Mauro Ferreira no G1

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sábado, 29 de dezembro de 2012

'Luas do Gonzaga' ilumina valsas feitas antes do reinado de Luiz no baião

Resenha de CD
Título: Luas do Gonzaga - Uma História de Luiz
Artista: Gereba Barreto & Convidados
Gravadora: Maximus / Tratore
Cotação: * * * 1/2

Antes de ser entronizado no posto de Rei do Baião, Luiz Gonzaga (1912 - 1989) compôs, ao longo dos anos 40, valsas e choros instrumentais que permaneceram esquecidos a partir do reinado do baião e do xote em seu cancioneiro. Essa produção seminal é iluminada por Luas do Gonzaga, projeto arquitetado há cinco anos por Gereba Barreto, compositor e músico baiano egresso do setentista grupo Bendegó e em carreira solo desde 1985. Nas lojas neste fim de 2012, ainda a tempo de festejar o centenário de nascimento de Luiz, o CD Luas do Gonzaga tira da escuridão boa produção autoral que, embora se apequene diante da magnitude do cancioneiro forrozeiro do Rei do Baião, tem momentos de beleza e joga luz sobre a incrível versatilidade de Gonzaga como compositor. As valsas e choros instrumentais ganharam versos criados para o projeto de Gereba por letristas e poetas como Abel Silva, autor dos versos de Lygia, valsa cantada por Jorge Vercillo. Batizadas com nomes de mulheres, as valsas dominam o repertório de Luas do Gonzaga. Além de Lygia, há Mara (letrada e cantada por Zeca Baleiro), a especialmente bela Marieta (letrada com lirismo por Fernando Brant e gravada com a voz ainda quente de Jair Rodrigues), Verônica (letrada e interpretada por Lirinha) e Wanda (reapresentada com versos de Tuzé de Abreu e a voz de Flávio Venturini). Estranho no ninho de valsas e choros, o maracatu Rei Bantu (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) evoca nas vozes de Lenine e Margareth Menezes a origem pernambucana de Gonzaga, cuja voz abre o disco em fala captada em 1985 na terra natal do Rei, Exu (PE), ocasião em que Lua admitiu a Gereba sua insatisfação com o obscurantismo dessa sua produção autoral pré-baião. Dos choros, um - Treze de dezembro (Luiz Gonzaga, Zé Dantas e Gilberto Gil) - é bem conhecido, pois já foi gravado por Gilberto Gil, autor dos versos. Em contrapartida, Pisa de Mansinho (Luiz Gonzaga e Xico Bizerra) dá seu primeiro passo - com a letra de Bizerra - neste disco, em gravação feita por Adelmario Coelho e Santanna. Nesse museu de grandes novidades, vale destacar a beleza da inédita canção Sete Luas do Gonzaga, composta por Gereba em tributo a Luiz, letrada por Ronaldo Bastos e gravada com precisão pela voz límpida de Jussara Silveira. E por falar em canto límpido e preciso, Ná Ozzetti é a intérprete da seresteira Luar do Nordeste (Luiz Gonzaga e e J. Velloso), outro destaque do disco, cujo elenco inclui vozes desde sempre identificadas com a obra de Gonzaga, como as de Elba Ramalho - intérprete de Passeando em Paris (Luiz Gonzaga, Gereba Barreto, Bené Fonteles), tema onírico que segue a rota Paris-Rio com sutil toque de canção francesa - e Fagner, voz de Numa Serenata (Luiz Gonzaga e Carlos Pitta). Enfim, com valor musical e documental, Luas do Gonzaga joga luz sobre capítulo importante da história musical de Luiz e se impõe como um dos mais importantes tributos ao artista neste ano em que justa celebração de caráter multimídia reavivou o legado de Luiz Gonzaga em filme, musical de teatro, exposição, shows e discos como este projeto de Gereba. 

6 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Antes de ser entronizado no posto de Rei do Baião, Luiz Gonzaga (1912 - 1989) compôs, ao longo dos anos 40, valsas e choros instrumentais que permaneceram esquecidos a partir do reinado do baião e do xote em seu cancioneiro. Essa produção seminal é iluminada por Luas do Gonzaga, projeto arquitetado há cinco anos por Gereba Barreto, compositor e músico baiano egresso do setentista grupo Bendegó e em carreira solo desde 1985. Nas lojas neste fim de 2012, ainda a tempo de festejar o centenário de nascimento de Luiz, o CD Luas do Gonzaga tira da escuridão boa produção autoral que, embora se apequene diante da magnitude do cancioneiro forrozeiro do Rei do Baião, tem momentos de beleza e joga luz sobre a incrível versatilidade de Gonzaga como compositor. As valsas e choros instrumentais ganharam versos criados para o projeto de Gereba por letristas e poetas como Abel Silva, autor dos versos de Lygia, valsa cantada por Jorge Vercillo. Batizadas com nomes de mulheres, as valsas dominam o repertório de Luas do Gonzaga. Além de Lygia, há Mara (letrada e cantada por Zeca Baleiro), a especialmente bela Marieta (letrada com lirismo por Fernando Brant e gravada com a voz ainda quente de Jair Rodrigues), Verônica (letrada e interpretada por Lirinha) e Wanda (reapresentada com versos de Tuzé de Abreu e a voz de Flávio Venturini). Estranho no ninho de valsas e choros, o maracatu Rei Bantu (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) evoca nas vozes de Lenine e Margareth Menezes a origem pernambucana de Gonzaga, cuja voz abre o disco em fala captada em 1985 na terra natal do Rei, Exu (PE), ocasião em que Lua admitiu a Gereba sua insatisfação com o obscurantismo dessa sua produção autoral pré-baião. Dos choros, um - Treze de dezembro (Luiz Gonzaga, Zé Dantas e Gilberto Gil) - é bem conhecido, pois já foi gravado por Gilberto Gil, autor dos versos. Em contrapartida, Pisa de Mansinho (Luiz Gonzaga e Xico Bizerra) dá seu primeiro passo - com a letra de Bizerra - neste disco, em gravação feita por Adelmario Coelho e Santanna. Nesse museu de grandes novidades, vale destacar a beleza da inédita canção Sete Luas do Gonzaga, composta por Gereba em tributo a Luiz, letrada por Ronaldo Bastos e gravada com precisão pela voz límpida de Jussara Silveira. E por falar em canto límpido e preciso, Ná Ozzetti é a intérprete da seresteira Luar do Nordeste (Luiz Gonzaga e e J. Velloso), outro destaque do disco, cujo elenco inclui vozes desde sempre identificadas com a obra de Gonzaga, como as de Elba Ramalho - intérprete de Passeando em Paris (Luiz Gonzaga, Gereba Barreto, Bené Fonteles), tema onírico que segue a rota Paris-Rio com sutil toque de canção francesa - e Fagner, voz de Numa Serenata (Luiz Gonzaga e Carlos Pitta). Enfim, com valor musical e documental, Luas do Gonzaga joga luz sobre capítulo importante da história musical de Luiz e se impõe como um dos mais importantes tributos ao artista neste ano em que justa celebração de caráter multimídia reavivou o legado de Luiz Gonzaga em filme, musical de teatro, exposição, shows e discos como este projeto de Gereba.

lurian disse...

Gonzaga deixou um punhado de valsas, choros, maracatus e frevos instrumentais. Legal que agora uns ganharam letras e vozes. Apesar de alguns artistas recorrentes ai no cancioneiro de Gonzaga, temos algumas novidades.
A gravadora Joia Moderna bem poderia fazer ressurgir cantoras interessantes ligadas ao universo de Gereba e Gonzaga como Diana Pequeno, Roze e Terezinha de Jesus que podiam constar num disco desses.

Rafael disse...

Ouvi falar deste disco. Curioso para ouvir o resultado final desse disco.

Fábio Passadisco disse...

Acredito que Luiz Gonzaga tenha sido o artista mais homenageado no Brasil pela passagem do seu centenário.

Além desse belo projeto do Gereba, tivemos também o álbum triplo de Thiago Marques Luiz ("100 anos de Gonzagão"), o de duetos produzido por José Milton ("Baião de dois"), o de Mateus Sartori, de Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho, Luizinho Calixto, Alcymar Monteiro & Orquestra Criança Cidadã, Targino Gondim, Anastácia, do Quinteto Violado, do Som da Terra... As coletâneas da Universal e da EMI.

E agora no final do ano, foi lançado aqui no Recife o tributo "O lado B do Gonzagão", onde a nova geração reinterpreta canções de Luiz Gonzaga pouco conhecidas.

Maria disse...

Interessante agora é gravar as canções menos conhecidas do Rei do Baião!
Afinal, dos seus grandes sucessos já estamos bem servidos com tantas homenagens feitas ao seu Centenário.

Douglas Carvalho disse...

Só por Jussara Silveira e Ná Ozzetti já vale o disco.