Mauro Ferreira no G1

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sábado, 15 de setembro de 2012

Disco solo de Goffi cresce quando 'barão' procura alimento além do rock

Resenha de CD
Título: Alimentar
Artista: Guto Goffi
Gravadora: Cabeça de Lâmpada
Cotação: * *

Enquanto se prepara para sair em turnê com o Barão Vermelho para celebrar os 30 anos do lançamento do primeiro álbum do grupo (Barão Vermelho, Som Livre, 1982), Guto Goffi edita de forma totalmente indie seu primeiro CD solo, Alimentar. Produzido pelo próprio baterista do Barão, em parceria com Claudio Gurgel e Luciano Lopes, o disco vinha sendo arquitetado ao longo de seis anos. No CD propriamente dito, Goffi apresenta dez inéditas autorais compostas com diversos parceiros. Mas o repertório solo do barão extrapola os limites físicos da bolachinha prateada. Alimentar tem continuidade na internet, onde é possível ouvir no site oficial do artista mais 12 músicas - entre elas, há baladas (O Céu Que Nos Protege, Enquanto Houve Amor), tema instrumental (Pra João, composto para festejar os 60 anos do compositor e violonista João de Aquino) e faixas de tom mais percussivo (Nosso Groove, Pelos Caminhos do Mundo)  - que preservam o tom, o conceito e o valor do CD. Com voz pequena e opaca, insuficiente para o exercício contínuo da função de vocalista, o baterista - ora transformado em cantor por força das circunstâncias - experimenta outras levadas e ritmos em seu disco solo, que cresce justamente quando Guto procura alimento além do universo do pop rock. Vale destacar de imediato as duas músicas compostas com João de Aquino, autor dos arranjos das duas faixas. Despertar seu Coração é valsa envolvente que ganha contorno francês no toque do acordeom de Chico Chagas. Doce Guanabara é samba de onda bossa-novista, tão imerso nas águas do Rio de Janeiro (RJ) quanto o samba-funk Zé Carioca (Guto Goffi, Fernando Magalhães e Zé Carioca). Há nestas faixas um tempero novo - pouco ou nada explorado pelo Barão Vermelho - que dá certo sabor ao disco solo de Goffi. Em contrapartida, o rock O Amor Não se Destrói Assim - parceria do artista com Rodrigo Netto (1977 - 2006), o falecido guitarrista do grupo carioca  Detonautas Roque Clube - poderia figurar em qualquer disco recente do Barão Vermelho, cujos remanescentes da formação original (o baixista Dé Palmeira, o guitarrista Frejat, o tecladista Maurício Barros e o próprio Goffi) se reuniram em estúdio pela primeira vez desde 1987 para dar forma a Olho no Olho (Dé Palmeira, Frejat, Guto Goffi, Maurício Barros e Maria Hernandez), destaque do disco. Já No Coração das Palavras (Guto Goffi, Frejat e Maria Hernandez) chama atenção mais pela cítara tocada por André Gomes do que por sua melodia enquanto o pop rock O Último Beijo (Guto Goffi e Claudio Gurgel) sinaliza que a onda de enquadrar músicas na moldura de um tango já soa déjà vu. A balada Simples (Guto Goffi, Rodrigo Netto, Tico Santa Cruz e Renato Rocha) reforça a conexão de Goffi com os músicos do Detonautas. Oração - única música assinada somente por Guto dentre as dez selecionadas para o CD - é tributo de aura quase camerística ao jornalista e produtor Ezequiel Neves (1935 - 2010), o lendário Zeca Jagger, mentor do Barão Vermelho Por fim, Pra Tudo Acontecer tem a vibe e a assinatura do grupo Os Britos, projeto paralelo do artista. Mesmo soando irregular, Alimentar expande (bem) o horizonte musical de Guto Goffi.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Enquanto se prepara para sair em turnê com o Barão Vermelho para celebrar os 30 anos do lançamento do primeiro álbum do grupo (Barão Vermelho, Som Livre, 1982), Guto Goffi edita de forma totalmente indie seu primeiro CD solo, Alimentar. Produzido pelo próprio baterista do Barão, em parceria com Claudio Gurgel e Luciano Lopes, o disco vinha sendo arquitetado ao longo de seis anos. No CD propriamente dito, Goffi apresenta dez inéditas autorais compostas com diversos parceiros. Mas o repertório solo do barão extrapola os limites físicos da bolachinha prateada. Alimentar tem continuidade na internet, onde é possível ouvir no site oficial do artista mais 12 músicas - entre elas, há baladas (O Céu Que Nos Protege, Enquanto Houve Amor), tema instrumental (Pra João, composto para festejar os 60 anos do compositor e violonista João de Aquino) e faixas de tom mais percussivo (Nosso Groove, Pelos Caminhos do Mundo) - que preservam o tom, o conceito e o valor do CD. Com voz pequena e opaca, insuficiente para o exercício contínuo da função de vocalista, o baterista - ora transformado em cantor por força das circunstâncias - experimenta outras levadas e ritmos em seu disco solo, que cresce justamente quando Guto procura alimento além do universo do pop rock. Vale destacar de imediato as duas músicas compostas com João de Aquino, autor dos arranjos das duas faixas. Despertar seu Coração é valsa envolvente que ganha contorno francês no toque do acordeom de Chico Chagas. Doce Guanabara é samba de onda bossa-novista, tão imerso nas águas do Rio de Janeiro (RJ) quanto o samba-funk Zé Carioca (Guto Goffi, Fernando Magalhães e Zé Carioca). Há nestas faixas um tempero novo - pouco ou nada explorado pelo Barão Vermelho - que dá certo sabor ao disco solo de Goffi. Em contrapartida, o rock O Amor Não se Destrói Assim - parceria do artista com Rodrigo Netto (1977 - 2006), o falecido guitarrista do grupo carioca Detonautas Roque Clube - poderia figurar em qualquer disco recente do Barão Vermelho, cujos remanescentes da formação original (o baixista Dé Palmeira, o guitarrista Frejat, o tecladista Maurício Barros e o próprio Goffi) se reuniram em estúdio pela primeira vez desde 1987 para dar forma a Olho no Olho (Dé Palmeira, Frejat, Guto Goffi, Maurício Barros e Maria Hernandez), destaque do disco. Já No Coração das Palavras (Guto Goffi, Frejat e Maria Hernandez) chama atenção mais pela cítara tocada por André Gomes do que por sua melodia enquanto o pop rock O Último Beijo (Guto Goffi e Claudio Gurgel) sinaliza que a onda de enquadrar músicas na moldura de um tango já soa déjà vu. A balada Simples (Guto Goffi, Rodrigo Netto, Tico Santa Cruz e Renato Rocha) reforça a conexão de Goffi com os músicos do Detonautas. Oração - única música assinada somente por Guto dentre as dez selecionadas para o CD - é tributo de aura quase camerística ao jornalista e produtor Ezequiel Neves (1935 - 2010), o lendário Zeca Jagger, mentor do Barão Vermelho Por fim, Pra Tudo Acontecer tem a vibe e a assinatura do grupo Os Britos, projeto paralelo do artista. Mesmo soando irregular, Alimentar expande (bem) o horizonte musical de Guto Goffi.

Rafael disse...

Engraçado que estranhamente, até o presente momento em que escrevo estas linhas, não há nenhum site onde esse disco se encontre à venda.