domingo, 28 de outubro de 2012

William Magalhães tira sabor da salada mista de Sabah em Amor Canalha

Resenha de CD
Título: Amor Canalha
Artista: Karla Sabah
Gravadora: LGK Music / Microservice
Cotação: * *

Herdeiro do suingue da banda carioca Black Rio, o multi-instrumentista William Magalhães foi recrutado por Karla Sabah para fazer a produção musical e os arranjos do quarto álbum solo da cantora e compositora, Amor Canalha, lançado neste mês de outubro de 2012 pela LGK Music com distribuição da Microservice. Ao pilotar as programações e quase todos os instrumentos das 14 faixas do disco, produzido sob a direção artística de Sabah, Magalhães acabou forjando suingue black sem alma, plastificado, que tira o sabor da salada mista experimentada pela artista em repertório que vai de balada soul de Tim Maia (1942 - 1998) - New Love, pérola escondida no quarto álbum do Síndico, Tim Maia (1973) - a dois temas do cancioneiro desencanado do grupo paulista Ultraje a Rigor, Volta Comigo (Roger Rocha Moreira, 1989) e Zoraide (Roger Rocha Moreira,1985), passando por canção antiga do repertório de Roberto Carlos, Pra Ser Só Minha Mulher (Ronnie Von e Tony Osanah, 1977), já revisitada por Otto em disco de 2003. Com a ressalva de que Zoraide cai bem no balanço do disco, o fato é que quase nada seduz. As acaloradas músicas inéditas do disco - Já É (Johan Luzi, William Magalhães e Karla Sabah), ambientada em clima de samba-funk com a cuíca adicional de Mafram do Maracanã, e Click no Meu Link (Johan Luzi, William Magalhães e Karla Sabah) - estão em sintonia contemporânea com o tom popular do nome do disco Amor Canalha, cuja eletrônica faixa-título é parceria de Sabah com Meg&Nil. Mas o baile black de Sabah jamais chega a empolgar. Se há algum resquício de verdade na interpretação de Mamãe Coragem (Caetano Veloso e Torquato Neto, 1968), a melhor faixa de disco cheio de tropeços, a abordagem de Minha (Cartola, 1976) dilui toda a beleza e poesia do samba de Cartola (1908 - 1980) ao enquadrá-lo na linha suingante que padroniza o repertório. Não me Quebro à Toa (Oswaldo Melodia, 2008) e Mulher que Não Dá Samba (Paulo Vanzolini, 1974) - duas joias que mereciam sair do baú - já haviam mostrado no começo do álbum que Sabah cai no samba sem propriedade e sem intimidade com o gênero. O fato de a faixa Baby (Caetano Veloso, 1968) ter tido sua produção confiada a Thomas Gruetzmacher sinaliza que Sabah talvez pudesse ter diversificado o time de produtores e músicos do disco para que o eclético repertório do CD tivesse tido suas nuances valorizadas. Do jeito que o repertório de Amor Canalha foi tratado, balada de Tim Maia soa parecida com canção de Ronnie Von e samba de Cartola. Falta alma...

4 comentários:

  1. Herdeiro do suingue da banda carioca Black Rio, o multi-instrumentista William Magalhães foi recrutado por Karla Sabah para fazer a produção musical e os arranjos do quarto álbum solo da cantora e compositora, Amor Canalha, lançado neste mês de outubro de 2012 pela LGK Music com distribuição da Microservice. Ao pilotar as programações e quase todos os instrumentos das 14 faixas do disco, produzido sob a direção artística de Sabah, Magalhães acabou forjando suingue black sem alma, plastificado, que tira o sabor da salada mista experimentada pela artista em repertório que vai de balada soul de Tim Maia (1942 - 1998) - New Love, pérola escondida no quarto álbum do Síndico, Tim Maia (1973) - a dois temas do cancioneiro desencanado do grupo paulista Ultraje a Rigor, Volta Comigo (Roger Rocha Moreira, 1989) e Zoraide (Roger Rocha Moreira,1985), passando por canção antiga do repertório de Roberto Carlos, Pra Ser Só Minha Mulher (Ronnie Von e Tony Osanah, 1977), já revisitada por Otto em disco de 2003. Com a ressalva de que Zoraide cai bem no balanço do disco, o fato é que quase nada seduz. As acaloradas músicas inéditas do disco - Já É (Johan Luzi, William Magalhães e Karla Sabah), ambientada em clima de samba-funk com a cuíca adicional de Mafram do Maracanã, e Click no Meu Link (Johan Luzi, William Magalhães e Karla Sabah) - estão em sintonia contemporânea com o tom popular do nome do disco Amor Canalha, cuja eletrônica faixa-título é parceria de Sabah com Meg&Nil. Mas o baile black de Sabah jamais chega a empolgar. Se há algum resquício de verdade na interpretação de Mamãe Coragem (Caetano Veloso e Torquato Neto, 1968), a melhor faixa de disco cheio de tropeços, a abordagem de Minha (Cartola, 1976) dilui toda a beleza e poesia do samba de Cartola (1908 - 1980) ao enquadrá-lo na linha suingante que padroniza o repertório. Não me Quebro à Toa (Oswaldo Melodia, 2008) e Mulher que Não Dá Samba (Paulo Vanzolini, 1974) - duas joias que mereciam sair do baú - já haviam mostrado no começo do álbum que Sabah cai no samba sem propriedade e sem intimidade com o gênero. O fato de a faixa Baby (Caetano Veloso, 1968) ter tido sua produção confiada a Thomas Gruetzmacher sinaliza que Sabah talvez pudesse ter diversificado o time de produtores e músicos do disco para que o eclético repertório do CD tivesse tido suas nuances valorizadas. Do jeito que o repertório de Amor Canalha foi tratado, balada de Tim Maia soa parecida com canção de Ronnie Von e samba de Cartola. Falta alma...

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  2. Adoro a Sabah desde a época que ela formou dupla com Daniele Daumerie, dupla essa chamada Bad Girls, formada ainda nos idos anos 90. Por falar nisso onde anda a Daniele Daumerie?

    Voltando a Karla, seu último disco "Cala A Boca E Me Beija" é ótimo! Bem instropectivo e inspirador. Não sabia que ela iria lançar este ano disco novo.

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  3. Não se deve esquecer também que Karla fez parte do ótimo grupo Afrodite Se Quiser, grupo esse que poderia muito bem voltar a ser formado!

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  4. o Ultraje tem uma obra bacana que precisa ser revista sem preconceito

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