Resenha de CD e DVD
Título: Cabeça Dinossauro Ao Vivo 2012
Artista: Titãs
Gravadora: Titãs - Diversão e Arte / Universal Music
Cotação: * * * 1/2
A gravação ao vivo do show em que os Titãs revisitam uma das obras-primas de sua irregular discografia - Cabeça Dinossauro, álbum de 1986 que deu uma cara ao então multifacetado som do grupo paulista - tem o mérito de mostrar que o pulso ainda pode pulsar. Três após diluir a batida de seu rock sob a batuta do produtor Rick Bonadio em álbum (Sacos Plásticos, 2009) que desonrou a memória da discografia pregressa da banda formada em São Paulo (SP) nos idos de 1982, os Titãs voltam a um salutar Estado Violência neste registro do show captado por oito câmeras em 9 de junho de 2012 no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ). É fato que a ausência de Arnaldo Antunes é sentida na gravação - assim como a de Marcelo Fromer (1961 - 2001). Nando Reis e Charles Gavin também fazem falta. Os quatro estavam no grupo em 14 de março de 1987, data de incendiário show no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro (RJ). Na ocasião, o público ensandecido expôs sua face destruidora e quebrou o teatro, entrando na vibe punk de Cabeça Dinossauro e mostrando a força latente no poderoso repertório de um disco que se tornou um clássico quase instantâneo do rock brasileiro num ano glorioso em que Legião Urbana e Paralamas do Sucesso também apresentaram obras-primas. Decorridos 25 anos daquela apresentação consagradora no Rio, os Titãs já estão reduzidos à metade. Mas requentam bem, na pressão, um repertório roqueiro que está sempre em ponto de ebulição. Ao optar por finalizar a gravação em preto e branco, o diretor Oscar Rodrigues Alves realça a crueza do som dos Titãs. Com o reforço do baterista Mario Fabre, Branco Mello (voz e baixo), Paulo Miklos (voz e guitarra), Sérgio Britto (voz,
teclado e baixo) e Tony Bellotto (guitarra) se viram bem sem os antigos companheiros de banda. Mas o destaque na parte vocal é Paulo Miklos, absolutamente punk ao encarar A Face do Destruidor (Arnaldo Antunes e Paulo Miklos), música que os Titãs poucas vezes haviam tocado ao vivo. Sim, Cabeça Dinossauro Ao Vivo 2012 pode até soar por vezes como um prato requentado, um prato feito para aumentar a sobrevida da banda. Contudo, a força perene e gutural de músicas como AAUU (Marcelo Fromer e Sergio Britto), Polícia (Tony Bellotto), Estado Violência (Charles Gavin), Bichos Escrotos (Nando Reis, Arnaldo Antunes e Sergio Britto), Homem Primata (Marcelo Fromer, Ciro Pessoa, Nando Reis e Sergio Britto) e a funkeada O Quê (Arnaldo Antunes - cantada por Miklos no revival de 2012) remexem em ainda abertas feridas sociais. Como negar a permanente atualidade de Dívidas (Branco Mello e Arnaldo Antunes), música menos inspirada, feita com toque de reggae? Mesmo que já tenham perdido parte de sua força pela saída de membros vitais, os Titãs acertam suas contas com o público dos anos 80 ao reabrir Cabeça Dinossauro.
A gravação ao vivo do show em que os Titãs revisitam uma das obras-primas de sua irregular discografia - Cabeça Dinossauro, álbum de 1986 que deu uma cara ao então multifacetado som do grupo paulista - tem o mérito de mostrar que o pulso ainda pode pulsar. Três após diluir a batida de seu rock sob a batuta do produtor Rick Bonadio em álbum (Sacos Plásticos, 2009) que desonrou a memória da discografia pregressa da banda formada em São Paulo (SP) nos idos de 1982, os Titãs voltam a um salutar Estado Violência neste registro do show captado por oito câmeras em 9 de junho de 2012 no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ). É fato que a ausência de Arnaldo Antunes é sentida na gravação - assim como a de Marcelo Fromer (1961 - 2001). Nando Reis e Charles Gavin também fazem falta. Os quatro estavam no grupo em 14 de março de 1987, data de incendiário show no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro (RJ). Na ocasião, o público ensandecido expôs sua face destruidora e quebrou o teatro, entrando na vibe punk de Cabeça Dinossauro e mostrando a força latente no poderoso repertório de um disco que se tornou um clássico quase instantâneo do rock brasileiro num ano glorioso em que Legião Urbana e Paralamas do Sucesso também apresentaram obras-primas. Decorridos 25 anos daquela apresentação consagradora no Rio, os Titãs já estão reduzidos à metade. Mas requentam bem, na pressão, um repertório roqueiro que está sempre em ponto de ebulição. Ao optar por finalizar a gravação em preto e branco, o diretor Oscar Rodrigues Alves realça a crueza do som dos Titãs. Com o reforço do baterista Mario Fabre, Branco Mello (voz e baixo), Paulo Miklos (voz e guitarra), Sérgio Britto (voz, teclado e baixo) e Tony Bellotto (guitarra) se viram bem sem os antigos companheiros de banda. Mas o destaque na parte vocal é Paulo Miklos, absolutamente punk ao encarar A Face do Destruidor (Arnaldo Antunes e Paulo Miklos), música que os Titãs nunca haviam tocado ao vivo. No todo, Cabeça Dinossauro Ao Vivo 2012 pode até soar por vezes como um prato requentado, um prato feito para aumentar a sobrevida da banda. Contudo, a força perene e gutural de músicas como AAUU (Marcelo Fromer e Sergio Britto), Polícia (Tony Bellotto), Estado Violência (Charles Gavin), Bichos Escrotos (Nando Reis, Arnaldo Antunes e Sergio Britto), Homem Primata (Marcelo Fromer, Ciro Pessoa, Nando Reis e Sergio Britto) e a funkeada O Quê (Arnaldo Antunes - cantada por Miklos no revival de 2012) remexem em ainda abertas feridas sociais. Como negar a permanente atualidade de Dívidas (Branco Mello e Arnaldo Antunes), música menos inspirada, feita com toque de reggae? Mesmo que já tenham perdido parte de sua força pela saída de membros vitais, os Titãs acertam suas contas com o público dos anos 80 ao reabrir Cabeça Dinossauro.
ResponderExcluirNovamente "Cabeça Dinossauro", só que agora ao vivo? A banda vai ficar montada somente neste álbum para querer vender discos? Daqui a pouco lançam mais uma versão deste disco, um "gravado ao vivo no estúdio".
ResponderExcluirAchei interessante quando relançaram esse disco remasterizado recentemente, mas não vejo nenhum significado no lançamento deste.
ResponderExcluirDepois "Jesus Não tem dentes..." ao vivo, "O Blesq Blom" ao vivo, "Tudo ao mesmo tempo..." ao vivo, "Titanomaquia" ao vivo... Se for pra apresentar bobagens inéditas como "Fala Renata" que façam até "Domingo" ao vivo.
ResponderExcluirE Mauro, "A Face do Destruidor" fazia parte do setlist do show no Hollywood Rock em 1992.
Grato pelo toque, Por Que Você Faz Poema?. Vc tem razão. Confiei no release e me dei mal. Abs, MauroF
ResponderExcluirSei não, sei não... Show por show, neste ano de retrospectiva para os Titãs, prefiro ficar com o de 30 anos - exatamente por ter reposto as perdas, pelo menos por uma noite.
ResponderExcluirPelo menos no show do "Cabeça" a que fui, em SP, senti-me extremamente constrangido. Aquilo foi um simulacro do que o disco realmente é, uma mentirinha. O único momento que me empolgou foi a recriação de "O que".
Concordo que o disco recuperou um pouco a legendária raça do agora quarteto no palco. Mas espero que usem esse "espírito recuperado" para criarem coisas novas. Ruins ou boas, para mim, não importam. Nem um pouquinho. Mas criação em arte, para mim, é item sine qua non.
Felipe dos Santos Souza
Oi, Felipe, entendo seu ponto de vista. Não vi nenhum dos dois shows ao vivo. Mas, ao menos no DVD, o 'Cabeça 2012' me soa digno. É claro que nada do que foi é do jeito que já foi um dia, como diria o Lulu, mas acho que - após 'Sacos Plásticos' - essa revisita ao 'Cabeça' repõe os Titãs nos trilhos. Abs, MauroF
ResponderExcluirDigno, até acho que o "Cabeça 2012" é, Mauro.
ResponderExcluirComo "A melhor banda..." e "Como estão vocês?" eram dignos. Aliás, discos que foram soterrados pelos sucessos que tiveram no rádio ("Epitáfio" e "Enquanto houver sol"), o que escondeu um conteúdo bom, no geral.
Mas, além de achar o "Cabeça" um simulacro, torço para que a onda retrospectiva tenha apenas reacendido a chama para que a banda volte a ter a dignidade perdida com o inoportuno "Titãs MTV ao vivo" e o estranho "Sacos Plásticos".
Felipe dos Santos Souza
P.S.: Mauro, você tem algum contato por e-mail? Gostaria de pedir-lhe uma coisa.
Sim, Felipe, tenho. Entre na página do Notas no Facebook e manda uma mensagem que eu te respondo com meu e-mail. Abs, MauroF
ResponderExcluirFiquem com o cd remasterizado.
ResponderExcluir- Música boa, com conteúdo relevante.
Trata-se do rock brasileiro em uma de suas melhores formas -
E deixem esse de 2012 para quem acredita em reconstituição íntima.
Afinal, dignidade - ainda mais em uma banda de rock - é que nem hímem. Uma vez perdida...
Acho a comemoração legítima, afinal é um grande disco. É representativo na vida de muita gente, inclusive na minha. É uma grande banda, pra SEMPRE. Tem imensa relevância na música brasileira. A dignidade reside justamente na contribuição que deram, e dão a ela. E quem quiser que rosne à vontade.
ResponderExcluirFoi uma grande banda. Atenção ao tempo do verbo, Danilo.
ResponderExcluirE, sim, claro, tem enorme relevância na música brasileira.
Foram, olha o tempo do verbo aí de novo, a melhor banda dos anos 80.
A que tinha mais a dizer. Com letras consistentes, poéticas e contestadoras.
Porém, ah porém, o tempo não só rosnou como mordeu a bunda mole deles. :-)
Como diria Cartola: Acontece.
A pior letra que esse disco tem é a de Igreja. Como foi que esse luxo de banda teve coragem de fazer esse lixo de letra? Como católico, me sinto ofendido com esses versos, com essas palavras. Tudo bem que os Titãs são um dos maiores grupos musicais do Brasil, mas essa letra que eles escreveram é uma tremenda falta de respeito com os católicos e os cristãos em geral.
ResponderExcluir