Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Convidados alargam eixo estético de Roberto na gravação de 'Reflexões'

Resenha de show - Gravação de especial de TV
Título: Reflexões
Artista: Roberto Carlos (em foto de Estevam Avellar / TV Globo)
Local: Citibank Hall (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 21 de novembro de 2012
Cotação: * * *
Especial programado pela TV Globo para ser exibido em 25 de dezembro de 2012

"Dei uma erradinha", admitiu Arlindo Cruz diante da plateia de convidados, acomodados em cadeiras dispostas no Citibank Hall do Rio de Janeiro (RJ), quando o diretor da gravação ao vivo do show Reflexões solicitou a repetição de O Homem (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1973). Com seu fervoroso refrão professado em ritmo de samba, o repetido tema religioso foi o segundo dos dois números musicais feitos por Arlindo com Roberto na gravação do especial, feita sob a batuta do diretor Jayme Monjardim na noite de 21 de novembro de 2012. "Pior que eu errei na dele e ninguém notou", retrucou Roberto, em alusão à parceria de Arlindo com Mauro Diniz, Meu Lugar (2007), que havia cantado com o sambista globeleza. Mote do especial anual de Roberto Carlos na TV Globo, a ser exibido na noite natalina de 25 de dezembro de 2012, o show Reflexões foi gravado com repetições, pausas e atrasos, seguindo protocolo que visava enquadrar o espetáculo dentro do padrão Globo de qualidade. Em momento de emoção mais real, Michel Teló quebrou esse protocolo de amabilidades ensaiadas (e textos devidamente decorados) e prestou comovente tributo ao seu pai - Aldo Teló, presente na plateia - ao cantar Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1979) com o anfitrião. A presença de convidados com livre trânsito em todas as classes - Arlindo, Teló, Seu Jorge e cinco atrizes da novela Cheias de Charme (TV Globo, 2012), devidamente caracterizadas como suas personagens-cantoras - alargou o rígido eixo estético do repertório de Roberto. A seu modo, o cantor dançou no bailão sertanejo pop de Teló (ao som da inevitável Ai, Se Eu te Pego),caiu no samba com Arlindo - no sucesso Meu Lugar, número que evocou a geografia carioca exposta no grandiloquente cenário de May Martins - e exercitou a malandragem carioca ao dividir com Seu Jorge Amiga da Minha Mulher (Seu Jorge, Gabriel Moura, Rogê e Pretinho da Serrinha). À vontade no baile black, Jorge trilhou antes o caminho soul d'As Curvas da Estrada de Santos (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969), obra-prima da fase em que o então Rei da Juventude fazia a transição da pueril Jovem Guarda para o repertório adulto. A jovialidade do iê-iê-iê É Meu, É Meu, É Meu (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1968) serviu bem ao jogo de sedução armado em cena charmosa com o fictício trio Empreguetes, acrescido de duas personagens, Chayene (Claudia Abreu) e Socorro (Titina Medeiros), vitalizadas na mesma obra de ficção. Sem a presença dos convidados, Roberto desfiou em Reflexões seu habitual rosário de pérolas na companhia da Orquestra RC. Entrou em cena ao som do fox Emoções (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1981), arranhou a canção Detalhes (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1971) ao violão (sem deixar de experimentar nuances na interpretação do surrado tema), entrelaçou canções de tonalidade sensual com texto escrito pela dupla Miéle & Bôscoli para show dos anos 80, distribuiu rosas ao fim de Jesus Cristo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1970), afagou o ego dos súditos em Como É Grande o Meu Amor Por Você (Roberto Carlos, 1967) - e em várias falas dirigidas à platéia - e recontou a (longa) história do cachorro vira-lata que serve de introdução para O Portão (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974). Enfim, as mesmas recicladas emoções de sempre, agoras acrescidas das duas músicas inéditas cedidas para a trilha sonora da novela Salve Jorge (TV Globo, 2012) e recém-lançadas em CD-single. Se o funk melody Furdúncio (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 2012) esfriou o baile, a balada Esse Cara Sou Eu (Roberto Carlos, 2012) aqueceu corações, devolvendo a coroa ao Rei.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"Dei uma erradinha", admitiu Arlindo Cruz diante da plateia de convidados, acomodados em cadeiras dispostas no Citibank Hall do Rio de Janeiro (RJ), quando o diretor da gravação ao vivo do show Reflexões solicitou a repetição de O Homem (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1973). Com seu fervoroso refrão professado em ritmo de samba, o repetido tema religioso foi o segundo dos dois números musicais feitos por Arlindo com Roberto na gravação do especial, feita sob a batuta do diretor Jayme Monjardim na noite de 21 de novembro de 2012. "Pior que eu errei na dele e ninguém notou", retrucou Roberto, em alusão à parceria de Arlindo com Mauro Diniz, Meu Lugar (2007), que havia cantado com o sambista globeleza. Mote do especial anual de Roberto Carlos na TV Globo, a ser exibido na noite natalina de 25 de dezembro de 2012, o show Reflexões foi gravado com repetições, pausas e atrasos, seguindo protocolo que visava enquadrar o espetáculo dentro do padrão Globo de qualidade. Em momento de emoção mais real, Michel Teló quebrou esse protocolo de amabilidades ensaiadas (e textos devidamente decorados) e prestou comovente tributo ao seu pai - Aldo Teló, presente na plateia - ao cantar Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1979) com o anfitrião. A presença de convidados com livre trânsito em todas as classes - Arlindo, Teló, Seu Jorge e cinco atrizes da novela Cheias de Charme (TV Globo, 2012), devidamente caracterizadas como suas personagens-cantoras - alargou o rígido eixo estético do repertório de Roberto. A seu modo, o cantor dançou no bailão sertanejo pop de Teló (ao som da inevitável Ai, Se Eu te Pego),caiu no samba com Arlindo - no sucesso Meu Lugar, número que evocou a geografia carioca exposta no grandiloquente cenário de May Martins - e exercitou a malandragem carioca ao dividir com Seu Jorge Amiga da Minha Mulher (Seu Jorge, Gabriel Moura, Rogê e Pretinho da Serrinha). À vontade no baile black, Jorge trilhou antes o caminho soul d'As Curvas da Estrada de Santos (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969), obra-prima da fase em que o então Rei da Juventude fazia a transição da pueril Jovem Guarda para o repertório adulto. A jovialidade do iê-iê-iê É Meu, É Meu, É Meu (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1968) serviu bem ao jogo de sedução armado em cena charmosa com o fictício trio Empreguetes, acrescido de duas personagens, Chayene (Claudia Abreu) e Socorro (Titina Medeiros), vitalizadas na mesma obra de ficção. Sem a presença dos convidados, Roberto desfiou em Reflexões seu habitual rosário de pérolas na companhia da Orquestra RC. Entrou em cena ao som do fox Emoções (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1981), arranhou a canção Detalhes (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1971) ao violão (sem deixar de experimentar nuances na interpretação do surrado tema), entrelaçou canções de tonalidade sensual com texto escrito pela dupla Miéle & Bôscoli para show dos anos 80, distribuiu rosas ao fim de Jesus Cristo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1970), afagou o ego dos súditos em Como É Grande o Meu Amor Por Você (Roberto Carlos, 1967) - e em várias falas dirigidas à platéia - e recontou a (longa) história do cachorro vira-lata que serve de introdução para O Portão (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974). Enfim, as mesmas recicladas emoções de sempre, agoras acrescidas das duas músicas inéditas cedidas para a trilha sonora da novela Salve Jorge (TV Globo, 2012) e recém-lançadas em CD-single. Se o funk melody Furdúncio (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 2012) esfriou o baile, a balada Esse Cara Sou Eu (Roberto Carlos, 2012) aqueceu corações, devolvendo a coroa ao Rei.

Maurício disse...

pega esse especial, tira as músicas do disco que estiver sendo trabalhado, e vc vai ver que é o meeeeeeeesmo repertório manjado de sempre.