Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Fafá dá seu toque ao 'pirão' paraense em sarau em antiga igreja de Belém

Resenha de show
Título: Varanda de Nazaré - Esse Rio É Minha Rua
Artista: Fafá de Belém (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Igreja de Santo Alexandre - Museu de Arte Sacra (Belém, Pará)
Data: 12 de outubro de 2012
Cotação: * * * 1/2

Caracterizado por Fafá de Belém como um "pequeno sarau", o show que abriu a programação musical da 2ª edição da Varanda de Nazaré - Esse Rio É Minha Rua - Círio 2012 - projeto criado pela cantora para difundir os costumes do Pará nos dias que antecedem o Círio de Nazaré, evento religioso que domina Belém no mês de outubro - foi também uma celebração da boemia de Belém, vivida por Fafá em seus tempos de menina. Após cantar em tom passional Devolvi, música de Adelino Moreira que fez sucesso na voz de Núbia Lafayete, Fafá de Belém definiu a cultura musical do Pará como um pirão e lembrou que foi criada nesse pirão, entre serenatas nas quais se ouvia de Waldick Soriano (1933 - 2008) a Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994). Na voz ainda em forma da cantora, o pirão teve sabor especial pela presença do violonista Sebastião Tapajós - convidado de Uirapuru (Waldemar Henrique) - e pelo roteiro pontuado por músicas atípicas no repertório habitual de Fafá. Foi num clima de seresta - criado sobretudo pelo toque diferenciado do bandolim de Luiz Pardal, cujo som evoca a guitarra baiana - que a cantora interpretou Você e Eu (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), o esquecido Samba de Orfeu (Luiz Bonfá e Antônio Maria) e O Amor e a Rosa (Antônio Maria e Pernambuco) para o público de convidados que assistiu na noite de 11 de outubro de 2012 ao "pequeno sarau" feito no palco-altar da Igreja de Santo Alexandre, no Museu de Arte Sacra, em região ancestral de Belém. "A gente mistura tudo, mas sabe o rumo das águas", ressaltou Fafá após cantar o fado Estranha Forma de Vida (Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro) e a canção Coração do Agreste (Cristóvão Bastos e Aldir Blanc). O fado se alinhou no roteiro com Tanto Mar (Chico Buarque) e com duas músicas de compositores lusitanos contemporâneos - Passou por Mim e Sorriu (Pedro da Silva Martins), sucesso do grupo Deolinda, e Não Queira Saber de Mim (Rui Veloso) - para realçar o que Fafá chama de "marca portuguesa do Pará". À vontade ao remexer no pirão de Belém, com o tempero saboroso de músicos como o maestro Luiz Karam (ao piano), o também maestro Luiz Pardal (sensação no bandolim à moda baiana e diretor musical do show) e o violonista Nego Nelson, Fafá reafirmou a fé na mistura da terra.

Notas Musicais viajou a Belém (PA) a convite da produção do evento Varanda de Nazaré

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Caracterizado por Fafá de Belém como um "pequeno sarau", o show que abriu a programação musical da 2ª edição da Varanda de Nazaré - Esse Rio É Minha Rua - Círio 2012 - projeto criado pela cantora para difundir os costumes do Pará nos dias que antecedem o Círio de Nazaré, evento religioso que domina Belém no mês de outubro - foi também uma celebração da boemia de Belém, vivida por Fafá em seus tempos de menina. Após cantar em tom passional Devolvi, música de Adelino Moreira que fez sucesso na voz de Núbia Lafayete, Fafá de Belém definiu a cultura musical do Pará como um pirão e lembrou que foi criada nesse pirão, entre serenatas nas quais se ouvia de Waldick Soriano (1933 - 2008) a Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994). Na voz ainda em forma da cantora, o pirão teve sabor especial pela presença do violonista Sebastião Tapajós - convidado de Uirapuru (Waldemar Henrique) - e pelo roteiro pontuado por músicas atípicas no repertório habitual de Fafá. Foi num clima de seresta - criado sobretudo pelo toque diferenciado do bandolim de Luiz Pardal, cujo som evoca a guitarra baiana - que a cantora interpretou Você e Eu (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), o esquecido Samba de Orfeu (Luiz Bonfá e Antônio Maria) e O Amor e a Rosa (Antônio Maria e Pernambuco) para o público de convidados que assistiu na noite de 11 de outubro de 2012 ao "pequeno sarau" feito no palco-altar da Igreja de Santo Alexandre, no Museu de Arte Sacra, em região ancestral de Belém. "A gente mistura tudo, mas sabe o rumo das águas", ressaltou Fafá após cantar o fado Estranha Forma de Vida (Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro) e a canção Coração do Agreste (Cristóvão Bastos e Aldir Blanc). O fado se alinhou no roteiro com Tanto Mar (Chico Buarque) e com duas músicas de compositores lusitanos contemporâneos - Passou por Mim e Sorriu (Pedro da Silva Martins), sucesso do grupo Deolinda, e Não Queira Saber de Mim (Rui Veloso) - para realçar o que Fafá chama de "marca portuguesa do Pará". À vontade ao remexer no pirão de Belém, com o tempero saboroso de músicos como o maestro Luiz Karam (ao piano), o também maestro Luiz Pardal (sensação no bandolim à moda baiana e diretor musical do show) e o violonista Nego Nelson, Fafá reafirmou a fé na mistura da terra.

Roberto de Brito disse...

Esse sim merecia um registro!