Título: Jamba
Artista: Andrea Dutra
Gravadora: Mills Records
Cotação: * * 1/2
Andrea Dutra é cantora e compositora carioca que já transitou bastante pelas trilhas do funk e do soul. Foi vocalista da banda de Tim Maia (1942 - 1998) e já dividiu palcos com cantores como Seu Jorge e Sandra de Sá. Mas Dutra também caminha pelas trilhas do samba e do jazz à moda brasileira na cena do Rio de Janeiro (RJ). Em Jamba, CD produzido por Carlos Mills com a própria Andrea Dutra para o selo carioca Mills Records, a artista esboça mistura de samba e jazz, ainda que a funkeada Estilo (Paulo Bi) remeta à fase em que a cantora dava voz à black music. A fusão está exposta já no título Jamba, nome também de cidade do Senegal, país da Costa Oeste da África-mãe, matriz tanto do samba como do jazz, continente que inspirou Moacir Santos (1926 - 2006) na composição de Sou eu, afro-samba letrado por Nei Lopes que se destaca no repertório do disco. A rigor, a mistura tende para o samba. Os melhores momentos do disco são quando a cantora, com suingue, cai no sambalanço. Mandingueiro (Moacyr Luz e Aldir Blanc) exemplifica com brilho essa vertente. O entrosamento de Dutra com a banda do disco - Paulo Malaguti Pauleira (piano, arranjos e direção musical), Augusto Mattoso
(baixo acústico), Zé Luiz Maia (baixo elétrico) e Rafael Barata (bateria) - salta aos ouvidos logo na primeira das 12 músicas de Jamba, o samba A criação, parceria inédita de Dutra com Fred Martins. O clima jazzy de algumas passagens do samba-canção Medo de amar (Vinicius de Moraes) sinaliza que o jazz é mais um tempero de Jamba do que uma matéria-prima da mistura. O disco começa bem, mas vai perdendo força. Há algumas composições menos inspiradas lá na segunda metade - em especial, os sambas Branquinha (Paulo Malaguti Pauleira e Andrea Dutra) e Mea culpa (Andrea Dutra) - e há o fato de Dutra não ser intérprete vocacionada para canções de alto teor emocional, caso de Sete véus (Fátima Guedes). Nessa seara mais densa, suas interpretações são apenas corretas. Como apenas corretas são também as abordagens de A ilha (Djavan) e de Muito romântico (Caetano Veloso). Já Vou procurar esquecer (Monarco e Ratinho) é samba tirado do fundo de seu nobre quintal com arranjo que o ambienta em clima de boate. Enfim, Jamba tem seus bons momentos. Mas cativa para valer quando Andrea Dutra cai no sambalanço, dividindo (bem) o tempero dos temas mandingueiros.
3 comentários:
Andrea Dutra é cantora e compositora carioca que já transitou bastante pelas trilhas do funk e do soul. Foi vocalista da banda de Tim Maia (1942 - 1998) e já dividiu palcos com cantores como Seu Jorge e Sandra de Sá. Mas Dutra também caminha pelas trilhas do samba e do jazz à moda brasileira na cena do Rio de Janeiro (RJ). Em Jamba, CD produzido por Carlos Mills com a própria Andrea Dutra para o selo carioca Mills Records, a artista esboça mistura de samba e jazz, ainda que a funkeada Estilo (Paulo Bi) remeta à fase em que a cantora dava voz à black music. A fusão está exposta já no título Jamba, nome também de cidade do Senegal, país da Costa Oeste da África-mãe, matriz tanto do samba como do jazz, continente que inspirou Moacir Santos (1926 - 2006) na composição de Sou eu, afro-samba letrado por Nei Lopes que se destaca no repertório do disco. A rigor, a mistura tende para o samba. Os melhores momentos do disco são quando a cantora, com suingue, cai no sambalanço. Mandingueiro (Moacyr Luz e Aldir Blanc) exemplifica com brilho essa vertente. O entrosamento de Dutra com a banda do disco - Paulo Malaguti Pauleira (piano, arranjos e direção musical), Augusto Mattoso (baixo acústico), Zé Luiz Maia (baixo elétrico) e Rafael Barata (bateria) - salta aos ouvidos logo na primeira das 12 músicas de Jamba, o samba A criação, parceria inédita de Dutra com Fred Martins. O clima jazzy de algumas passagens do samba-canção Medo de amar (Vinicius de Moraes) sinaliza que o jazz é mais um tempero de Jamba do que uma matéria-prima da mistura. O disco começa bem, mas vai perdendo força. Há algumas composições menos inspiradas lá na segunda metade - em especial, os sambas Branquinha (Paulo Malaguti Pauleira e Andrea Dutra) e Mea culpa (Andrea Dutra) - e há o fato de Dutra não ser intérprete vocacionada para canções de alto teor emocional, caso de Sete véus (Fátima Guedes). Nessa seara mais densa, suas interpretações são apenas corretas. Como apenas corretas são também as abordagens de A ilha (Djavan) e de Muito romântico (Caetano Veloso). Já Vou procurar esquecer (Monarco e Ratinho) é samba tirado do fundo de seu nobre quintal com arranjo que o ambienta em clima de boate. Enfim, Jamba tem seus bons momentos. Mas cativa para valer quando Andrea Dutra cai no sambalanço, dividindo (bem) o tempero dos temas mandingueiros.
Na minha opinião, Andrea é uma das melhores cantoras do Brasil.
Seus shows aqui no Rio de Janeiro são uma experiência musical rara, de tanta qualidade. Os ingressos são disputados por centenas de pessoas, que compartilham da mesma opinião que tenho.
Assim, nesse disco se reúnem uma excelente cantora, alguns dos melhores músicos do país e um repertório especialíssimo. Recomendo de montão...
PS: Mauro, você digitou errado no cabeçalho da sua resenha como "Andre Dutra", ao invés de "Andrea Dutra".
abração,
Denilson
Grato, Denilson. E sucesso para Andrea Dutra! Abs, MauroF
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