Recife (PE) - Leoa do Norte, Elba Ramalho mostrou que continua sendo uma fera indomada no palco. O show da cantora paraibana no Marco Zero - o palco principal do Carnaval do Recife, situado no Centro Histórico da Capital de Pernambuco - eletrizou a massa na noite de 12 de fevereiro de 2013. Com impressionantes energia e vitalidade para seus 61 anos, Elba - vista em foto de Rodrigo Amaral - cantou até sucesso de Tim Maia (1942 - 1998) no pique frenético do frevo, ritmo dominante no roteiro criado especialmente para o show na folia do Recife. E deu certo. Sucesso de Tim em 1971, revivido por Marisa Monte vinte anos depois no show Mais (1991), Não quero dinheiro (Só quero amar) entrou no tom incendiário do roteiro iniciado com de hit de Raul Seixas (1945 - 1989), Eu nasci há dez mil anos atrás (Raul Seixas e Paulo Coelho, 1976), abordado com arranjo que harmonizou metais em brasa com a trama calorosa dos tambores. Nem o rasgo no vestido prateado, ao fim deste primeiro número, diminuiu a energia da intérprete. Em seguida, o caboclinho Leão do Norte (Lenine e Paulo César Pinheiro, 1993) manteve a temperatura elevada para a sequência de frevos cantados a seguir. Sem perder o pique, Elba deu voz a Voltei, Recife (Luiz Bandeira), ao Hino dos Batutas de São José (João Santiago dos Reis), a Oh bela! (Capiba), a Me segura senão eu caio (J. Michiles), a Último regresso (Getúlio Cavalcanti) - frevo-de- bloco definido em cena pela cantora como "um dos frevos mais lindos do Carnaval de Pernambuco" - e a Madeira que cupim não rói, clássico do repertório de Capiba (1904 - 1997), composto em 1963 para o bloco Madeira do Rosarinho como resposta à derrota no Carnaval anterior para o bloco Batutas de São José. Na sequência, a marcha Máscara negra (Zé Kétti e Hildebrando Pereira Matos, 1967) teve seu ritmo acelerado ao fim para preparar o clima para o fim do primeiro bloco, encerrado com registro instrumental de Vassourinhas (Matias da Rocha e Joana Batista Ramos, 1909). Na volta, já com outro figurino, Elba trouxe o já citado hit de Tim Maia para o universo do frevo, acentuou o tom carnavalizante de País tropical (Jorge Ben Jor, 1969), cantou o frevo Bom demais (J. Michiles), recordou Ceroula (Milton Bezerra de Alencar) e acelerou o andamento de Tropicana (Alceu Valença e Vicente Barreto, 1982) para ajustar o tema ao ritmo do frevo, impresso na já na partitura original de Banho de cheiro (Carlos Fernando, 1983), a infalível música seguinte. Na sequência, A praieira (Chico Science, 1994) fez ressoar os tambores da Nação Zumbi e Pingos de amor (Paulo Diniz e Odibar, 1971) - surpresa do repertório - caiu bem no clima de ciranda, dando a deixa para Frevo e ciranda (Capiba). No fim, um novo bloco de frenéticos frevos - com o encadeamento de Chuva de sombrinhas (André Rio), Arreia a lenha (Marrom Brasileiro) e Frevo mulher (Zé Ramalho) - abriu espaço para solidária saudação a Dominguinhos, o cantor e compositor pernambucano que completava 72 anos naquela terça-feira de Carnaval, mas que não participava da festa por estar internado em São Paulo (SP), em luta contra câncer no pulmão. Foi quando Elba puxou a capella a toada De volta pro aconchego (Dominguinhos e Nando Cordel, 1985), mostrando que também sabe comandar a massa quando sai do caloroso universo rítmico do frevo e do forró. Aos 61 anos, a leoa ainda é fera.
O blog Notas Musicais cobre o Carnaval do Recife (PE) a convite da Prefeitura do Recife.
11 comentários:
A paraibana + pernambucana que conheço, foi um dos melhores shows do marco zero, não deixando nada a desejar, isso só tem em Recife.
Mauro, não seria 'Ultimo regresso' (Getulio Cavalcanti) ao invés de 'Marcha regresso'? Faltou citar 'Ceroula' do Almir Rouche (cantada entre Bom demais e Morena tropicana) e Frevo ciranda (Capiba) (entre Pingos de amor e Chuva de sombrinhas). No mais esse show foi do c****** e botou todo mundo no bolso.
Sim, Tiago, grato pelo toque! Abs, MauroF
Tenho muitos anos de carnaval em Recife, anos de shows de Elba (inclusive no carnaval), e vinha meio desacreditando da leoa depois dos ultimos discos, mas ela veio arrebentando show, vestido e colar (rs). Definitivamente foi o show dos shows. Incrível como ela levantou a multidão e fazendo a escolha certa de repertório: Frevo, ciranda, frevo-de-bloco, marchinha, mangue beat... teve de tudo, esbanjando vitalidade.
Vida longa à essa guerreira e sua forma de levantar a galera.
Superparabéns pra Elba e saúde pra nosso Dominguinhos!
Tava aqui recapitulando e acho que nunca fui a um show de Elba Ramalho na vida. heheheh
Próximo show momesco dela eu vou.
Já assisti muitos shows da Elba, quando ela montava grandes produçoes, todos fantásticos. Mas esse do Marco Zero, vi só uns trechos que um amigo gravou ...e caramba, esse show devia ter sido gravado pra lançar em DVD ...foi um dos melhores dos últimos anos. Quandpo Elba canta os ritmos da alegria tudo fica perfeito.
Só é uma pena não ter registro... a Elba deveria ter gravado para lançar em DVD.
Só é uma pena não ter registro... a Elba deveria ter gravado para lançar em DVD.
Só é uma pena não ter registro... a Elba deveria ter gravado para lançar em DVD.
No palco, Elba é incomparável.
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