Título: Rumo
Artista: Rumo
Gravadora: Dabliú Discos
Cotação: * * * *
Em 1981, um ano antes de a carioca Blitz dar tom coloquial ao pop brasileiro, abrindo as portas da indústria fonográfica para o rock nativo, um grupo chamado Rumo deu outros tons à música brasileira. Fazendo uso do canto falado do cotidiano e de certas dissonâncias, o Rumo - formado originalmente por Akira Ueno, Ciça Tuccori, Gal Oppido, Geraldo Leite, Hélio Ziskind, Luiz Tatit, Ná Ozzetti, Paulo Tatit, Pedro Mourão e Zecarlos Ribeiro - deu outros tons aos sons do Brasil em linguagem experimental que vinha sendo burilada pelo coletivo paulista desde sua formação, em 1974. De cara, o Rumo lançou dois álbuns naquele ano de 1981 - Rumo e Rumo aos Antigos - que fizeram do grupo um dos pilares da Vanguarda Paulista que se desenhava e se consolidaria naquela primeira metade dos anos 80 a reboque dos trabalhos de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção (1949 - 2003). Principal compositor do Rumo, Luiz Tatit - dono de obra tão inovadora quanto as de Arrigo e Itamar, atualmente abordada por Zélia Duncan no celebrado espetáculo teatral Totatiando - deu o tom do Rumo com canções (como Ah!) que resistem bem ao tempo. Assim como a discografia do grupo, ora embalada na caixa Rumo, editada pela gravadora Dabliú Discos neste ano de 2012 com projeto gráfico de Hélio de Almeida. Lançada simultaneamente com o único DVD do grupo (Rumo ao Vivo, editado em 2004 com registro de especial exibido pela TV Cultura e roteirizado com base em show feito e captado na cidade de São Paulo), a caixa Rumo embala os álbuns Rumo (1981), Rumo aos Antigos (1981), Diletantismo (1983), Caprichoso (1985), Quero Passear (1988) - único álbum infantil do grupo - e Rumo ao Vivo (1992 - CD que traz registro de show de 1991). Embora oportunas, as reedições são reproduções fiéis das (caprichadas) reedições postas nas lojas em 2004 pela Distribuidora Independente, da gravadora Trama. Em bom português, a remasterização é a mesma feita em outubro de 2003 por iniciativa do música Paulo Tatit e do selo Palavra Cantada. O ideal seria que a obra do Rumo tivesse passado por novo processo de remasterização para que seu som ainda fresco soasse mais límpido. De todo modo, a caixa Rumo chega às lojas em momento em que Zélia Duncan mostra às novas e velhas gerações a fluência da obra de Luiz Tatit. Obra mote de grupo que também deu voz a Ná Ozzetti, uma das melhores cantoras do Brasil. De 1974 a 1992, o coletivo paulista nunca perdeu o rumo da salutar experimentação de linguagem que deu outros ares à MPB. Por isso, a caixa Rumo é valiosa, oportuna, ainda que as reedições dos seis coerentes álbuns sejam as mesmas de 2004.
6 comentários:
Em 1981, um ano antes de a carioca Blitz dar tom coloquial ao pop brasileiro, abrindo as portas da indústria fonográfica para o rock nativo, um grupo chamado Rumo deu outros tons à música brasileira. Fazendo uso do canto falado do cotidiano e de certas dissonâncias, o Rumo - formado originalmente por Akira Ueno, Ciça Tuccori, Gal Oppido, Geraldo Leite, Hélio Ziskind, Luiz Tatit, Ná Ozzetti, Paulo Tatit, Pedro Mourão e Zecarlos Ribeiro - deu outros tons aos sons do Brasil em linguagem experimental que vinha sendo burilada pelo coletivo paulista desde sua formação, em 1974. De cara, o Rumo lançou dois álbuns naquele ano de 1981 - Rumo e Rumo aos Antigos - que fizeram do grupo um dos pilares da Vanguarda Paulista que se desenhava e se consolidaria naquela primeira metade dos anos 80 a reboque dos trabalhos de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção (1949 - 2003). Principal compositor do Rumo, Luiz Tatit - dono de obra tão inovadora quanto as de Arrigo e Itamar, atualmente abordada por Zélia Duncan no celebrado espetáculo teatral TôTatiando - deu o tom do Rumo com canções (como Ah!) que resistem bem ao tempo. Assim como a discografia do grupo, ora embalada na caixa Rumo, editada pela gravadora Dabliú Discos neste ano de 2012 com projeto gráfico de Hélio de Almeida. Lançada simultaneamente com o único DVD do grupo (Rumo ao Vivo, editado em 2004 com registro de especial exibido pela TV Cultura e roteirizado com base em show feito e captado na cidade de São Paulo), a caixa Rumo embala os álbuns Rumo (1981), Rumo aos Antigos (1981), Diletantismo (1983), Caprichoso (1985), Quero Passear (1988) - único álbum infantil do grupo - e Rumo ao Vivo (1992 - CD que traz registro de show de 1991). Embora oportunas, as reedições são reproduções fiéis das (caprichadas) reedições postas nas lojas em 2004 pela Distribuidora Independente, da gravadora Trama. Em bom português, a remasterização é a mesma feita em outubro de 2003 por iniciativa do música Paulo Tatit e do selo Palavra Cantada. O ideal seria que a obra do Rumo tivesse passado por novo processo de remasterização para que seu som ainda fresco soasse mais límpido. De todo modo, a caixa Rumo chega às lojas em momento em que Zélia Duncan mostra às novas e velhas gerações a fluência da obra de Luiz Tatit. Obra mote de grupo que também deu voz a Ná Ozzetti, uma das melhores cantoras do Brasil. De 1974 a 1992, o coletivo paulista nunca perdeu o rumo da salutar experimentação de linguagem que deu outros ares à MPB. Por isso, a caixa Rumo é valiosa, oportuna, ainda que as reedições dos seis coerentes álbuns sejam as mesmas de 2004.
Bela caixa, hein? O Rumo foi um dos grupos que ajudou a revolucionar o rock nacional, trazendo elementos e sonoridades atuais para a época.
Genial! O Rumo marcou a minha adolescência!
Linda a arte dessas caixas!!!
pena que até a Vanguarda Paulista tenha se rendido ao pop ou à mpb insossa dos anos 1990-2000. Vale reouvir o Rumo e pensar, de novo, em mudar os rumos.
Que máximo! Muito antes da Blitz, quem realmente trouxe uma nova estética para o pop nacional foi o Rumo. Logicamente, não tocava nas FMs, exceto, aqui no Rio, na Fluminense. Guardo até hoje com muito carinho meu LP "Caprichoso".
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