Resenha de CD e DVD
Título: Músicas Para Churrasco Vol. 1 Ao Vivo na Quinta da Boa Vista
Artista: Seu Jorge
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * *
Seu Jorge faz a festa da raça no registro ao vivo de show originado de seu álbum Músicas para churrasco vol. 1 (2011). Neste disco assumidamente popular, o artista carioca acertou o ponto de música feita para animar as lajes de população marginalizada pelas elites socais. Contudo, no CD e DVD duplos Músicas para churrasco vol. 1 Ao vivo na Quinta da Boa Vista (2012), Jorge extrapola o som das lajes sem jamais pô-lo em segundo plano - até porque músicas como A doida (Seu Jorge, Pretinho da Serrinha e Leandro Fab), Vizinha (Seu Jorge, Pretinho da Serrinha, Gabriel Moura e Rogê - tema regravado ao vivo por Jorge com o cantor Alexandre Pires), Dia de comemorar (Seu Jorge, Pretinho da Serrinha, Gabriel Moura e Rogê) e o hit Burguesinha (Seu Jorge, Pretinho da Serrinha, Gabriel Moura) pontuam o roteiro do início ao fim. Mas se há um fio condutor no roteiro deste show - extremamente bem filmado para edição em DVD, sob a produção e a direção artística do próprio Seu Jorge e da empresária Paula Lavigne - é a exposição orgulhosa da negritude, da música preta brasileira propagada por nomes afins como Sandra de Sá, natural convidada do funk Olhos coloridos (Macau). Por isso mesmo, faz todo sentido o show ter sido feito e gravado em 20 de novembro de 2011, Dia da Consciência Negra, ao ar livre, de graça, no parque Quinta da Boa Vista, local de fácil acesso à população do Rio de Janeiro (RJ). "Todo dia é dia de preto", sentencia Mano Brown, voz do grupo paulista de rap Racionais MC's antes de fazer o discurso de Diário de um detento (Mano Brown e Jocenir). Seu Jorge tem tanta moral que até os Racionais saíram do gueto para encenar seu Negro drama (Mano Brown) com o colega carioca, conhecedor da dura realidade cotidiana da população negra e pobre. Dentro desse universo, também faz todo sentido a inclusão de Zé do Caroço, samba de 1980 em que a compositora Leci Brandão alertou para o redesenho do poder nas favelas, comunidades em que convivem personagens como o Preto do Beco perfilado pelo Trio Preto + 1 no sambalanço homônimo de Pretinho da Serrinha e Leandro Fab, parceiros de Jorge. Sim, a festa da raça é animada e cai no suingue que Jorge domina como poucos no Brasil. Suingue que extrapola ritmos, passando pelo funk-soul brasileiro de Tim Maia (1942 - 1998) - lembrado com abordagem dance de Sossego, hit autoral do Síndico em 1978 - e pelo r & b à moda brasileira, exemplificado em Quem não quer sou eu (Seu Jorge, Gabriel Moura e Adriano Trindade). E é claro que a festa da raça brasileira inclui naturalmente o samba, o que justifica a presença de Zeca Pagodinho entre os convidados. Com Pagodinho, Jorge canta pot-pourri de partidos altos que sempre integraram a trilha sonora das lajes desde que o samba é samba. Com passe livre nesse universo, Caetano Veloso entra em cena para cantar com Jorge Desde que o samba é samba (Caetano Veloso, 1992) e passar cantada na Pretinha com registro mais íntimo, calcado no violão, de São Gonça (Seu Jorge). Hit de Xuxa em 1986, Ilariê (Cid Guerreiro, Dito e Ceinha) é a única música deslocada na festa. Contudo, Jorge jamais nega a raça neste Músicas para churrasco vol. 1 Ao vivo na Quinta da Boa Vista. Salve Jorge, o anfitrião da festa da raça brasileira em seu melhor DVD.
Seu Jorge faz a festa da raça no registro ao vivo de show originado de seu álbum Músicas Para Churrasco Vol. 1 (2011). Neste disco assumidamente popular, o artista carioca acertou o ponto de música feita para animar as lajes de população marginalizada pelas elites socais. Contudo, no CD e DVD duplos Músicas Para Churrasco Vol. 1 Ao Vivo na Quinta da Boa Vista, Jorge extrapola o som das lajes sem jamais colocá-lo em segundo plano - até porque músicas como A Doida (Seu Jorge, Pretinho da Serrinha e Leandro Fab), Vizinha (Seu Jorge, Pretinho da Serrinha, Gabriel Moura e Rogê - tema regravado ao vivo por Jorge com o cantor Alexandre Pires), Dia de Comemorar (Seu Jorge, Pretinho da Serrinha, Gabriel Moura e Rogê) e o hit Burguesinha (Seu Jorge, Pretinho da Serrinha, Gabriel Moura) pontuam o roteiro do início ao fim. Mas se há um fio condutor no roteiro deste show - extremamente bem filmado para edição em DVD, sob a produção e a direção artística do próprio Seu Jorge e da empresária Paula Lavigne - é a exposição orgulhosa da negritude, da música preta brasileira propagada por nomes como Sandra de Sá, natural convidada do funk Olhos Coloridos (Macau). Por isso mesmo, faz todo sentido o show ter sido feito e gravado em 20 de novembro de 2011, Dia da Consciência Negra, ao ar livre, de graça, no parque Quinta da Boa Vista, local de fácil acesso à população do Rio de Janeiro (RJ). "Todo dia é dia de preto", sentencia Mano Brown, voz do grupo paulista de rap Racionais MC's antes de fazer o discurso de Diário de um Detento (Mano Brown e Jocenir). Seu Jorge tem tanta moral que até os Racionais saíram do gueto para encenar seu Negro Drama (Mano Brown) com o colega carioca, conhecedor da dura realidade cotidiana da população negra e pobre. Dentro desse universo, também faz todo sentido a inclusão de Zé do Caroço, samba de 1980 em que a compositora Leci Brandão alertou para o redesenho do poder nas favelas, comunidades em que convivem personagens como o Preto do Beco perfilado pelo Trio Preto + 1 no sambalanço homônimo de Pretinho da Serrinha e Leandro Fab, parceiros de Jorge. Sim, a festa da raça é animada e cai no suingue que Jorge domina como poucos no Brasil. Suingue que extrapola ritmos, passando pelo funk-soul brasileiro de Tim Maia (1942 - 1998) - lembrado com abordagem dance de Sossego, hit autoral do Síndico em 1978 - e pelo r & b à moda brasileira, exemplificado em Quem Não Quer Sou Eu (Seu Jorge, Gabriel Moura e Adriano Trindade). E é claro que a festa da raça brasileira inclui naturalmente o samba, o que justifica a presença de Zeca Pagodinho entre os convidados. Com Pagodinho, Jorge canta pot-pourri de partidos altos que sempre integraram a trilha sonora das lajes desde que o samba é samba. Com passe livre nesse universo, Caetano Veloso entra em cena para cantar com Jorge Desde que o Samba É Samba (Caetano Veloso, 1992) e passar cantada na Pretinha com registro mais íntimo, calcado no violão, de São Gonça (Seu Jorge). Sucesso de Xuxa em 1986, Ilariê (Cid Guerreiro, Dito e Ceinha) é a única música deslocada na festa. Mesmo assim, Seu Jorge jamais nega a raça neste Músicas Para Churrasco Vol. 1 Ao Vivo na Quinta da Boa Vista. Salve Jorge, o anfitrião da festa da raça brasileira em seu melhor DVD.
ResponderExcluirO disco de estúdio é bom, porém não é o melhor trabalho dele. Acho que ele tem coisas mais interessantes já lançadas. Acho "Tive Razão" uma da mais belas canções compostas, um samba lindo. A versão ao vivo deste álbum é mais auê do que tão interessante de fato. Tem alguns números interessantes, mas no geral não é tão empolgante.
ResponderExcluirTenho uma relação dúbia com Seu Jorge. Tem coisas que eu gosto muito e outras que acho muito chatas... Mas que ele tem tudo pra ser grande, isso tem!
ResponderExcluirO Seu Jorge é um cara múltiplo que tem uma posição dúbia no mercado.
ResponderExcluirOutro dia li uma entrevista em que ele dizia:
"Peguei com a Ana Carolina, do dueto com ela, um público que eu não tinha"
Ele nitidamente ia por um caminho - vide o primeiro disco, o segundo, o lance de ator cult na gringa...
e deu uma guinada de 180 graus.
Sentiu o gostinho da fama e da grana, em escalas bem maiores, e popularizou o som.
Enfim, ele é capaz de tocar com a Nação Zumbi e com Cláudia Leite e ser super bem recebido pelos dois públicos.
Isso é um baita mérito. Mas acho que grande, grande ele não será justamente por causa disso.
Acho que um artista pode e até deve ser múltiplo, mas tem que ter uma cara só.
PS: Tenho, e gosto muito, seu primeiro DVD - MTV Apresenta.
Várias pérolas de seu primeiro disco. O ótimo Samba Esporte Fino.
Com essa declaração dele posso concluir que Ana Carolina é um midas ao contrário.
ResponderExcluirEle era muito melhor antes desse dueto.
Também acho que antes da Ana Carolina ele era bem melhor.
ResponderExcluirMas ele tem muito carisma e uma ótima voz.
Abração, denilson
Não sei o que adianta ele ser melhor (segundo você) antes da Ana Carolina, mas ser um melhor conhecido por 5 pessoas. Uma artista sem reconhecimento, sem público, torna sua arte nula.
ResponderExcluirBoa tarde, tah rolando uma musica dele na radio "quem nao quer sou eu", há tempos eu nao ouvia uma musica tao chata. Terrivel, Seu Jorge errou feio nessa musica, pra lá de chata.
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