da carreira de Michael. A qualidade de cada uma das canções é imensa. O documentário é preciso e faz um bom panorama do disco. Imperdível esse documentário!

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  6. "Ele modificava moléculas"...Gostei da frase da doidinha Sheryl Crow!!E MJ era realmente PHODA!!

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  7. "Bad" é muito bom, porém o meu predileto dele é o "Off The Wall" adoro o Jackson 5 também! qualidade musical e artística acima da média.

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  8. Ele era um gênio. Tudo que fez tinha um dedo da arte, do artista de verdade.

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