Resenha de CD
Título: Baião de Dois
Artista: Luiz Gonzaga & convidados
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * *
Pegando carona nos festejos pelo centenário de nascimento de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), o CD Baião de Dois recorre à fórmula dos duetos virtuais, testada com sucesso mundial em 1991 na faixa-título de Unforgettable With Love, álbum lançado por Natalie Cole que apresentava dueto inédito da cantora norte-americana com seu pai Nat King Cole (1919 - 1965) - encontro póstumo viabilizado graças ao avanço das técnicas de gravação de discos. No Brasil, o pioneiro no uso da fórmula foi José Milton, produtor de Altemar Dutra - Nunca Mais Vou te Esquecer (BMG-Ariola, 1992), CD que juntou à voz do cantor mineiro Altemar Dutra (1940 - 1983) às vozes de vários convidados. Não por acaso é José Milton o piloto deste Baião de Dois, em comando dividido com Fagner, um dos idealizadores do projeto (ao lado de Bruno Batista e do próprio José Milton). Por maior que seja o caráter mercantilista do disco, os duetos virtuais soam naturais. Todos os penetras estão à vontade na festa dos 100 anos de Gonzagão, dentro do tom vivaz da obra monumental do Rei do Baião. Chico César percorre com vigor a romantizada Estrada de Canindé (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950), destaque do disco. É no toque da sanfona de Gonzaga - "A voz do Brasil", na definição dada ao instrumento por Zélia Duncan em fala inserida no meio da acelerada versão do baião Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950) - que Dominguinhos cai arretado no Forró de Cabo a Rabo (Luiz Gonzaga e João Silva, 1986) enquanto Zeca Pagodinho entra bem em campo no coco Siri Jogando Bola (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1956) e Zé Ramalho celebra com sua voz cavernosa A Volta da Asa Branca (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1950). Um dos méritos de Baião de Dois é não se escorar somente nos maiores clássicos do artista, jogando luz sobre músicas gravadas por Gonzaga na década de 80, quando somente o Nordeste prestava a devida atenção na discografia do Rei do Baião. Uma dessas músicas é a quadrilha Nem se Despediu de Mim (Luiz Gonzaga e João da Silva, 1986), defendida com graça por Ivete Sangalo no arranjo de apropriado clima junino. Outra é Deixa a Tanga Voar (Luiz Gonzaga e João Silva, 1985), à qual foi adicionada a voz de Jorge de Altinho. Já o delicioso baião que dá título ao disco, Baião de Dois (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950), é receita antiga, mas mostra que a maranhense Alcione conhece o tempero da música nordestina. Outro baião de 1950, Paraíba (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950), junta novamente à voz agreste da paraibana Elba Ramalho, cantora que ao longo dos anos 80 sustentou a bandeira e as vendas da música nordestina em mercado dominado pelo pop rock brasileiro projetado naquela década. Pena que o dispensável coro da faixa destoe do tom do disco, aberto por reciclagem da toada Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949), à qual foram acrescentados a voz de Fagner e instrumentos como a viola de João Lyra e a sanfona de Adelson Viana. Sutis toques de novidade em tema já regravado de todas as formas e em todos os tons. Enfim, Baião de Dois resulta sedutor. O forró é animado. Penetras e convidados de Seu Luiz - Alceu Valença, Gal Costa e Gonzaguinha (1945 - 1991), cujos duetos reais com Gonzaga (gravados nos anos 80) fecham o disco - não se estranham. À altura de Gonzaga, Baião de Dois é danado de bom.
Pegando carona nos festejos pelo centenário de nascimento de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), o CD Baião de Dois recorre à fórmula dos duetos virtuais, testada com sucesso mundial em 1991 na faixa-título de Unforgettable With Love, álbum lançado por Natalie Cole que apresentava dueto inédito da cantora norte-americana com seu pai Nat King Cole (1919 - 1965) - encontro póstumo viabilizado graças ao avanço das técnicas de gravação de discos. No Brasil, o pioneiro no uso da fórmula foi José Milton, produtor de Altemar Dutra - Nunca Mais Vou te Esquecer (BMG-Ariola, 1992), CD que juntou à voz do cantor mineiro Altemar Dutra (1940 - 1983) às vozes de vários convidados. Não por acaso é José Milton o piloto deste Baião de Dois, em comando dividido com Fagner, um dos idealizadores do projeto (ao lado de Bruno Batista e do próprio José Milton). Por maior que seja o caráter mercantilista do disco, os duetos virtuais soam naturais. Todos os penetras estão à vontade na festa dos 100 anos de Gonzagão, dentro do tom vivaz da obra monumental do Rei do Baião. Chico César percorre com vigor a romantizada Estrada de Canindé (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950), destaque do disco. É no toque da sanfona de Gonzaga - "A voz do Brasil", na definição dada ao instrumento por Zélia Duncan em fala inserida no meio da acelerada versão do baião Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950) - que Dominguinhos cai arretado no Forró de Cabo a Rabo (Luiz Gonzaga e João Silva, 1986) enquanto Zeca Pagodinho entra bem em campo no coco Siri Jogando Bola (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1956) e Zé Ramalho celebra com sua voz cavernosa A Volta da Asa Branca (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1950). Um dos méritos de Baião de Dois é não se escorar somente nos maiores clássicos do artista, jogando luz sobre músicas gravadas por Gonzaga na década de 80, quando somente o Nordeste prestava a devida atenção na discografia do Rei do Baião. Uma dessas músicas é a quadrilha Nem se Despediu de Mim (Luiz Gonzaga e João da Silva, 1986), defendida com graça por Ivete Sangalo no arranjo de apropriado clima junino. Outra é Deixa a Tanga Voar (Luiz Gonzaga e João Silva, 1985), à qual foi adicionada a voz de Jorge de Altinho. Já o delicioso baião que dá título ao disco, Baião de Dois (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950), é receita antiga, mas mostra que a maranhense Alcione conhece o tempero da música nordestina. Outro baião de 1950, Paraíba (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950), junta novamente à voz agreste da paraibana Elba Ramalho, cantora que ao longo dos anos 80 sustentou a bandeira e as vendas da música nordestina em mercado dominado pelo pop rock brasileiro projetado naquela década. Pena que o dispensável coro da faixa destoe do tom do disco, aberto por reciclagem da toada Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949), à qual foram acrescentados a voz de Fagner e instrumentos como a viola de João Lyra e a sanfona de Adelson Viana. Sutis toques de novidade em tema já regravado de todas as formas e em todos os tons. Enfim, Baião de Dois resulta sedutor. O forró é animado. Penetras e convidados de Seu Luiz - Alceu Valença, Gal Costa e Gonzaguinha (1945 - 1991), cujos duetos reais com Gonzaga (gravados nos anos 80) fecham o disco - não se estranham. À altura de Gonzaga, Baião de Dois é danado de bom.
ResponderExcluirDesde que soube do lançamento desse disco que estou curioso para ouvir como ficou o resultado final dessa mistureba. Não estou com tão boas expectativas a esse projeto, que mais me parece ser mais um caça-níqueis de altíssimo teor. Vou aguardar para conferir o resultado final.
ResponderExcluirQuanto mais homenagens para Gonzagão melhor!
ResponderExcluirForró não é um dos meus gêneros músicais favoritos, mas sempre tem espaço pra ele e Dominguinhos por falar nisso, deixo aqui um disco feito pelo Targino Gondim em dois volumes dedicado ao Rei Do Baião: http://targinogondim.com.br/2009-cancoes-de-luiz-vol-1/
http://targinogondim.com.br/2012-cancoes-de-luiz-vol-2/
Mauro.
ResponderExcluirEssa já é a segunda vez que Luiz Gonzaga é homenageado em duetos virtuais; o primeiro foi com "Duetos com Mestre Lua" (também da Sony Music), com os duetos virtuais com Daniel Gonzaga, Chico Buarque, Chitãozinho & Xororó, Lenine, Rastapé, Zé Ramalho e Falamansa... Além dos duetos reais com Fagner, Elba, Gal, Dominguinhos, Milton Nascimento e Emilinha Borba, também presentes no disco.
Também chegou às lojas o aguardado "Luas de Gonzaga", produzido pelo baiano Gereba Barreto, onde letristas como Abel Silva, Ronaldo Bastos, Gilberto Gil, Xico Bizerra, Zeca Baleiro, Maciel Melo, Fernando Brant, entre outros, letraram antigas valsas e choros do Rei do Baião.
ResponderExcluirAs músicas são interpretadas por Jussara Silveira, Ná Ozzetti, Margareth Menezes, Dominguinhos. Gilberto Gil, Lenine, Zeca Baleiro, Fagner, Flávio Venturinni...
Fábio Passadisco, sou de BH e como você deve saber, os discos dos artistas nordestinos nunca chegam aqui no Sudeste. Como poderia para fazer para comprar discos através da tua loja? Você tem algum site onde eu possa checar todo o acervo de discos que você tem à venda para que eu possa comprar contigo? Se sim, por favor, me informe aqui. Aguardarei resposta.
ResponderExcluirMuito bom ver todas essas homenagens no centenário do Gonzagão.
ResponderExcluirServe para as gerações mais novas tomarem conhecimento de sua imensa obra.
Trata-se realmente um artista único.
Rafael M.
ResponderExcluirMeu e-mail é: contato@passadisco.com.br
LG é o músico brasileiro mais influente da primeira metade do século 20; o da segunda metade é João Gilberto. E esses dois estão muito acima - e à frente - de todos os outros.
ResponderExcluirInteressante que o Brasil foi pioneiro na técnica de duetos do além muito antes mesmo de Natalie Cole, basta conferir na homenagem que fizeram a Evaldo Braga e o dueto entre pai e filho, no caso Paulo Sério e o seu pimpolho.
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