Resenha de CD
Título: Los Sebosos Postizos Interpretam Jorge Ben Jor
Artista: Los Sebosos Postizos
Gravadora: Deck
Cotação: * * * 1/2
Em 1967, já sem o sucesso conquistado instantaneamente em 1963, Jorge Ben se viu deslocado. Não era da Bossa Nova e tampouco da MPB nascida na era dos festivais. Foi então que o cantor e compositor carioca arrombou como penetra a festa pop da Jovem Guarda, gravando com o acompanhamento do grupo The Fevers um álbum, O Bidú - Silêncio no Brooklyn (1967), que permanece com alien na discografia do Zé Pretinho. Ignorada pelo público, a incursão de Ben no universo da Jovem Guarda sempre ecoou forte entre os músicos pernambucanos que revolveram a lama que deu no Mangue Beat. Não é por acaso que quatro das 14 músicas selecionadas pelo grupo Los Sebosos Postizos para o CD em que interpretam a obra de Ben Jor - A Jovem Samba, Frases, Toda Colorida e Vou Andando (recriada em levada próxima do reggae) - são oriundas desse disco diferenciado de Ben Jor. Projeto paralelo de músicos da Nação Zumbi, surgido de forma embrionária em 1998 a partir do show A Noite do Ben, Los Sebosos Postizos - quarteto formado por Dengue (baixo), Jorge Du Peixe (voz), Lúcio Maia (guitarra) e Pupillo (bateria e percussão) - acertam ao interpretar as 14 músicas de Jorge Ben Jor com suingue próprio, evitando clonar o balanço pessoal e intransferível do compositor. Elemento adicional do grupo, o sonoro trompete de Guizado sobressai em faixas como Cinco Minutos (1974) e Quero Esquecer Você (1963), realçando a personalidade da pegada do grupo. Lançado pela gravadora Deck neste mês de setembro de 2012, nos formatos de CD e vinil, o disco Los Sebosos Postizos Interpretam Jorge Ben Jor prima por dar às músicas do compositor uma batida diferente da pegada da Nação Zumbi. A intenção de evitar os hits mais manjados do Zé Pretinho também se revela acertada, pois no único grande sucesso de Ben Jor incluído no álbum, Os Alquimistas Estão Chegando os Alquimistas (1974), Los Sebosos Postizos não conseguem se desviar do andamento clássico do tema - o que faz com que o grupo soe como mero clone de Ben nesta faixa do CD formatado por Mario Caldato. Em contrapartida, O Telefone Tocou Novamente (1970) caiu bem na cadência bonita do samba à moda do grupo e Descalço no Parque (1964) anda - verdade seja dita - em ritmo mais sedutor do que o da recente abordagem pop romântica da música em (boa) gravação feita por Marisa Monte para seu álbum O Que Você Quer Saber de Verdade (2011). Enfim, é difícil interpretar Jorge Ben Jor sem perda do suingue da obra do compositor, mas Los Sebosos Postizos saem vitoriosos da missão quase impossível de dar um toque particular ao emblemático cancioneiro do compositor.
Em 1967, já sem o sucesso conquistado instantaneamente em 1963, Jorge Ben se viu deslocado. Não era da Bossa Nova e tampouco da MPB nascida na era dos festivais. Foi então que o cantor e compositor carioca arrombou como penetra a festa pop da Jovem Guarda, gravando com o acompanhamento do grupo The Fevers um álbum, O Bidú - Silêncio no Brooklyn (1967), que permanece com alien na discografia do Zé Pretinho. Ignorada pelo público, a incursão de Ben no universo da Jovem Guarda sempre ecoou forte entre os músicos pernambucanos que revolveram a lama que deu no Mangue Beat. Não é por acaso que quatro das 14 músicas selecionadas pelo grupo Los Sebosos Postizos para o CD em que interpretam a obra de Ben Jor - A Jovem Samba, Frases, Toda Colorida e Vou Andando (recriada em levada próxima do reggae) - são oriundas desse disco diferenciado de Ben Jor. Projeto paralelo de músicos da Nação Zumbi, surgido de forma embrionária em 1998 a partir do show A Noite do Ben, Los Sebosos Postizos - quarteto formado por Dengue (baixo), Jorge Du Peixe (voz), Lúcio Maia (guitarra) e Pupillo (bateria e percussão) - acertam ao interpretar as 14 músicas de Jorge Ben Jor com suingue próprio, evitando clonar o balanço pessoal e intransferível do compositor. Elemento adicional do grupo, o sonoro trompete de Guizado sobressai em faixas como Cinco Minutos (1974) e Quero Esquecer Você (1963), realçando a personalidade da pegada do grupo. Lançado pela gravadora Deck neste mês de setembro de 2012, nos formatos de CD e vinil, o disco Los Sebosos Postizos Interpretam Jorge Ben Jor prima por dar às músicas do compositor uma batida diferente da pegada da Nação Zumbi. A intenção de evitar os hits mais manjados do Zé Pretinho também se revela acertada, pois no único grande sucesso de Ben Jor incluído no álbum, Os Alquimistas Estão Chegando os Alquimistas (1974), Los Sebosos Postizos não conseguem se desviar do andamento clássico do tema - o que faz com que o grupo soe como mero clone de Ben nesta faixa do CD formatado por Mario Caldato. Em contrapartida, O Telefone Tocou Novamente (1970) caiu bem na cadência bonita do samba à moda do grupo e Descalço no Parque (1964) anda - verdade seja dita - em ritmo mais sedutor do que o da recente abordagem pop romântica da música em (boa) gravação feita por Marisa Monte para seu álbum O Que Você Quer Saber de Verdade (2011). Enfim, é difícil interpretar Jorge Ben Jor sem perda do suingue da obra do compositor, mas Los Sebosos Postizos saem vitoriosos da missão quase impossível de dar um toque particular ao emblemático cancioneiro do compositor.
ResponderExcluirDisco maravilhoso. A coragem de mexer na obra de Jorge Ben no melhor sentido. Não paro de ouvir
ResponderExcluirMelhor projeto paralelo da desmembrada Nação Zumbi.
ResponderExcluirDesde a primeira vez que ouvi foi paixão a primeira vista pela forma como a banda "chapou" o som do Ben.
Meteram a Jamaica no som do cara.
PS: Aqui em Recife ainda não chegou. Deve tá sendo distribuido em ritmo jamaicano.
No problem man.
Esse disco dos Sebosos ficou bom pacas. Descontruíram a obra de Jorge Ben e fizeram algo palatável, agradável de se ouvir (não que o original não o seja). Recomendo, pois é de primeira.
ResponderExcluirNo Recife já chegou sim, caro Zé Henrique; desde o início de setembro que essa pérola aterrizou nas prateleiras da Passa Disco.
ResponderExcluirDesde o início de setembro?!
ResponderExcluirPois então separa um pra mim que daqui para quarta-feira eu vou aí, beleza?