Título: Fazendo as Pazes com o Swing
Artista: Orquestra Imperial (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Espaço Tom Jobim (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 3 de outubro de 2012
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz em 6 de outubro de 2012 na quadra do Sesc Madureira, no Rio de Janeiro (RJ)
"Agora no final vocês fizeram as pazes com o swing", disse Duani para o público que, enfim, tinha se levantado das cadeiras do Espaço Tom Jobim para dançar ao som do samba Conselho (Adilson Bispo e Zé Roberto, 1986), fecho do bis do show feito pela Orquestra Imperial na noite de 3 de outubro de 2012. A fala de Duani - substituto de Rodrigo Amarante num dos postos de vocalistas da big-band carioca - aludia ao título do segundo recém-lançado álbum da Orquestra Imperial, Fazendo as Pazes com o Swing, mote da apresentação. Mas ninguém, a rigor, estava brigado com o suingue. A questão é que, por ter sido feito em teatro, com o público sentado, o show jamais teve o clima de baile e o ar carnavalizante das habituais apresentações da orquestra. As pessoas somente levantaram quando Duani já fechava a tampa com o sucesso de Almir Guineto. Mesmo sem entrar na dança, o público viu um show azeitado com bom som. Com arranjos de sopros na maior parte dos 25 números, reproduzindo em cena o tom do disco produzido por Kassin (presente no palco), a Orquestra Imperial caiu no costumeiro suingue, sem surpresas e sem Nina Becker, ausência anunciada pelo fato de a cantora estar prestes a dar à luz sua filha Cora. Em contrapartida, a presença de João Donato - convidado especial da estreia nacional do show - valorizou a apresentação. Até porque o suingue latino da música de Donato ecoa no som da Orquestra. À vontade, cantando e pilotando seus teclados, Donato fez substancioso Suco de Maracujá - samba composto com Martinho da Vila e gravado pelo parceiro de Donato em 2005 - e se afinou com Thalma de Freitas, com quem abriu parceria na sensualíssima Enquanto a Gente Namora (2012), convite a uma folia a dois. O set de Donato foi a cereja do bolo. Já costumeira, a presença comunicativa de Wilson das Neves valorizou ótimos sambas como A Saudade É Que me Consola (2012) - cantado em dueto com Moreno Veloso - e o já célebre O Samba É Meu Dom (1996), ambos compostos pelo baterista com o poeta Paulo César Pinheiro. E por falar em criação, o show reiterou a crescente evolução de Ruben Jacobina como compositor, progresso já perceptível no disco. Aguenta Mais e Velha Estória - samba impregnado de lirismo, composto por Rubinho com Guga Ferraz e interpretado por Moreno Veloso - têm cacife para figurar entre as melhores músicas do repertório da Orquestra. Contudo, houve também as habituais incursões por cancioneiros alheios. Antes de pôr o bloco na rua com Cair na Folia (Argemiro Patrocínio e Paulinho César), samba carnavalesco que ficou quase tão empolgante no show quanto no disco, Duani cantou uma das mais belas baladas da gloriosa fase inicial da discografia de Tim Maia (1942 - 1998), Você, joia do segundo álbum do Síndico (Tim Maia, 1971). De início, o arranjo foi reverente à gravação de Tim, mas, na parte final, os sopros deram outra alma à canção de espírito soul. Duani não é Tim Maia (embora vá interpretar o cantor em cinebiografia já em processo de produção), mas sua entrada na Orquestra Imperial criou bom contraponto entre seu canto caloroso e a voz cool da maior parte dos solistas. Mesmo que o show ainda precise de uns ajustes, a big-band - que completa uma década de vida neste ano de 2012 - reiterou em cena seu suingue. Na paz.
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