Título: Minha serenata
Artista: Cauby Peixoto
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * *
Minha serenata, o bom CD de Cauby Peixoto que a gravadora paulista Lua Music começa efetivamente a pôr nas lojas neste mês de janeiro de 2013, é título atípico na discografia do cantor fluminense pelo tom seresteiro da gravação ao vivo captada em dois shows feitos pelo artista no Teatro Fecap, em São Paulo (SP), em 19 e 20 maio de 2012, sob a produção de Thiago Marques Luiz. Prestes a fazer 82 anos de vida, a serem completados em 10 de fevereiro, Cauby faz sua serenata no outono das paixões, nos apropriados tons suaves de seus últimos álbuns. Possivelmente o único intérprete remanescente da era do rádio que ainda permanece em contínua atividade, gravando discos e fazendo shows com regularidade, Cauby põe sua assinatura vocal em repertório de alto nível. Neste registro plácido, o cantor dá voz a valsas e canções que evocam o universo musical de cantores seresteiros como Silvio Caldas (1908 - 1988), intérprete original das valsas A deusa da minha rua (Newton Teixeira e Jorge Faraj, 1939) e Três lágrimas (Ary Barroso, 1941), dois dos 12 temas entoados por Cauby na companhia de quarteto, arranjado sob a direção musical do violonista Ronaldo Rayol. Com música-título de 1971, assinada pela dupla de compositores Jair Amorim e Evaldo Gouveia (parceiros identificados com o tom passional e folhetinesco da canção popular), o CD Minha serenata alinha músicas inéditas na voz de Cauby, casos da belíssima valsa Velho realejo (Custódio Mesquita e Sadi Cabral, 1940) e de Por quem sonha Ana Maria (Juca Chaves, 1960), modinha embalada pelo acordeom de Iuri Salvagnini e pela flauta de Gustavo Benedetti, convidado da faixa. As duas músicas se destacam neste disco que peca pela edição descuidada. São ouvidos fragmentos de falas de Cauby que não se completam. Sem o calor dos registros ao vivo, o CD Minha serenata acaba se escorando na beleza do cancioneiro selecionado por Cauby com Thiago Marques Luiz. São pérolas do passado como Súplica (Déo, José Marcílio e Octávio Gabus Mendes), valsa sem rimas, cujo tom lacrimoso é sublinhado na gravação de Cauby pela flauta de Ubaldo Versoalto. Súplica foi composta em 1938 e lançada em disco em 1940 por Orlando Silva (1915 - 1978), outro cantor que Cauby reverencia em sua serenata. Fora do universo seresteiro dos anos 30 e 40, o CD rebobina A flor e o cais (Wagner Tiso e Geraldo Carneiro, 2006), De volta pro aconchego (Dominguinhos e Nando Cordel, 1985) - toada que destoa do clima seresteiro do disco - e Eterno rouxinol, música que Sueli Costa e Abel Silva fizeram em 1986 para celebrar o canto emblemático de Cauby Peixoto. Lançada na voz do homenageado, no obscuro disco Cauby! (Top Tape, 1986), Eterno rouxinol inicia a serenata outonal de Cauby Peixoto no disco, sinalizando a perenidade do canto ora seresteiro do artista.
4 comentários:
Minha serenata, o bom CD de Cauby Peixoto que a gravadora paulista Lua Music começa efetivamente a pôr nas lojas neste mês de janeiro de 2013, é título atípico na discografia do cantor fluminense pelo tom seresteiro da gravação ao vivo captada em dois shows feitos pelo artista no Teatro Fecap, em São Paulo (SP), em 19 e 20 maio de 2012, sob a produção de Thiago Marques Luiz. Prestes a fazer 82 anos de vida, a serem completados em 10 de fevereiro, Cauby faz sua serenata no outono das paixões, nos apropriados tons suaves de seus últimos álbuns. Possivelmente o único intérprete remanescente da era do rádio que ainda permanece em contínua atividade, gravando discos e fazendo shows com regularidade, Cauby põe sua assinatura vocal em repertório de alto nível. Neste registro plácido, o cantor dá voz a valsas e canções que evocam o universo musical de cantores seresteiros como Silvio Caldas (1908 - 1988), intérprete original das valsas A deusa da minha rua (Newton Teixeira e Jorge Faraj, 1939) e Três lágrimas (Ary Barroso, 1941), dois dos 12 temas entoados por Cauby na companhia de quarteto, arranjado sob a direção musical do violonista Ronaldo Rayol. Com música-título de 1971, assinada pela dupla de compositores Jair Amorim e Evaldo Gouveia (parceiros identificados com o tom passional e folhetinesco da canção popular), o CD Minha serenata alinha músicas inéditas na voz de Cauby, casos da belíssima valsa Velho realejo (Custódio Mesquita e Sadi Cabral, 1940) e de Por quem sonha Ana Maria (Juca Chaves, 1960), modinha embalada pelo acordeom de Iuri Salvagnini e pela flauta de Gustavo Benedetti, convidado da faixa. As duas músicas se destacam neste disco que peca pela edição descuidada. São ouvidos fragmentos de falas de Cauby que não se completam. Sem o calor dos registros ao vivo, o CD Minha serenata acaba se escorando na beleza do cancioneiro selecionado por Cauby com Thiago Marques Luiz. São pérolas do passado como Súplica (Déo, José Marcílio e Octávio Gabus Mendes), valsa sem rimas, cujo tom lacrimoso é sublinhado na gravação de Cauby pela flauta de Ubaldo Versoalto. Súplica foi composta em 1938 e lançada em disco em 1940 por Orlando Silva (1915 - 1978), outro cantor que Cauby reverencia em sua serenata. Fora do universo seresteiro dos anos 30 e 40, o CD rebobina A flor e o cais (Wagner Tiso e Geraldo Carneiro, 2006), De volta pro aconchego (Dominguinhos e Nando Cordel, 1985) - toada que destoa do clima seresteiro do disco - e Eterno rouxinol, música que Sueli Costa e Abel Silva fizeram em 1986 para celebrar o canto emblemático de Cauby Peixoto. Lançada na voz do homenageado, no obscuro disco Cauby! (Top Tape, 1986), Eterno rouxinol inicia a serenata outonal de Cauby Peixoto no disco, sinalizando a perenidade do canto ora seresteiro do artista.
Bom saber que Cauby não está mais sem gravadora e ainda continua na Lua Music. Bom também saber que está sendo lançado um novo disco dele. Um grande cantor como ele merece tudo de bom, e um pouquinho mais.
Repertório de primeira! Vou conferir.
Mas acho que ficaria melhor se não fosse ao vivo.
Pena que a maioria das canções já foi gravada por Cauby. Poderia ter feito um repertório de canções totalmente inéditas em sua voz. Também acho que deveria ser um disco de estúdio. Chega dessa overdose de discos ao vivo.
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