Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Semelhança com Wonder empalidece identidade do (ótimo) Allen Stone

Resenha de CD
Título: Allen Stone
Artista: Allen Stone
Gravadora: ATO Records / Som Livre
Cotação: * * * *

É impossível resenhar o segundo álbum de Allen Stone sem mencionar o nome de Stevie Wonder. Se Allen Stone (o disco de 2011 recém-editado no Brasil pela Som Livre sob licença da ATO Records) fosse apresentado como um álbum gravado e perdido nos anos 70, ninguém desconfiaria. Cantores brancos têm explicitado com frequência devoção ao som negro feito nos Estados Unidos nos anos 60 e 70, em especial ao soul, ao funk e ao r & b daquela época. Tal (salutar) influência saltou aos ouvidos no primeiro álbum do cantor e compositor inglês James Morrison (Undiscovered, 2006), para citar somente um exemplo. Mas é espantosa a similaridade do som de Allen Stone - um rapaz louro de 25 anos, nascido e criado em Chewelah, pequena cidade do Estado de Washington (EUA) - com a música feita por Wonder na década de 70. A semelhança expõe mais uma devoção à obra do cantor e compositor norte-americano do que uma influência propriamente dita. Detecta-se de cara o groove típico de Wonder, urdido com azeitada combinação de funk, soul e r & b, em temas autorais do jovem artista como Sleep (Allen Stone, A. Mae e A. Rose), Celebrate tonight (Allen Stone, A. Rose e E. Philips), What i've seen (Allen Stone e Heidi Rojas), Say so (Allen Stone e E. Halter) e Satisfaction (Allen Stone) - com a vantagem de que todas as músicas são boas. O tom retrô da produção do disco - lançado por Stone por conta própria em 2011 e relançado (com maior visibilidade) pela ATO Records em 2012 - acentua a semelhança. Entre balada como The wind (Allen Stone), o álbum reverbera em temas como Contact high (Allen Stone, A. Mae e A. Rose) uma visão social que está em sintonia com a politização de parte dos cancioneiros de Wonder e de seu colega Marvin Gaye (1939 - 1984), outra lenda da era da Motown. Diplomado como cantor no púlpito da igreja onde seu pai era pastor, Allen Stone tem timbre que também evoca a voz de Wonder. Tanta semelhança é um atestado de qualidade do som de Stone, mas também põe sob suspeita sua originalidade como cantor e compositor. O desafio para Stone, no terceiro álbum, é delinear sua identidade como artista sem anular a influência do som de Stevie Wonder para não se tornar simplesmente um genérico do genial colega norte-americano.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rafael disse...

Não conheço o rapaz, mas deve ter talento, pois particularmente eu adoro os cantores que são influenciados pela ótima música R&B dos anos 60 e 70. Vou procurar conhecer a música que ele faz para comentar.

Rafael disse...

Ouvi ele hoje e adorei "The Wind". Que canção bonita, tocante, profunda. O cara é talentoso, tem um belo futuro na música.