Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Jeito moleque de Mart'nália e arranjos de Maíra animam a 'Carnavalança'

Resenha de CD
Título: Carnavalança
Artista: Mart'nália (com Chico Buarque, Evandro Mesquita, Luiz Melodia, Maíra Freitas,
            Maria Rita, Martinho da Vila, Moyseis Marques e Paula Lima
Gravadora: Biscoitinho (Biscoito Fino)
Cotação: * * * *

Em tese, Carnavalança é um CD infantil. Mas tem cacife para animar a folia de crianças dos oito aos 80 anos. Quem comanda o baile é Mart'nália. Escorados nos arranjos criativos da pianista e cantora Maíra Freitas, irmã da anfitriã, Mart'nália e seus solistas convidados reapresentam 34 sucessos carnavalescos, distribuídos em 17 faixas. São marchas e (alguns) sambas dos velhos Carnavais que soam renovados em Carnavalança pelo que Maíra Freitas caracteriza de intervenções nos arranjos. Que se fazem notar especialmente no medley que junta a Marcha da cueca (Carlos Mendes, Livardo Alves e Sardinho) - cantada em ritmo de rap pelo coro masculino da faixa - com Maria sapatão (João Roberto Kelly) e Cabeleira do Zezé (João Roberto Kelly e Roberto Faisal), marcha que ganha citação de fraseado bossa-novista no verso Será que ele é bossa nova?. Espirituosa, Maíra ainda insere citação de I will survive - sucesso de Glória Gaynor tornado hino gay - entre essas duas marchas que abordam a homossexualidade (com incentivo ao bullying no caso da politicamente incorreta Cabeleira do Zezé). O disco foi idealizado para ser a trilha sonora do livro Carnavalança, criado pela ilustradora carioca Mirna Brasil Portella para recontar a história da folia para as crianças. Encartado no livro, o CD também está sendo lançado de forma avulsa pelo selo Biscoitinho, da gravadora Biscoito Fino. Feita em família, a Carnavalança foi arquitetada sob a direção artística de Mart'nália e Martinho Filho. O patriarca do clã, Martinho da Vila, também está presente, como intérprete da marcha Cidade maravilhosa (André Filho). A participação de crianças no coro faz com que a Carnavalançsoe lúdica e quase sempre graciosa em marchas como Touradas em Madrid (Alberto Ribeiro e Braguinha), faixa na qual Mart'nália recebe Luiz Melodia, destaque em time de convidados no qual também brilha Chico Buarque, sóbrio no registro de As pastorinhas, bissexta parceria de Noel Rosa (1910 - 1937) com João de Barro (1907 - 2006), o célebre Braguinha. Maria Rita dá voz a duas (belas) marchas melancólicas popularizadas na voz dramática de Dalva de Oliveira (1917 - 1972). Bandeira branca (Laércio Alves e Max  Nunes) não é hasteada à altura da interpretação de Dalva. Já em Máscara negra (Zé Kétti e Hildebrando Matos) - um dos trunfos do disco - Maria Rita entra no clima e brinca em cima dos andamentos alternados do (inspirado) arranjo de Maíra Freitas. Já Moyseis Marques parece folião cansado em Balancê (Alberto Ribeiro e João de Barro) sem chegar a comprometer a animação da Carnavalança. Além de brilhar como arranjadora, Maíra Freita se sai bem como cantora em Até quarta-feira (Geraldo Pereira e Jorge de Castro), samba propagado em 1943 na voz sincopada do cantor carioca Cyro Monteiro (1913 - 1973). Mas é Mart'nália, com seu jeito moleque, quem mais entra no clima da Carnavalança, interpretando várias marchinhas com espirituosidade. Ao fim de Turma do funil (Milton de Oliveira, Mirabeau e Urgel de Castro), por exemplo, Mart'nália simula estar bêbada. É brincadeira que tem graça! Já alteração proposital dos versos de Jardineira (Benedito Lacerda e Humberto Porto) - marcha cantada por Mart'nália com Paula Lima - soa sem graça, sem efeito. Contudo, nenhum folião continuará sentado ao ouvir Carnavalança. O baile vai animar foliões mirins - e adultos. 

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em tese, Carnavalança é um CD infantil. Mas tem cacife para animar a folia de crianças dos oito aos 80 anos. Quem comanda o baile é Mart'nália. Escorados nos arranjos criativos da pianista e cantora Maíra Freitas, irmã da anfitriã, Mart'nália e seus solistas convidados reapresentam 34 sucessos carnavalescos, distribuídos em 17 faixas. São marchas e (alguns) sambas dos velhos Carnavais que soam renovados em Carnavalança pelo que Maíra Freitas caracteriza de intervenções nos arranjos. Que se fazem notar especialmente no medley que junta a Marcha da cueca (Carlos Mendes, Livardo Alves e Sardinho) - cantada em ritmo de rap pelo coro masculino da faixa - com Maria sapatão (João Roberto Kelly) e Cabeleira do Zezé (João Roberto Kelly e Roberto Faisal), marcha que ganha citação de fraseado bossa-novista no verso Será que ele é bossa nova?. Espirituosa, Maíra ainda insere citação de I will survive - sucesso de Glória Gaynor tornado hino gay - entre essas duas marchas que abordam a homossexualidade (com incentivo ao bullying no caso da politicamente incorreta Cabeleira do Zezé). O disco foi idealizado para ser a trilha sonora do livro Carnavalança, criado pela ilustradora carioca Mirna Brasil Portella para recontar a história da folia para as crianças. Encartado no livro, o CD também está sendo lançado de forma avulsa pelo selo Biscoitinho, da gravadora Biscoito Fino. Feita em família, a Carnavalança foi arquitetada sob a direção artística de Mart'nália e Martinho Filho. O patriarca do clã, Martinho da Vila, também está presente, como intérprete da marcha Cidade maravilhosa (André Filho). A participação de crianças no coro faz com que a Carnavalança soe lúdica e quase sempre graciosa em marchas como Touradas em Madrid (Alberto Ribeiro e Braguinha), faixa na qual Mart'nália recebe Luiz Melodia, destaque em time de convidados no qual também brilha Chico Buarque, sóbrio no registro de As pastorinhas, bissexta parceria de Noel Rosa (1910 - 1937) com João de Barro (1907 - 2006), o célebre Braguinha. Maria Rita dá voz a duas (belas) marchas melancólicas popularizadas na voz dramática de Dalva de Oliveira (1917 - 1972). Bandeira branca (Laércio Alves e Max Nunes) não é hasteada à altura da interpretação de Dalva. Já em Máscara negra (Zé Kétti e Hildebrando Matos) - um dos trunfos do disco - Maria Rita entra no clima e brinca em cima dos andamentos alternados do (inspirado) arranjo de Maíra Freitas. Já Moyseis Marques parece folião cansado em Balancê (Alberto Ribeiro e João de Barro) sem chegar a comprometer a animação da Carnavalança. Além de brilhar como arranjadora, Maíra Freita se sai bem como cantora em Até quarta-feira (Geraldo Pereira e Jorge de Castro), samba propagado em 1943 na voz sincopada do cantor carioca Cyro Monteiro (1913 - 1973). Mas é Mart'nália, com seu jeito moleque, quem mais entra no clima da Carnavalança, interpretando várias marchinhas com espirituosidade. Ao fim de Turma do funil (Milton de Oliveira, Mirabeau e Urgel de Castro), por exemplo, Mart'nália simula estar bêbada. É brincadeira que tem graça! Já alteração proposital dos versos de Jardineira (Benedito Lacerda e Humberto Porto) - marcha cantada por Mart'nália com Paula Lima - soa sem graça, sem efeito. Contudo, nenhum folião continuará sentado ao ouvir Carnavalança. O baile vai animar foliões mirins - e adultos.

Rafael disse...

Li no fim da semana passada que esse disco está sendo encartado juntamente com o livro de mesmo nome "Carnavalança". Pela relação de músicas do álbum e dos cantores envolvidos, parece estar imperdível o mesmo. Super ansioso pra ouvir.

Fabio disse...

Já disponível no iTunes.

Rafael disse...

Está certo que o CD foi organizado pela Mart'nália e pelo Martinho Filho, porém dei uma olhada na tracklist do disco e praticamente é um disco novo da Mart'nália. A grande maioria das músicas é ela quem canta. Acho que deveria ter ao menos variado mais na escolha dos intérpretes.

Cláudio disse...

Será comercializado no formato de CD ou apenas MP3?