Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

'Caixote Pau Brasil' embala obra essencial de grupo que é 'madeira de lei'

Originado de um coletivo de instrumentistas aglutinados pelo pianista Nelson Ayres na virada dos anos 70 para os 80, o grupo paulista Pau Brasil - assim batizado em 1981 pelo baixista Rodolfo Stroeter, com alusão ao termo usado pelos modernistas na São Paulo (SP) de 1922 - pavimentou caminho coerente que o tornou referência sólida entre os admiradores da música instrumental brasileira ao longo de três décadas. Tal trajetória está condensada no Caixote Pau Brasil 1982/2012. Viabilizada graças aos patrocínios da Petrobrás e da Caixa Econômica Federal, a edição do Caixote Pau Brasil 1982/2012 embala a obra (quase) completa do grupo, formado também pelo violonista Paulo Bellinati, o saxofonista Roberto Sion e o baterista Azael Rodrigues. Além de oito dos nove álbuns oficiais da discografia do quinteto (o caixote não embala o recente Villa-Lobos superstar, disco de 2012), a coleção inclui o DVD Babel (1996), encartado no livro em que o jornalista Carlos Callado conta a história deste grupo que sempre driblou os clichês do jazz à brasileira com repertório madeira de lei e que conseguiu preservar sua solidez mesmo com as sucessivas mudanças na formação. À venda na Livraria Cultura por cerca de R$ 200, o Caixote Pau Brasil 1982/2012 reúne reedições remasterizadas - quase todas turbinadas com faixas-bônus - dos álbuns Pau Brasil (1983), Pindorama (1986), Cenas brasileiras (1987), Lá vem a tribo (1989), Metrópolis tropical (1991), Música viva (1993), Babel (1995) e '2005 (2005). Gravado para o selo Lira Paulistana a convite do produtor Wilson Souto Jr., o GordoPau Brasil (1983) destacou o arranjo de Nelson Ayres para Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso), exemplo da criação coletiva que pautou a obra do Pau Brasil. Com repertório essencialmente brasileiro que incluiu Alakãi, tema então inédito de Hermeto Pascoal (convidado de outra faixa do disco, Fogo no baile, baião de Nelson Ayres), Pindorama (1986) foi encaixotado com as faixas-bônus Caminho de casa (Nelson Ayres) e Estilingue (Paulo Bellinatti). Desdobramento do álbum anterior, Cenas brasileiras (1987) marcou a entrada no grupo do baterista e percussionista Nenê. O álbum volta ao catálogo com três faixas-bônus. Entre elas, Veranico de maio (Nelson Ayres), tema que tem feito parte dos atuais shows de Mônica Salmaso, cantora paulista ligada aos músicos do Pau Brasil. Gravado para o selo belga GHA, a convite do produtor e violonista Odair Assad, Lá vem a tribo (1989) foi disco marcado pela saída do pianista Nelson Ayres - membro seminal do Pau Brasil - e pela decisão do grupo de entrar no universo da música indígena. As faixas-bônus da reedição deste álbum de transição são Abertura (Nenê), Moda de viola (Rodolfo Stroeter e Paulo Bellinati) e Flor do sul, tema da lavra de Lelo Nazario, substituto de Ayres. Acrescido de seis faixas-bônus na presente reedição, Música viva (1993) foi o primeiro álbum ao vivo do Pau Brasil. Na sequência, o grupo lançou Babel (1995), CD gravado em Oslo, na Noruega. Foi o disco em que - como ressalta o jornalista Carlos Callado no texto escrito para o livro Caixote Pau Brasil 1982/2012 - a cantora e instrumentista Marluí Miranda (recrutada para ingressar no Pau Brasil) começou de fato a se ambientar mais no grupo. Por fim, '2005 - álbum gravado pela Biscoito Fino no ano que lhe dá título - promoveu revival da formação clássica do Pau Brasil, com Nelson Ayres reintegrado ao grupo. Enfim, o Caixote Pau Brasil 1982/2012 reúne CDs que são madeira de lei no mundo do som instrumental brasileiro.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Originado de um coletivo de instrumentistas aglutinados pelo pianista Nelson Ayres na virada dos anos 70 para os 80, o grupo paulista Pau Brasil - assim batizado em 1981 pelo baixista Rodolfo Stroeter, com alusão ao termo usado pelos modernistas na São Paulo (SP) de 1922 - pavimentou caminho coerente que o tornou referência sólida entre os admiradores da música instrumental brasileira ao longo de três décadas. Tal trajetória está condensada no Caixote Pau Brasil 1982/2012. Viabilizada graças aos patrocínios da Petrobrás e da Caixa Econômica Federal, a edição do Caixote Pau Brasil 1982/2012 embala a obra (quase) completa do grupo, formado também pelo violonista Paulo Bellinati, o saxofonista Roberto Sion e o baterista Azael Rodrigues. Além de oito dos nove álbuns oficiais da discografia do quinteto (o caixote não embala o recente Villa-Lobos superstar, disco de 2012), a coleção inclui o DVD Babel, encartado no livro em que o jornalista Carlos Callado conta a história deste grupo que sempre driblou os clichês do jazz à brasileira com repertório madeira de lei e que conseguiu preservar sua solidez mesmo com as sucessivas mudanças na formação. À venda na Livraria Cultura por cerca de R$ 200, o Caixote Pau Brasil 1982/2012 reúne reedições remasterizadas - quase todas turbinadas com faixas-bônus - dos álbuns Pau Brasil (1983), Pindorama (1986), Cenas brasileiras (1987), Lá vem a tribo (1989), Metrópolis tropical (1991), Música viva (1993), Babel (1995) e '2005 (2005). Gravado para o selo Lira Paulistana a convite do produtor Wilson Souto Jr., o Gordo, Pau Brasil (1983) destacou o arranjo de Nelson Ayres para Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso), exemplo da criação coletiva que pautou a obra do Pau Brasil. Com repertório essencialmente brasileiro que incluiu Alakãi, tema então inédito de Hermeto Pascoal (convidado de outra faixa do disco, Fogo no baile, baião de Nelson Ayres), Pindorama (1986) foi encaixotado com as faixas-bônus Caminho de casa (Nelson Ayres) e Estilingue (Paulo Bellinatti). Desdobramento do álbum anterior, Cenas brasileiras (1987) marcou a entrada no grupo do baterista e percussionista Nenê. O álbum volta ao catálogo com três faixas-bônus. Entre elas, Veranico de maio (Nelson Ayres), tema que tem feito parte dos atuais shows de Mônica Salmaso, cantora paulista ligada aos músicos do Pau Brasil. Gravado para o selo belga GHA, a convite do produtor e violonista Odair Assad, Lá vem a tribo (1989) foi disco marcado pela saída do pianista Nelson Ayres - membro seminal do Pau Brasil - e pela decisão do grupo de entrar no universo da música indígena. As faixas-bônus da reedição deste álbum de transição são Abertura (Nenê), Moda de viola (Rodolfo Stroeter e Paulo Bellinati) e Flor do sul, tema da lavra de Lelo Nazario, substituto de Ayres. Acrescido de seis faixas-bônus na presente reedição, Música viva (1993) foi o primeiro álbum ao vivo do Pau Brasil. Na sequência, o grupo lançou Babel (1995), CD gravado em Oslo, na Noruega. Foi o disco em que - como ressalta o jornalista Carlos Callado no texto escrito para o livro Caixote Pau Brasil 1982/2012 - a cantora e instrumentista Marluí Miranda (recrutada para ingressar no Pau Brasil) começou de fato a se ambientar mais no grupo. Por fim, '2005 - álbum gravado pela Biscoito Fino no ano que lhe dá título - promoveu revival da formação clássica do Pau Brasil, com Nelson Ayres reintegrado ao grupo. Enfim, o Caixote Pau Brasil 1982/2012 reúne CDs que são madeira de lei no mundo do som instrumental brasileiro.

Márcia Fernandes disse...

Olá, um dos melhores instrumentais brasileiros de todos os tempos, sem duvida. No entanto gostaria de esclarecer alguns aspectos da formação do grupo. Os bastidores sempre me encantaram, como se fossem uma espécie de "arqueologia", ciência que nos permite perceber como e porque hoje a Banda é celebrada. Acompanhei ao vivo o desenvolvimento da história, e em nome dela mesma: a História- é que faço a minha contribuição:
-Em 1978, na esteira do Iº Festival de Jazz São Paulo-Montreux, onde Nelson Ayres fez uma belíssima performance com Benny Carter- o músico e baterista Azael Rodrigues convida Nelsinho, Rodolfo e Roberto Sion para tocar semanalmente no Lei Seca (famoso bar- reduto do instrumental na época).E Don Bira (percussionista). Forma-se o Quinteto Nelson Ayres. Don Bira acaba não podendo participar sempre e então é chamado Hector Costita. A Banda inicial que será o futuro Pau Brasil é, portanto: Nelson,Sion, Costita,Azael e Rodolfo.Quando Costita não pode continuar, Azael Rodrigues traz para a Banda o Paulo Belinatti. Em 1982 o grupo, já então Batizado pelo Rodo: Pau Brasil, estreia no 3º Festival de Jazz de Paris onde surge a ideia de pintarem o rosto:inovações, significantes( ideia usada tempos depois pelo Rodolfo). Em 1983 o Gordo, do Lira paulistana, recebe a proposta de gravar o disco, pois Azael e Rodolfo já eram bastante envolvidos com o movimento "Vanguarda Paulista" que tinha sua "sede" no Lira e pelo "Divina Increnca" (Azael, Félix Wagner e posteriormente, Rodolfo) . O primeiro disco do Pau Brasil portanto, tem a formação: Nelson Ayres, Roberto Sion, Azael Rodrigues, Paulo Belinatti e Rodolfo Stroetter, com Produção executiva de Azael Rodrigues.A primeira faixa do disco: Azas nos Ayres, numa evidente assinatura-referencia a Charlie "Byrd" Parker ( que sempre colocava seu nome nas composições). Obrigada, Márcia Fernandes