Título: Viva Duets
Artista: Tony Bennett e convidados
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2
Há duas razões para que Tony Bennet tenha engatado um terceiro projeto fonográfico de duetos na sequência imediata de Duets II (2011). Uma é a visibilidade mundial alcançada pelo projeto anterior por conta de Duets II trazer a última gravação oficial de Amy Winehouse (1983 - 2011). Outra é a força já consolidada do mercado latino formado pelos países de língua hispânica. É para esse rentável mercado que Viva Duets acena com edição dupla que inclui DVD com o registro audiovisual de 11 dos 15 dos duetos. Infelizmente, o terceiro título da trilogia - iniciada em 2006 com a edição do álbum Duets: An American Classic - tem menor fluência do que seus dois antecessores. Até pelo fato de quase todos os cantores de origem latinoamericana escalados para Viva Duets interpretarem suas respectivas partes na língua de seus países. Sim, definitivamente standards como The Way You Look Tonight (Jerome Kern e Dorothy Fields, 1961) - revivido por Bennett com a cantora e atriz mexicana Thalia - soam com mais fluência no seu idioma original. Tanto que um dos destaques do álbum é o dueto do cantor com a norte-americana Christina Aguilera (descendente de pai equatoriano) em Steppin' Out With My Baby (Irving Berlin, 1948), faixa jazzy cantada em inglês e ambientada em clima vintage que evoca os cabarés da primeira metade do Século XX. Musicalmente, Viva Duets segue o tradicional padrão orquestral dos álbuns de Bennett, cuja voz ainda soa elegante, embora já tenha perdido naturalmente parte do viço e da extensão por conta dos 86 anos do artista. Contudo, é estranho ouvir um tema como The Best Is Yet to Come (Cy Coleman e Carolyn Leigh, 1959) - associado a Frank Sinatra (1915 - 1998) - ser cantado em espanhol na versão defendida pelo cantor Chayanne, astro pop de Porto Rico. A opção por verter a maioria dos standards para o idioma do país do solista convidado empana o brilho dos duetos de Bennet com Ana Carolina e Maria Gadú, representantes do Brasil (consta que Bennett tentou em vão Roberto Carlos e que a gravadora Sony Music tentou em vão inserir Alexandre Pires no elenco de Viva Duets). Com Gadú, Bennett regrava Blue Velvet (Bernie Wayne e Lee Morris, 1950) - tema popularizado no Brasil ao dar título ao filme cult Veludo Azul (1986) - em gravação orquestrada com cordas, dentro da atmosfera clássica que pauta o disco. "De veludo azul, mais que o azul do seu olhar / A tua boca a suspirar... / ... / De veludo azul, se revestiu meu coração", canta Gadú em português alienígeno e em tom etéreo, nuance de gravação que também tem versos inglês entoados pela cantora brasileira. Com resultado simular, o dueto com Ana Carolina em The Very Thought of You (Ray Noble, 1934) também está aclimatado em ambiência íntima e classuda. Em tom aveludado e contido, sem seus habituais arroubos vocais, Ana dá voz a versos como "Eu vivo assim / Sempre a sonhar assim / Feliz, eu estou enfim / Parece só ilusão / Mas é muito para mim", vertidos para o português pela própria compositora mineira. A elegância dos arranjos de Viva Duets - que junta Bennet à cubana Gloria Estefan em Who Can I Turn To (When Nobody Needs Me) (Anthony Newley e Leslie Bricusse, 1964) e ao dominicano Juan Luis Guerra em Just in Time (Jule Styne, Betty Comden e Adolph Green, 1956) - dá unidade ao disco, mas também faz com que o álbum transcorra linear, previsível, e sem o brilho dos dois volumes anteriores e sem o peso do próprio mercado latino que Bennet corteja ao se conectar com esses astros hispânicos.
8 comentários:
Há duas razões para que Tony Bennet tenha engatado um terceiro projeto fonográfico de duetos na sequência imediata de Duets II (2001). Uma é a visibilidade mundial alcançada pelo projeto anterior por conta de Duets II trazer a última gravação oficial de Amy Winehouse (1983 - 2011). Outra é a força já consolidada do mercado latino formado pelos países de língua hispânica. É para esse rentável mercado que Viva Duets acena com edição dupla que inclui DVD com o registro audiovisual de 11 dos 15 dos duetos. Infelizmente, o terceiro título da trilogia - iniciada em 2006 com a edição do álbum Duets: An American Classic - tem menor fluência do que seus dois antecessores. Até pelo fato de quase todos os cantores de origem latinoamericana escalados para Viva Duets interpretarem suas respectivas partes na língua de seus países. Sim, definitivamente standards como The Way You Look Tonight (Jerome Kern e Dorothy Fields, 1961) - revivido por Bennett com a cantora e atriz mexicana Thalía - soam com mais fluência no seu idioma original. Tanto que um dos destaques do álbum é o dueto do cantor com a norte-americana Christina Aguilera (descendente de pai equatoriano) em Steppin' Out With My Baby (Irving Berlin, 1948), faixa jazzy cantada em inglês e ambientada em clima vintage que evoca os cabarés da primeira metade do Século XX. Musicalmente, Viva Duets segue o tradicional padrão orquestral dos álbuns de Bennett, cuja voz ainda soa elegante, embora já tenha perdido naturalmente parte do viço e da extensão por conta dos 86 anos do artista. Contudo, é estranho ouvir um tema como The Best Is Yet to Come (Cy Coleman e Carolyn Leigh, 1959) - associado a Frank Sinatra (1915 - 1998) - ser cantado em espanhol na versão defendida pelo cantor Chayanne, astro pop de Porto Rico. A opção por verter a maioria dos standards para o idioma do país do solista convidado empana o brilho dos duetos de Bennet com Ana Carolina e Maria Gadú, representantes do Brasil (consta que Bennett tentou em vão Roberto Carlos e que a gravadora Sony Music tentou em vão inserir Alexandre Pires no elenco de Viva Duets). Com Gadú, Bennett regrava Blue Velvet (Bernie Wayne e Lee Morris, 1950) - tema popularizado no Brasil ao dar título ao filme cult Veludo Azul (1986) - em gravação orquestrada com cordas, dentro da atmosfera clássica que pauta o disco. "De veludo azul, mais que o azul do seu olhar / A tua boca a suspirar... / ... / De veludo azul, se revestiu meu coração", canta Gadú em português alienígeno e em tom etéreo, nuance de gravação que também tem versos inglês entoados pela cantora brasileira. Com resultado simular, o dueto com Ana Carolina em The Very Thought of You (Ray Noble, 1934) também está aclimatado em ambiência íntima e classuda. Em tom aveludado e contido, sem seus habituais arroubos vocais, Ana dá voz a versos como "Eu vivo assim / Sempre a sonhar assim / Feliz, eu estou enfim / Parece só ilusão / Mas é muito para mim", vertidos para o português pela própria compositora mineira. A elegância dos arranjos de Viva Duets - que junta Bennet à cubana Gloria Estefan em Who Can I Turn To (When Nobody Needs Me) (Anthony Newley e Leslie Bricusse, 1964) e ao dominicano Juan Luis Guerra em Just in Time (Jule Styne, Betty Comden e Adolph Green, 1956) - dá unidade ao disco, mas também faz com que o álbum transcorra linear, previsível, e sem o brilho dos dois volumes anteriores e sem o peso do próprio mercado latino que Bennet corteja ao se conectar com esses astros hispânicos.
Não é um disco memorável mesmo. Bennett já fez discos melhores. Passaria batido aqui no Brasil se não fossem as presenças das cantoras Maria Gadú e Ana Carolina.
Eu sou fã de Ana e curto Gadu mas os duetos delas ficaram detestáveis. Além das musicas serem MUITO chatas, as versões em portugues ficaram completamente fora do contexto, n ao combinaram com a musicalidade das cançoes.
Mauro, acho que você quis dizer que o 'Duets II' foi lançado em 2011,né ?
Pois em 2001 Tony lançou também um album de duetos chamado ' Playing with my friends: Bennett Sings The Blues '.
Arrisco dizer que os duetos com as brasileiras são as duas piores faixas de 'Viva Duets'.
Pra mim o ponto é alto mesmo é com o roqueiro espanhol Dani Martin ("Are you havin' Any Fun ?") em faixa que vale todo o cd! Também curti Tony com Juan Luis Guerra ("Just in time"), Thalia ("The Way you Look Tonight"), Vicentico ("Cold,Cold Heart") e principalmente com Vicente Fernandez (" Return to Me/Regresa a Mi ").
Além da faixa com Aguilera, mais duas faixas são cantadas só em inglês. Com Glória Estefan ( desafinada em "Who Can I turn to (When Nobody Needs Me )") e com o americano, filho de portorriquenhos Marc Anthony ("For Once in my life" ).
Sim, Diogo, quis dizer 2011, não 2001. Grato pelo toque. Abs, MauroF
Um adendo: também não gostei das faixas em que Gadú e Ana Carolina cantam. As canções são boas sim, mas não caíram bem para elas.
até Chayenne Curica foi chamada? JesusMariaJosé...
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