Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Voz do rádio e dos palcos, ícone dos anos 1950, Marlene chega aos 90 anos

 Uma das últimas vozes remanescentes da era do rádio, Marlene - nome artístico da cantora e atriz nascida em 22 de novembro de 1922, em São Paulo (SP), como Victoria Bonaiutti de Martino - chega hoje aos 90 anos como ícone dessa era dourada da música brasileira pré-Bossa Nova. Era que ela soube transcender com a veia dramática e os múltiplos talentos. Nos anos 1970, Marlene soube se reinventar. Shows teatrais como Te pego pela palavra (1974) - cujo registro foi relançado em CD pela EMI Music neste ano de 2012 - atualizaram o repertório da cantora atriz e a sintonizaram com a MPB nascida na era dos festivais. Egressa da era do rádio e dos cassinos, Marlene reinou num tempo de paixões acalentadas nas batalhas dos auditórios das emissoras. Tanto que a voz da estrela foi propagada em ondas nacionais por emissoras de rádio cinco anos antes de a cantora estrear em disco, em 1946, com o 78 rotações por minuto que trazia Swing no morro (Amado Regis e Felisberto Martins) e Ginga ginga moreno (Hélio Nascimento e João de Deus). Mas a carreira - é fato - ganhou impulso somente a partir de 1949, ano em que a controvertida vitória de Marlene no concurso disputado com a eterna rival-amiga Emilinha Borba (1923 - 2005) a entronizou na cobiçada Rádio Nacional e alimentou guerra aditivada pelos fãs e por golpes de marketing. A partir daí, Marlene reinou nos Carnavais, nos teatros (onde estreou como atriz em 1952 na peça Depois do casamento), nos cinemas (tendo atuado em produções como Corações sem piloto e Pif paf) e até no Olympia de Paris, para onde foi conduzida em 1959 por outra rainha da época, Edith Piaf (1915 - 1963). Paralelamente, Marlene deu voz - com ginga, energia, verve e expansividade - a sucessos como Tome polca (Luis Peixoto e José Maria de Abreu, 1950), Lata d'água (Jota Junior e Luiz Antônio, 1952), Zé Marmita (Brasinha e Luiz Antonio, 1953), Mora na filosofia (Monsueto Menezes e Arnaldo Passos, 1955) e O apito no samba (Luiz Bandeira e Luiz Antônio, 1959). Nos  áureos anos 1950, Marlene desafiou o reinado sentimental do samba-canção e caiu no samba com consciência social. Eclética, a cantora transitou também por ritmos nordestinos. Foi relegada a um segundo plano nos efervescentes anos 1960, porém, em 1969/1970, anos do show/disco É a maior!, pegou novamente o bonde, gravando compositores então emergentes como Caetano Veloso e Jorge Ben. Em 1973, a peça Botequim - encenada com Toquinho e Gianfrancesco Guarnieri (1934 - 2006), parceiros na trilha sonora do espetáculo, eternizada em disco lançado pela RGE - fez pulsar mais uma vez a veia teatral de Marlene, intérprete que te pega pela palavra, pela vitalidade, musicalidade e pela garra que não a deixou ficar presa ao passado de glória. É a maior!

7 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Uma das últimas vozes remanescentes da era do rádio, Marlene - nome artístico da cantora e atriz nascida em 22 de novembro de 1922, em São Paulo (SP), como Victoria Bonaiutti de Martino - chega hoje aos 90 anos como ícone dessa sua era. Era que ela soube transcender com sua veia dramática e seus múltiplos talentos. Nos anos 70, Marlene soube se reinventar. Shows teatrais como Te Pego Pela Palavra (1974) - cujo registro foi relançado em CD pela EMI Music neste ano de 2012 - atualizaram o repertório da cantora atriz e a sintonizaram com a MPB nascida na era dos festivais. Egressa da era do rádio e dos cassinos, Marlene reinou num tempo de paixões acalentadas nas batalhas dos auditórios das emissoras. Tanto que sua voz foi propagada em ondas nacionais por emissoras de rádio cinco anos antes de a cantora estrear em disco, em 1946, com o 78 rotações por minuto que trazia Swing no Morro (Amado Regis e Felisberto Martins) e Ginga Ginga Moreno (Hélio Nascimento e João de Deus). Mas a carreira - é fato - ganhou impulso somente a partir de 1949, ano em que sua controvertida vitória no concurso disputado com a eterna rival-amiga Emilinha Borba (1923 - 2005) a entronizou na cobiçada Rádio Nacional e alimentou guerra aditivada pelos fãs e por golpes de marketing. A partir daí, Marlene reinou nos Carnavais, nos teatros (onde estreou como atriz em 1952 na peça Depois do Casamento), nos cinemas (tendo atuado em produções como Corações Sem Piloto e Pif Paf) e até no Olympia de Paris, para onde foi conduzida em 1959 por outra rainha de sua época, Edith Piaf (1915 - 1963). Paralelamente, Marlene deu voz - com ginga, energia, verve e expansividade - a sucessos como Tome Polca (Luis Peixoto e José Maria de Abreu, 1950), Lata d'Água (Jota Junior e Luiz Antônio, 1952), Zé Marmita (Brasinha e Luiz Antonio, 1953), Mora na Filosofia (Monsueto Menezes e Arnaldo Passos, 1955) e O Apito no Samba (Luiz Bandeira e Luiz Antônio, 1959). Nos seus áureos anos 50, Marlene desafiou o reinado sentimental do samba-canção e caiu no samba com consciência social. Eclética, a cantora transitou também por ritmos nordestinos. Foi relegada a um segundo plano nos efervescentes anos 60, mas, a partir de 1970, ano do show/disco É a Maior!, pegou novamente o bonde, gravando compositores então emergentes como Caetano Veloso e Jorge Ben. Em 1973, o show Botequim - encenado com Toquinho e Gianfrancesco Guarnieri (1934 - 2006), parceiros na trilha sonora do espetáculo, eternizada em disco lançado pela RGE - fez pulsar mais uma vez a veia teatral de Marlene, intérprete que te pega pela palavra, pela vitalidade, pela musicalidade e pela garra que não a deixou ficar presa ao seu passado de glória. Viva Marlene 90! É a maior!

Mauro Ferreira disse...

Aviso aos navegantes: sei que a maioria dos sites e fontes diz que Marlene nasceu em 1924. Mas sua correta data de nascimento é 1922, como bem sabem seus fãs mais dedicados. Abs, MauroF

Marcelo Barbosa disse...

Parabéns à ela! Saúde, sucesso e mais reconhecimento à esse grande ícone da nossa MPB.

Rafael disse...

Vida longa a grande diva Marlene! Deveria estar na ativa e na mídia gravando discos, assim como Bibi Ferreira está. É uma pena que o último álbum dela tenha sido lançado ainda em 1996 (!!!). Absurdo!!!

Tombom disse...

É a maior mesmo! Inclusive na longevidade! Salve Marlene!

Anônimo disse...

Sempre que ouço a gravação de viver do amor, música de Chico Buarque,me impressiono, que cantora fantástica foi Marlene.

EDELWEISS1948 disse...

PARABÉNS. UM MONSTRO SAGRADO DE NOSSA MPB.