sábado, 2 de fevereiro de 2013

Aos 15 anos, Camilo Frade mostra maturidade musical em 'Por que nós?'

Resenha de CD
Título: Por que nós?
Artista: Camilo Frade
Gravadora: Sem indicação
Cotação: * * * 1/2

Camilo Frade tem apenas 15 anos. Mas sua pouca idade jamais transparece ao longo das 10 faixas do bom primeiro álbum, Por que nós?, deste jovem cantor e compositor natural de São Luiz do Paraitinga. Longe do idiotizante tatibitate da música feita por e para adolescentes, Frade mostra impressionante maturidade musical neste disco adulto produzido por MAU com modernidade, sem clonar fórmulas. Música inédita que evoca a batida do maracatu na percussão pilotada por Bruno Buarque, Vagalume abre de forma sedutora - em tom pop regionalista - o disco e a inusitada parceria de Karina Buhr com Teresa Cristina. A faixa-título Por que nós? - lançada por Marcelo Jeneci em seu primeiro CD, Feito pra acabar (2010) - preserva a perfeita arquitetura pop da canção de Jeneci, letrada com poesia por Luiz Tatit. Há também poesia nos versos de O mesmo que canta, primeira das duas únicas músicas assinadas por Frade no disco (a outra faixa autoral é Embriaga eu). Sem querer se impor como compositor neste primeiro álbum (erro de muitos artistas iniciantes), o jovem cantor - de voz grave - se apresenta na medida certa como (promissor) criador de músicas que estão em sintonia com o universo adulto de Por que nós?. Mundo que parece ter o som do grupo carioca Los Hermanos como uma de suas referências. Há ecos desse som na orquestração dos metais de Pura esquisitice (Teteco dos Anjos e Marco Rio Branco), música do repertório da banda paulista Os Ilhonas. Os metais também se destacam em Nara, Nara, Nara..., faixa que roça a levada de um xote e que concilia o regionalismo cosmopolita de Lula Queiroga com a escrita contemporânea de Carlos Rennó. Já Primavera (Tiago Saraiva) se banha na praia do reggae sem o mesmo rigor poético de faixas anteriores enquanto a balada Só você e eu (Galvão Frade) - ambientada em clima mais camerístico em arranjo de voz, piano e violoncelo - rebobina trivial discurso amoroso. Na sequência, a já citada Embriaga eu (Camilo Frade), Tudo ou nada (Itamar Assumpção e Alice Ruiz) - música abordada em tom similar ao do registro feito por Zélia Duncan em seu álbum Pré-pós-tudo-bossa-band (2005) - e o carnavalizante Baião de quatro toques (José Miguel Wisnik e Luiz Tatit) elevam novamente o nível de Por que nós?, reiterando a precoce maturidade musical de Camilo Frade em bom CD.

3 comentários:

  1. Camilo Frade tem apenas 15 anos. Mas sua pouca idade jamais transparece ao longo das 10 faixas do bom primeiro álbum, Por que nós?, deste jovem cantor e compositor natural de São Luiz do Paraitinga. Longe do idiotizante tatibitate da música feita por e para adolescentes, Frade mostra impressionante maturidade musical neste disco adulto produzido por MAU com modernidade, sem clonar fórmulas. Música inédita que evoca a batida do maracatu na percussão pilotada por Bruno Buarque, Vagalume abre de forma sedutora - em tom pop regionalista - o disco e a inusitada parceria de Karina Buhr com Teresa Cristina. A faixa-título Por que nós? - lançada por Marcelo Jeneci em seu primeiro CD, Feito pra acabar (2010) - preserva a perfeita arquitetura pop da canção de Jeneci, letrada com poesia por Luiz Tatit. Há também poesia nos versos de O mesmo que canta, primeira das duas únicas músicas assinadas por Frade no disco (a outra faixa autoral é Embriaga eu). Sem querer se impor como compositor neste primeiro álbum (erro de muitos artistas iniciantes), o jovem cantor - de voz grave - se apresenta na medida certa como (promissor) criador de músicas que estão em sintonia com o universo adulto de Por que nós?. Mundo que parece ter o som do grupo carioca Los Hermanos como uma de suas referências. Há ecos desse som na orquestração dos metais de Pura esquisitice (Teteco dos Anjos e Marco Rio Branco), música do repertório da banda paulista Os Ilhonas. Os metais também se destacam em Nara, Nara, Nara..., faixa que roça a levada de um xote e que concilia o regionalismo cosmopolita de Lula Queiroga com a escrita contemporânea de Carlos Rennó. Já Primavera (Tiago Saraiva) se banha na praia do reggae sem o mesmo rigor poético de faixas anteriores enquanto a balada Só você e eu (Galvão Frade) - ambientada em clima mais camerístico em arranjo de voz, piano e violoncelo - rebobina trivial discurso amoroso. Na sequência, a já citada Embriaga eu (Camilo Frade), Tudo ou nada (Itamar Assumpção e Alice Ruiz) - música abordada em tom similar ao do registro feito por Zélia Duncan em seu álbum Pré-pós-tudo-bossa-band (2005) - e o carnavalizante Baião de quatro toques (José Miguel Wisnik e Luiz Tatit) elevam novamente o nível de Por que nós?, reiterando a precoce maturidade musical de Camilo Frade em bom CD.

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  2. Não conheço o cantor, procurarei saber mais a respeito dele.

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  3. Uma graça, maturidade vocal e evocação da letra q nos faz sentir cada detalhe.
    Assisti na TV Cultura e aprecie a música Vagalume.
    Parabénsssss!! Teremos boas músicas pela frente.
    Ahhhh...tds ali do grupo de São Luiz do Paraitinga são BONS!!!

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