Título: Pássaros eternos
Artista: Maria de Medeiros
Gravadora: Genesis Music / Tratore
Cotação: * * *
Atriz e cantora portuguesa, estrela cult do cinema lusitano dos anos 80 e 90, Maria de Medeiros aproveitou sua vinda ao Brasil neste mês de março de 2013 - para encenar no Rio de Janeiro (RJ) Aos nossos filhos, peça batizada com o nome da canção de Ivan Lins e Vítor Martins gravada pelo cantor carioca em seu álbum Nos dias de hoje (1978) - e lançou o disco Pássaros eternos. No CD, editado no mercado brasileiro pela Genesis Music, Medeiros apresenta canções autorais, como Quem é você? e Canto da pantera, e dá voz ao pungente tema de Ivan Lins e Vítor Martins. Sem sequer esboçar a intensidade emocional da canção, Medeiros revive Aos nossos filhos no mesmo clima jazzy em que estão ambientadas as faixas Por delicadeza - poema de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 - 2004) musicado pela compositora - e Diz que é fado, outra música de autoria de Medeiros. Cruzando sotaques e fronteiras musicais, mas se afastar muito do tom jazzy que pontua o disco, a cantora também cai no samba em Trapichana, misturando o baticum dos quintais nacionais com a levada frenética do flamenco. Na letra, a compositora traça o perfil multifacetado de Trapichana, brasileiro de alma tão carioca quanto andaluz. Além de apresentar faixa em italiano, 24 mila baci (Celentano,Vivarelli e Fulci), Medeiros voa bem alto em Pássaros eternos quando se junta ao guitarrista Legendary Tigerman para dar voz a Shadow girl, minimalista faixa em inglês repleta de climas. Além de arranjar a faixa e de dividir os vocais do tema com Medeiros, The Legendary Tigerman - nome artístico do guitarrista português Paulo Furtado - põe em Shadow girl o toque preciso e bluesy de sua guitarra. Beleza pura! Ainda dentro do universo do blues, a propósito, Medeiros adentra a escura Noite sem transmitir a angústia que retrata nas imagens de seus versos noturnos, densos. Na sequência, ainda em tom cinematográfico, Nasce o dia na cidade (Maria de Medeiros e Raimundo Amador) clareia o álbum com o balanço samba-jazzístico do arranjo. "...E uma criança sopra nuvens / Para pássaros eternos", poetiza a artista, com esperança, no fim do álbum. Maria de Medeiros abre asas em Pássaros eternos.