Título: Bebel Gilberto in Rio
Artista: Bebel Gilberto (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Arpoador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 5 de dezembro de 2012
Cotação: * * 1/2
"Ah... O sol caiu, Gringo...", lamentou Bebel após gravar Simplesmente (Bebel Gilberto, Didi Gutman e Marius de Vries, 2004) sob o céu e o sol já poente do Arpoador. "Não tem problema. Ficou lindo", rebateu o diretor da gravação, Gringo Cardia. O número ficou mesmo bonito, mas nem o sol quente do verão de Ipanema foi capaz de elevar a temperatura morna do canto de Bebel Gilberto. Contudo, é inegável que a escolha do Arpoador para cenário natural do primeiro DVD dessa cantora norte-americana, Bebel Gilberto in Rio, foi jogada de mestre que vai potencializar o valor do produto, a ser lançado em 2013 e direcionado sobretudo ao mercado externo. Bebel é cantora que soa mais (ou menos) convincente em gravações de estúdio. Ao vivo, suas hesitações vocais saltam aos ouvidos. De todo modo, o DVD gravado sob a direção de Gringo tem endereço certo: o público que se deixou seduzir pela bossa moderna da artista. Nome brasileiro projetado em escala mundial em 2000, o que justifica o patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro (RJ) em gravação que propagará o nome e as belezas naturais da cidade em todo o universo pop, Bebel Gilberto foi a pessoa certa (a filha de João Gilberto, papa da Bossa Nova) no lugar e no tempo certos (a Nova York da virada do milênio), com o produtor certo, Suba (1961 - 1999), piloto do primeiro consagrador álbum de Bebel, Tanto Tempo (2000), disco que reciclou a Bossa Nova com texturas eletrônicas então inovadoras e que deu projeção global a Bebel. Em Bebel Gilberto in Rio, a artista faz a reciclagem do repertório de seus três primeiros álbuns - a Tanto Tempo, seguiram-se Bebel Gilberto (2004) e Momento (2007) - sob a produção musical de Kassin e Liminha. Este também entrou em cena, como músico convidado de Rio (Simon Le Bon, Andy Taylor, John Taylor, Roger Taylor e Nick Rodes), releitura do sucesso do Duran Duran em 1982, uma das poucas reais novidades do repertório do DVD. Rio é a forma de Bebel saudar sua bela cidade natal sem deixar de falar a língua dos gringos. É para estes que a cantora experimentou releitura climática do Samba da Benção (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1965) e que reviveu sua August Day Song (Bebel Gilberto, Nina Miranda e Chris Frank, 2000) diante do público que circulava desatento pelo calçadão e da plateia mais compenetrada que assistia à gravação sentada nas pedras do Arpoador, distante dos convidados-amigos alocados em bancos de madeiras postos ao redor do palco, simulando o clima de um luau. Clima quebrado a toda hora por questões recorrentes em gravações ao vivo. "Tira essa lata de coca-cola debaixo do masar", pediu Bebel em alto e bom som durante So Nice (a versão em inglês de Norman Gimbel para o mundialmente conhecido Samba de Verão, dos irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle). Ajustes técnicos à parte, para quem já conhece a discografia de Bebel, reouvir canções como Momento (Bebel Gilberto, Masa Shimizu e Mauro Refosco, 2007) foi bem menos surpreendente do que ver a artista cair no bom samba-rap Na Palma da Mão, da lavra do rapper mineiro Flávio Renegado, convidado do percussivo número que abriu a gravação por questões de logística, já que havia um cenário específico para esse número. No mais, Bebel regravou Close Your Eyes (Suba, Patrícia Ermel, Dinho Ouro Preto, Bebel Gilberto e Béco Dranoff, 2000) em clima de samba-jazz (com luzes artificiais nas palmeiras naturais), replantou Bananeira (João Donato e Gilberto Gil, 1975) em sua discografia, reviveu as duas canções-hits que compôs em 1986 com Cazuza (1958 - 1990) e Dé Palmeira na sua pré-história musical - Preciso Dizer que te Amo e Mais Feliz - e deu nova voz a Tranquilo (Kassin), tema que Bebel já gravara com a carioca Orquestra Imperial no álbum Momento. Aganjú (Carlinhos Brown, 2003) e Sem Contenção (Bebel Gilberto, G. Arling e R. Cameron) também integraram o roteiro revisionista da gravação que se estendeu até às 22h35m. O sol, claro, já tinha se posto sem alterar a temperatura do canto de Bebel Gilberto.
7 comentários:
"... Ah, o sol caiu, Gringo...", lamentou Bebel após gravar Simplesmente (Bebel Gilberto, Didi Gutman e Marius de Vries, 2004) sob o céu e o sol já poente do Arpoador. "Não tem problema. Ficou lindo", rebateu o diretor da gravação, Gringo Cardia. O número ficou mesmo bonito, mas nem o sol quente do verão de Ipanema foi capaz de elevar a temperatura morna do canto de Bebel Gilberto. Contudo, é inegável que a escolha do Arpoador para cenário natural do primeiro DVD da cantora e compositor carioca, Bebel Gilberto in Rio, foi jogada de mestre que vai potencializar o valor do produto, a ser lançado em 2013 e direcionado sobretudo ao mercado externo. Bebel é cantora que soa mais (ou menos) convincente em gravações de estúdio. Ao vivo, suas hesitações vocais saltam aos ouvidos. De todo modo, o DVD gravado sob a direção de Gringo tem endereço certo: o público que se deixou seduzir pela bossa moderna da artista. Nome brasileiro projetado em escala mundial, o que justifica o patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro (RJ) em gravação que vai propagar o nome e as belezas naturais da cidade em todo o universo pop, Bebel Gilberto foi a pessoa certa (a filha de João Gilberto, papa da Bossa Nova) no lugar e no tempo certos (a Nova York da virada do milênio), com o produtor certo, Suba (1961 - 1999), piloto do primeiro consagrador álbum de Bebel, Tanto Tempo (2000), disco que reciclou a Bossa Nova com texturas eletrônicas então inovadoras e que deu projeção global a Bebel. Em Bebel Gilberto in Rio, a artitsta faz a reciclagem do repertório de seus três primeiros álbuns - a Tanto Tempo, seguiram-se Bebel Gilberto (2004) e Momento (2007) - sob a produção musical de Kassin e Liminha. Este também entrou em cena, como músico convidado de Rio (Simon Le Bon, Andy Taylor, John Taylor, Roger Taylor e Nick Rodes), releitura do sucesso do Duran Duran em 1982, uma das poucas novidades do repertório do DVD. Rio é a forma de Bebel saudar sua cidade natal sem deixar de falar a língua dos gringos. É para estes que a cantora experimentou releitura climática do Samba da Benção (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1965) e que reviveu sua August Day Song (Bebel Gilberto, Nina Miranda e Chris Frank, 2000) diante do público que circulava desatento pelo calçadão e da plateia mais compenetrada que assistia à gravação sentada nas pedras do Arpoador, distante dos convidados alocados em sofás-cadeiras postos ao redor do palco, simulando o clima de um luau. Clima quebrado a toda hora por questões recorrentes em gravações ao vivo. "Tira essa lata de coca-cola debaixo do masar", pediu Bebel em alto e bom som durante So Nice (a versão em inglês de Norman Gimbel para o mundialmente conhecido Samba de Verão, dos irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle). Ajustes técnicos à parte, para quem já conhece a discografia de Bebel, reouvir canções como Momento (Bebel Gilberto, Masa Shimizu e Mauro Refosco, 2007) foi bem menos surpreendente do que ver a artista cair no samba-rap Na Palma da Mão, da lavra do rapper mineiro Flávio Renegado, convidado do percussivo número que abriu a gravação por questões de logística, já que havia um cenário específico para esse número. No mais, Bebel regravou Close Your Eyes (Suba, Patrícia Ermel, Dinho Ouro Preto, Bebel Gilberto e Béco Dranoff, 2000) em clima de samba-jazz (com luzes artificiais nas palmeiras naturais), replantou Bananeira (João Donato e Gilberto Gil, 1975) em sua discografia, reviveu as duas canções-hits que compôs em 1986 com Cazuza (1958 - 1990) e Dé Palmeira na sua pré-história musical - Preciso Dizer que te Amo e Mais Feliz - e deu nova voz a Tranquilo (Kassin), tema que Bebel já gravara com a carioca Orquestra Imperial no álbum Momento. Aganjú (Carlinhos Brown, 2003) e Sem Contenção (Bebel Gilberto, G. Arling e R. Cameron) também integraram o roteiro revisionista da gravação que se estendeu até às 22h35m. O sol, claro, já tinha se posto sem alterar a temperatura do canto de Bebel Gilberto.
Sim, Bebel não canta nada. Desafina que só. Sua apresentação no Rock in Rio foi um desastre. No entanto tem um timbre muito bonito, diferente. Os discos são bem feitos, leves despretensiosos. Ninguém é perfeito, então...
Gravação de dvd mais chata DA VIDA. Gravar tudo duas vezes? Sério? Com a quantidade de câmeras que tinha cobrindo? Só se justificava quando Bebel errava - errar lendo no TP, vejam só... Muita paciência de quem ficou até o fim. Bebel "ao vivo" nunca mais!
Mauro,
A cidade natal de Bebel não é o Rio: ela nasceu em Nova York.
Abraço!
Não a menor paciência. Morro de sono e preguiça...
Entretanto, curti a escolha do cenário!
Achei bem coerente ter escolhido o gênero "crônica", Mauro. Acho que é isso mesmo.
vi alguns trechos ...canta mal ao vivo heim ... só chegou ai por conta da árvore da família .
Obrigado, KL, já consertei a naturalidade da Bebel.
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