Resenha de show
Título: Liza Minnelli
Artista: Liza Minnelli (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Citibank Hall (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 29 de setembro de 2012
Cotação: * * *
Aos 66 anos, Liza Minnelli sobrevive de seu passado de glória. Foi essa artista de aura já crepuscular que voltou ao Brasil neste mês de setembro de 2012 para apresentações no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP). Para o público carioca que se sentou nas cadeiras dispostas como se o Citibank Hall fosse um teatro, Liza ainda é a diva dos musicais, a atriz e cantora luminosa que encantou o mundo com sua performance como Sally Bowles em Cabaret, o filme de 1972 escrito com base no musical que debutou na Broadway em 1966. Ciente da força do mito, a teatral Liza refez para os súditos seu habitual jogo de cena em show curto como o fôlego da artista. A voz já soa sem a potência e o alcance de tempos idos - o que faz com que a cantora fique ofegante nas (muitas) falas dirigidas ao público entre um número e outro. Mas as limitações naturais impostas pelo tempo não impediram que Liza saísse triunfante de cena. "Estou feliz de estar no Rio, onde mora meu coração", gracejou a cantora, afagando o ego de seus fãs cariocas logo após a abertura do show, feita com Alexander's Ragtime Band (Irving Berlin, 1911). Ainda senhora da cena, Liza fez charme até ao tirar o cachecol após cantar Our Love Is Here To Stay (George Gershwin e Ira Gershwin, 1938), contou em inglês a gênese da música Say Liza (Liza With a Z) (John Kander e Fred Ebb, 1972) e elogiou o (de fato, excelente) septeto que a acompanha em cena nesta turnê. Interpretar My Own Best Friend (John Kander e Fred Ebb, 1975), tema do musical Chicago, serviu de pretexto para Liza rememorar para o público sua aventura para tentar fazer o papel de Roxie Hart no lugar de atriz que adoecera durante montagem do musical. Por sua simpatia e sobretudo por personificar um mito dos palcos norte-americanos, Liza ganhou a plateia carioca desde que entrou em cena ao som da overture que reproduz o prefixo de Theme From New York, New York (John Kander e Fred Ebb, 1977), o maior sucesso do repertório da artista, obviamente alocado no fim do roteiro. Mas tal alegria por estar em cena jamais atenuou a impressão de que o primeiro real grande número do show foi What Makes a Man a Man (Charles Aznavour, 1973). Versão em inglês de Comme Ils Disent, tema em que o cantor e compositor francês Charles Aznavour abordou a homossexualidade masculina , What Makes a Man a Man adquiriu significado e sentido especiais na voz de Liza, musa dos gays, presentes em grande número na plateia majoritariamente de meia-idade que se mobilizou para ver a apresentação carioca da diva. Sentada, Liza reviveu Maybe This Time (John Kander e Fred Ebb, 1966), música da trilha sonora de Cabaret emendada no roteiro com o tema que deu título ao musical de 1966 e ao filme de 1972 que rendeu a Liza um Oscar de Melhor Atriz. Cabaret (John Kander e Fred Ebb, 1966), a música, exigiu muito de Liza e, por isso, o solo vocal do pianista Johnny Rodgers - feito com You Can Keep Your Hat on (Randy Newman, 1972) - foi providencial para a cantora ter tempo de retomar o fôlego para apresentar, na sequência, quatro músicas de seu último álbum de estúdio, Confessions, lançado em 2010. Do naipe, You Fascinate me So (Cy Coleman e Carolyn Leigh, 1958) ostentou tom jazzy enquanto He's a Tramp (Johnny Burke e Peggy Lee, 1955) realçou o suingue do baixista do septeto já antes de Liza se engasgar e ter que interromper o número para tossir, espirrar e se recompor. Encerrado o bloco com músicas de seu primeiro álbum de estúdio em 15 anos, Liza arriscou um português carregado, mas eficiente, ao cantar Trevo de Quatro Folhas, versão em português de I'm Looking Over a Four-Leaf Clover (Mort Dixon e Harry Woods, 1927), escrita pelo cantor Nilo Sérgio em 1949 no rastro do sucesso da gravação do tema feita em 1948 pelo músico e bandleader norte-americano Art Mooney (1911 - 1993). A citação do afro-samba Canto de Ossanha (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1966) foi o detalhe curioso do arranjo que quase caiu no ridículo ao tentar reproduzir a batida do samba, denunciando a pouca intimidade dos músicos com a cadência bonita do gênero. No bis, Liza reiterou sua simpatia ensaiada e cantou a capella I'll Be Seeing You (Sammy Fain e Irving Kahal, 1938), número devidamente ensaiado, a despeito de parecer improvisado. Truques de uma lendária estrela que sabe fazer o seu teatro musical.
Aos 66 anos, Liza Minnelli sobrevive de seu passado de glória. Foi essa artista de aura já crepuscular que voltou ao Brasil neste mês de setembro de 2012 para apresentações no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP). Para o público carioca que se sentou nas cadeiras dispostas como se o Citibank Hall fosse um teatro, Liza ainda é a diva dos musicais, a atriz e cantora luminosa que encantou o mundo com sua performance como Sally Bowles em Cabaret, o filme de 1972 escrito com base no musical que debutou na Broadway em 1966. Ciente da força do mito, a teatral Liza refez para os súditos seu habitual jogo de cena em show curto como o fôlego da artista. A voz já soa sem a potência e o alcance de tempos idos - o que faz com que a cantora fique ofegante nas (muitas) falas dirigidas ao público entre um número e outro. Mas as limitações naturais impostas pelo tempo não impediram que Liza saísse triunfante de cena. "Estou feliz de estar no Rio, onde mora meu coração", gracejou a cantora, afagando o ego de seus fãs cariocas logo após a abertura do show, feita com Alexander's Ragtime Band (Irving Berlin, 1911). Ainda senhora da cena, Liza fez charme até ao tirar o cachecol após cantar Our Love Is Here To Stay (George Gershwin e Ira Gershwin, 1938), contou em inglês a gênese da música Say Liza (Liza With a Z) (John Kander e Fred Ebb, 1972) e elogiou o (de fato, excelente) septeto que a acompanha em cena nesta turnê. Interpretar My Own Best Friend (John Kander e Fred Ebb, 1975), tema do musical Chicago, serviu de pretexto para Liza rememorar para o público sua aventura para tentar fazer o papel de Roxie Hart no lugar de atriz que adoecera durante montagem do musical. Por sua simpatia e sobretudo por personificar um mito dos palcos norte-americanos, Liza ganhou a plateia carioca desde que entrou em cena ao som da overture que reproduz o prefixo de Theme From New York, New York (John Kander e Fred Ebb, 1977), o maior sucesso do repertório da artista, obviamente alocado no fim do roteiro. Mas tal alegria por estar em cena jamais atenuou a impressão de que o primeiro real grande número do show foi What Makes a Man a Man (Charles Aznavour, 1973). Versão em inglês de Comme Ils Disent, tema em que o cantor e compositor francês Charles Aznavour abordou a homossexualidade masculina , What Makes a Man a Man adquiriu significado e sentido especiais na voz de Liza, musa dos gays, presentes em grande número na plateia majoritariamente de meia-idade que se mobilizou para ver a apresentação carioca da diva.
ResponderExcluirSentada, Liza reviveu Maybe This Time (John Kander e Fred Ebb, 1966), música da trilha sonora de Cabaret emendada no roteiro com o tema que deu título ao musical de 1966 e ao filme de 1972 que rendeu a Liza um Oscar de Melhor Atriz. Cabaret (John Kander e Fred Ebb, 1966), a música, exigiu muito de Liza e, por isso, o solo vocal do pianista Johnny Rodgers - feito com You Can Keep Your Hat on (Randy Newman, 1972) - foi providencial para a cantora ter tempo de retomar o fôlego para apresentar, na sequência, quatro músicas de seu último álbum de estúdio, Confessions, lançado em 2010. Do naipe, You Fascinate me So (Cy Coleman e Carolyn Leigh, 1958) ostentou tom jazzy enquanto He's a Tramp (Johnny Burke e Peggy Lee, 1955) realçou o suingue do baixista do septeto já antes de Liza se engasgar e ter que interromper o número para tossir, espirrar e se recompor. Encerrado o bloco com músicas de seu primeiro álbum de estúdio em 15 anos, Liza arriscou um português carregado, mas eficiente, ao cantar Trevo de Quatro Folhas, versão em português de I'm Looking Over a Four-Leaf Clover (Mort Dixon e Harry Woods, 1927), escrita pelo cantor Nilo Sérgio em 1949 no rastro do sucesso da gravação do tema feita em 1948 pelo músico e bandleader norte-americano Art Mooney (1911 - 1993). A citação do afro-samba Canto de Ossanha (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1966) foi o detalhe curioso do arranjo que quase caiu no ridículo ao tentar reproduzir a batida do samba, denunciando a pouca intimidade dos músicos com a cadência bonita do gênero. No bis, Liza reiterou sua simpatia ensaiada e cantou a capella I'll Be Seeing You (Sammy Fain e Irving Kahal, 1938), número devidamente ensaiado, a despeito de parecer improvisado. Truques de uma lendária estrela que sabe fazer o seu teatro musical.
ResponderExcluirCoitada.
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