Resenha de show
Título: Volta
Artista: Ana Cañas (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Theatro Net Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 5 de setembro de 2012
Cotação: * * *
♪ Terceiro disco de Ana Cañas, Volta (Guela Records / Som Livre, 2012) peca pelo excesso de repertório autoral, resultando longo e por vezes cansativo. No show Volta, encenado pela cantora e compositora paulista sob a direção e a (sempre bela) luz de Ney Matogrosso, Cañas apaga a má impressão do CD e de espetáculos anteriores. O diretor poda os excessos autorais de Cañas em roteiro que - sem deixar de expor o cancioneiro irregular da artista - abre espaço para ótimas músicas de outros compositores, permitindo que Cañas se exercite em cena como intérprete dona de voz potente e extensa. Mesmo que uma ou outra música soe dispensável, caso de L'amour (Ana Cañas), fecho de bloco poliglota que enfatiza a fluência da cantora no idioma do jazz na virtuosa abordagem de Stormy weather (Harold Arlen e Ted Koehler, 1933), o bom resultado final do show Volta jamais é comprometido. De cara, Cañas apresenta as duas melhores músicas autorais do CD Volta - Urubu rei (Ana Cañas), que não voa tão alto como no disco talvez porque cantora e público ainda estejam frios nessa abertura, e a balada Será que você me ama? (Ana Cañas e Dadi Carvalho) - e, na sequência, começa a abordar temas alheios com versatilidade. Em tom acústico, a intérprete remodela a canção Pra você guardei o amor - composta por Nando Reis e gravada por Cañas em dueto com o autor em disco de Reis, Drês (2009) - com a mesma desenvoltura com que revive com pegada tema do grupo Led Zeppelin, Rock and roll (Jimmy Page, John Paul Jones, John Bonham e Robert Plant, 1971). Em Escândalo (Caetano Veloso, 1981), a cantora faz toda uma mise-en-scène - esboçando clima interiorizado, sentada em cadeira, com o rosto total e / ou parcialmente coberto por seu longo cabelo - sem expressar em sua interpretação toda a carga de sofrimento embutida na doída canção composta por Caetano Veloso para Ângela RoRo. Se Diabo (Ana Cañas) ganha interpretação progressivamente endiabrada no compasso do blues-rock, Volta (Ana Cañas) e Todas as cores (Ana Cañas e Dadi Carvalho) enfatizam a irregularidade do cancioneiro autoral da artista, cujo visual em cena remete à imagem de Gal Costa nos anos 70 a ponto de um espectador ter gritado "tigresa!" na estreia carioca do show. Já a (boa) lembrança de Metamorfose ambulante (Raul Seixas, 1973) cai bem - inclusive por ressaltar a persistente indefinição da persona artística da cantora. Escorada no toque incisivo da guitarra de Fabá Jimenez (destaque de banda afiada que inclui o baterista Alex Fonseca, o baixista Fábio Sá e o percussionista Felipe Roseno), Cañas encara o Blues da piedade (Cazuza e Frejat, 1988) e, em seguida, explora bem as nuances femininamente viris de Mulher o suficiente (Alzira Espíndola e Vera Lúcia Motta, 1995) antes de, já no bis, reiterar seu virtuosismo vocal em Retrato em branco e preto (Tom Jobim e Chico Buarque, 1968), expor a beleza melódica da balada Esconderijo (Ana Cañas, 2009) e, por fim, fazer saltar sua veia roqueira em Com a boca no mundo (Lee Marcucci, Luiz Carlini e Rita Lee, 1976). Metamorfose ambulante em discos e shows, Ana Cañas recusa com sobriedade velhas opiniões e caminha em direção ainda incerta em busca de sua identidade musical.
Terceiro disco de Ana Cañas, Volta (Guela Records / Som Livre, 2012) peca pelo excesso de repertório autoral, resultando longo e por vezes cansativo. No show Volta, encenado pela cantora e compositora paulista sob a direção e a (sempre bela) luz de Ney Matogrosso, Canãs apaga a má impressão do CD e de espetáculos anteriores. O diretor poda os excessos autorais de Cañas em roteiro que - sem deixar de expor o cancioneiro irregular da artista - abre espaço para ótimas músicas de outros compositores, permitindo que Cañas se exercite em cena como intérprete dona de voz potente e extensa. Mesmo que uma ou outra música soe dispensável, caso de L'Amour (Ana Cañas), fecho de bloco poliglota que enfatiza a fluência da cantora no idioma do jazz na virtuosa abordagem de Stormy Weather (Harold Arlen e Ted Koehler, 1933), o bom resultado final do show Volta jamais é comprometido. De cara, Cañas apresenta as duas melhores músicas autorais do CD Volta - Urubu Rei (Ana Cañas), que não voa tão alto como no disco talvez porque cantora e público ainda estejam frios nessa abertura, e a balada Será Que Você me Ama? (Ana Cañas e Dadi) - e, na sequência, começa a abordar temas alheios com versatilidade. Em tom acústico, a intérprete remodela a canção Pra Você Guardei o Amor - composta por Nando Reis e gravada por Cañas em dueto com o autor em disco de Reis, Drês (2009) - com a mesma desenvoltura com que revive com pegada tema do grupo Led Zeppelin, Rock And Roll (Jimmy Page, John Paul Jones, John Bonham e Robert Plant, 1971). Em Escândalo (Caetano Veloso, 1981), a cantora faz toda uma mise-en-scène - esboçando clima interiorizado, sentada em cadeira, com os cabelos total e/ou parcialmente cobertos por seu longo cabelo - sem expressar em sua interpretação toda a carga de sofrimento embutida na doída canção composta por Caetano Veloso para Ângela RoRo. Se Diabo (Ana Cañas) ganha interpretação progressivamente endiabrada no compasso do blues-rock, Volta (Ana Cañas) e Todas as Cores (Ana Cañas e Dadi) enfatizam a irregularidade do cancioneiro autoral da artista, cujo visual em cena remete à imagem de Gal Costa nos anos 70 a ponto de um espectador ter gritado "tigresa!" na estreia carioca do show. Já a (boa) lembrança de Metamorfose Ambulante (Raul Seixas, 1973) cai bem - inclusive por ressaltar a persistente indefinição da persona artística da cantora. Escorada no toque incisivo da guitarra de Fabá Jimenez (destaque de banda afiada que inclui o baterista Alex Fonseca, o baixista Fábio Sá e o percussionista Felipe Roseno), Canãs encara o Blues da Piedade (Cazuza e Frejat, 1988) e, em seguida, explora bem as nuances femininamente viris de Mulher o Suficiente (Alzira Espíndola e Vera Lúcia Motta, 1995) antes de, já no bis, reiterar seu virtuosismo vocal em Retrato em Branco e Preto (Tom Jobim e Chico Buarque, 1968), expor a beleza melódica da balada Esconderijo (Ana Cañas, 2009) e, por fim, fazer saltar sua veia roqueira em Com a Boca no Mundo (Lee Marcucci, Luiz Carlini e Rita Lee, 1976). Metamorfose ambulante em discos e shows, Ana Cañas recusa com sobriedade velhas opiniões e caminha em direção ainda incerta.
ResponderExcluirMauro, sugiro dar uma arrumadinha neste trecho: "com os cabelos total e/ou parcialmente cobertos por seu longo cabelo". Abraço.
ResponderExcluirGrato, Rita. Abs, MauroF
ResponderExcluirCara a voz da Ana é linda...ela interpreta demais é linda.
ResponderExcluirAh Mauro!!! Não faz assim com a Cañas! Tô de mal e não concordo em quase nada com vc dessa dez! Beijos
ResponderExcluirMais uma pra sumir rapidinho...espero...
ResponderExcluirEsse Marcelo é muito pessimista cara!! Putz.. Vai curtir a velha guarda brother.
ResponderExcluirNão consigo gostar de cantora que nasceu ontém(esta palavra tem acento?).A propósito,acho horrível ficar corrigindo texto alheio.
ResponderExcluirCerta vez a vi fazer uma versão de uma música, não lembro qual, do Adoniran Barbosa que ficou lindona.
ResponderExcluirDevia incluí-la no show.
PS: Ontem não tem acento e as correções não são de ordem ortográfica. Essas são realmente um tanto chatas de se fazer.
É isso aí Aguiar... A velha Guarda é demais!! Sorte de quem a ouve. Só Roberta Sá e Maria Rita pra salvar a safra nova...
ResponderExcluirA voz é até boazinha, mas o repertório dos seus Cds são fracos tirando uma ou outra música.
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