Título: Teresa Cristina + Os Outros = Roberto Carlos
Artista: Teresa Cristina & Os Outros
Gravadora: Deck
Cotação: * * * *
Não, Teresa Cristina nem sempre canta samba - diferentemente de cantoras que carregam a bandeira do samba como o estandarte que legitima suas carreiras. O CD Teresa Cristina + Os Outros = Roberto Carlos - registro de estúdio do show que estreou no Rio de Janeiro (RJ) na madrugada de 1º de maio de 2011, juntando no palco do Teatro Rival a cantora e compositora carioca com o grupo também carioca Os Outros para cantar o cancioneiro do Rei - é, de certa forma, acerto de contas com a memória afetiva da artista que, garota, cantava músicas de Roberto Carlos no quintal de sua casa. Apesar de ter a pegada roqueira d'Os Outros, grupo egresso da cena indie carioca, o disco caminha em rota até certo ponto conservadora, careta, sem transgressões - o que explica a improvável liberação de Roberto Carlos para que Teresa gravasse seu cancioneiro (aval obtido através do produtor Guto Graça Mello, hábil na feitura do meio de campo necessário para viabilizar a gravação). Nem por isso Teresa Cristina + Os Outros = Roberto Carlos deixa de ser ótimo disco. Mesmo perdendo no confronto com o show (um momento mágico em sua estreia nacional), o álbum - produzido, gravado e mixado por Rodrigo Vidal - se revela interessante. Música alocada na abertura, Ilegal, Imoral ou Engorda (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1976) parece ser recado mandado para sambistas que veem o projeto como uma pulada de cerca da sambista fã de Iron Maiden que gosta de ouvir rock e que vem abrindo parcerias com Katia B e Karina Buhr, entre outros nomes de outras galáxias do universo pop. À vontade num quintal que também é o seu, Teresa reaviva o lado roqueiro do Rei da Juventude brasileira nos anos 60 em músicas como Do Outro Lado da Cidade (1969) - rock que, embora creditado oficialmente a Helena dos Santos, foi efetivamente composto pelo próprio Roberto - e Nada Vai me Convencer (Paulo César Barros, 1969) ao mesmo tempo em que põe sua própria melancolia na interpretação de temas como O Moço Velho (Silvio César, 1973), bela sacação do repertório. A melancolia, aliás, é traço recorrente tanto no cancioneiro de Roberto quanto no canto de Teresa Cristina. Tal afinidade faz com que músicas como O Portão (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974) e a valsa Despedida (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974) soem naturais na voz suave de Teresa. Musicalmente, Os Outros soam sempre tradicionais ao abordar rocks como Você Não Serve pra Mim (Renato Barros, 1967) - cantado por Botika, vocalista do grupo - e canções sensuais como Proposta (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1973). O máximo de ousadia estilística do álbum é a pegada de música nordestina posta em várias passagens do rock Quando (Roberto Carlos, 1967). Por outro lado, o toque tradicionalista do disco realça a arquitetura perfeita destes rocks e canções que, a rigor, dispensam invencionices. Pena que num repertório repleto de pepitas - casos de À Janela (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1972) e de As Curvas da Estrada de Santos (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969) - um tema menor como Cama e Mesa (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1981) tenha garantido sua vaga entre as 14 músicas do CD. Detalhe tão pequeno de disco que engrandece a presença (cada vez mais atuante!) de Teresa Cristina no universo pop brasileiro.
14 comentários:
Não, Teresa Cristina nem sempre canta samba - diferentemente de cantoras que carregam a bandeira do samba como o estandarte que legitima suas carreiras. O CD Teresa Cristina + Os Outros = Roberto Carlos - registro de estúdio do show que estreou no Rio de Janeiro (RJ) na madrugada de 1º de maio de 2011, juntando no palco do Teatro Rival a cantora e compositora carioca com o grupo também carioca Os Outros para cantar o cancioneiro do Rei - é, de certa forma, acerto de contas com a memória afetiva da artista que, garota, cantava músicas de Roberto Carlos no quintal de sua casa. Apesar de ter a pegada roqueira d'Os Outros, grupo egresso da cena indie carioca, o disco caminha em rota até certo ponto conservadora, careta, sem transgressões - o que explica a improvável liberação de Roberto Carlos para que Teresa gravasse seu cancioneiro (aval obtido através do produtor Guto Graça Mello, hábil na feitura do meio de campo necessário para viabilizar a gravação). Nem por isso Teresa Cristina + Os Outros = Roberto Carlos deixa de ser ótimo disco. Mesmo perdendo no confronto com o show (um momento mágico em sua estreia nacional), o álbum - produzido, gravado e mixado por Rodrigo Vidal - se revela interessante. Música alocada na abertura, Ilegal, Imoral ou Engorda (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1976) parece ser recado mandado para sambistas que veem o projeto como uma pulada de cerca da sambista fã de Iron Maiden que gosta de ouvir rock e que vem abrindo parcerias com Katia B e Karina Buhr, entre outros nomes de outras galáxias do universo pop. À vontade num quintal que também é o seu, Teresa reaviva o lado roqueiro do Rei da Juventude brasileira nos anos 60 em músicas como Do Outro Lado da Cidade (1969) - rock que, embora creditado oficialmente a Helena dos Santos, foi efetivamente composto pelo próprio Roberto - e Nada Vai me Convencer (Paulo César Barros, 1969) ao mesmo tempo em que põe sua própria melancolia na interpretação de temas como O Moço Velho (Silvio César, 1973), bela sacação do repertório. A melancolia, aliás, é traço recorrente tanto no cancioneiro de Roberto quanto no canto de Teresa Cristina. Tal afinidade faz com que músicas como O Portão (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974) e Despedida (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1974) soem naturais na voz suave de Teresa. Musicalmente, Os Outros soam quase sempre tradicionais ao abordar rocks como Você Não Serve pra Mim (Renato Barros, 1967) - cantado por Botika, vocalista do grupo - e canções sensuais como Proposta (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1973). O máximo de ousadia estilística do álbum é a pegada de música nordestina posta em várias passagens do rock Quando (Roberto Carlos, 1967). Por outro lado, o toque tradicionalista do disco realça a arquitetura perfeita destes rocks e canções que, a rigor, dispensam invencionices. Pena que num repertório repleto de pepitas - casos de À Janela (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1972) e de As Curvas da Estrada de Santos (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969) - um tema menor como Cama e Mesa (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1981) tenha garantido sua vaga entre as 14 músicas do CD. Detalhe tão pequeno de disco que engrandece a presença (cada vez mais atuante!) de Teresa Cristina no universo pop brasileiro.
Ouvi o disco e gostei bastante. Uma bela homenagem a obra de Roberto feita pela Teresa e Os Outros.
Adoro a Teresa, o disco é bonzinho (escutando no momento), mas prefiro a verve sambista.
Cai fora, Teresa querida! Tua praia é o Samba.
Abs
Esqueci de mencionar: amei Proposta na voz da Teresa.
Teresa é muito ousada, gosto disso!
Marisa Monte sua amiga deveria dar uma ousadinha também, porque tá difícil.
Fui falar da Marisa esqueci de dizer que gostei das músicas na voz dela.
Quero ver a Teresa fazer um disco de versões do Iron! hehhe
Teresa realmente é bem melhor cantando Samba prefiro assim!
Gostei de saber que ela gosta de Rock, demonstra bom gosto musical.
Que capa simples, bonita e interessante, hein?
Teresa vestida de Roberto Carlos, genial...
E ela está linda na foto.
O repertório é meio óbvio, mas vou ouvir.
abração,
Denilson
Ela é maravilhosa e acredito que deve ter feito um trabalho a altura de seus outros projetos. Vou ouvir.
OBS: O comentário sobre a Marisa foi muito pertinente. #mudamarisa rs
Muito bom o trabalho. Recomendo. Acho que alguns cantores devem sempre sair da mesmice como Marisa Monte e Ana Carolina.
Parabens pelo bom gosto. Teresa Cristina e Os Outros! Abçs. Rodolfo http://www.myspace.com/captaguirre.
Parabens pelo bom gosto. Teresa Cristina e Os Outros! Abçs. Rodolfo http://www.myspace.com/captaguirre.
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