Título: A fim de onda
Artista: Luê (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Solar de Botafogo (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 20 de março de 2013
Cotação: * * *
"Tá muito frio! Vamos esquentar a partir de agora... Tão a fim?". O próprio comentário de Luê no palco do teatro do Solar de Botafogo denunciou a atmosfera do início de seu primeiro show solo no Rio de Janeiro (RJ), A fim de onda. Na sequência, a cantora paraense deu voz a sensual carimbó do repertório de Dona Onete, Lua namoradeira, e a temperatura subiu. Tal oscilação de temperatura não deve ser creditada somente a Luê e à afiada banda que subiu ao palco com a artista e que incluiu o guitarrista Felipe Cordeiro, expoente da atual cena musical do Pará. O fato de o público - formado em sua maioria por convidados - desconhecer as delícias pop regionalistas do repertório de seu primeiro disco, como a inédita música-título A fim de onda (Arnaldo Antunes, Betão Aguiar e Luê, 2013) e o hit nortista Onde andará você? (Alípio Martins e Jesus Couto, 1984), impediu que a plateia entrasse de imediato na onda do show e saboreasse tais delícias, alocadas no início do roteiro. À medida que cantora e público foram se conhecendo melhor, o show foi ficando mais quente e mais sedutor. Mesmo assim, a abordagem instrumental de La vie en rose (Louiguy, Marguerite Monnot e Edith Piaf, 1945) - o maior sucesso internacional da cantora francesa Edith Piaf (1915 - 1963), tocado por Luê com sua rabeca - soou desconectada do repertório de show pautado pelo suingue do Norte. Tema mais próximo da latitude do repertório, Cavalo marinho (Ronaldo Silva e Renato Torres, 2011) - gravado por Luê no CD com os músicos do duo paraense Strobo - emergiu em cena com certa psicodelia, reciclada na releitura da confessional Namoradinha de um amigo meu (Roberto Carlos, 1967), hit do Rei na Jovem Guarda. Boa sacação do roteiro é Nasci para bailar, parceria do acreano João Donato com o paraense Paulo André Barata que deu título a álbum lançado por Nara Leão (1942 - 1989) em 1982. Com aquele balanço caribenho típico do cancioneiro de Donato, a música ganhou sagaz citação de Baila comigo (Rita Lee e Roberto de Carvalho) em clima de latinidade dançante. Bela e esguia presença em cena, Luê também acertou ao dar voz ao carimbó Mistério no olhar (Saulo Duarte, 2013) - destaque do recém-lançado CD em que Saulo Duarte e a (banda) Unidade combinam o suingue do Norte com o brega dos anos 70 - e ao lapidar joia popular do repertório de Reginaldo Rossi, Em plena lua de mel (Clayton e Cleide, 1981). Naquela altura, o show já estava quente e o público já tinha entrado mais na onda de Luê, cantora que emerge neste ano de 2013 com sua abordagem pop regionalista dos ritmos do Pará, inclusive do brega. No bis, Bom (André Carvalho e Qinho, 1981) e medley com os carimbós Lua Luar (propagado pela Banda Calypso) e Pescador, pescador mostraram que a maré já estava para Luê e que seu público já estava a fim de onda.
5 comentários:
Vou baixar o disco dessa belezoca agora mesmo pra dá uma conferida.
Tô quente. :-)
Se ela for talentosa e acertar a mão - pelos músicos, escolhas estéticas/musicais e público que está se inserindo - tem tudo pra agradar aos fãs de outra belezoca, a Céu.
Voz bonita ela tem - no disco do Otto ela faz uma ótima participação.
Mauro, a banda paraense Strobo é dedicada ao rock experimental instrumental, sendo formada por um guitarrista (Leo Chermont) e um baterista (Arthur Kunz), logo não é do repertório da banda que vem a composição 'Cavalo Marinho'. O tema, então inédito, foi incluído por Luê em seu repertório em outubro de 2011, como relatei em http://somdonorte.blogspot.com.br/2011/10/10-coisas-que-eu-preciso-dizer-sobre-o.html
Grato, Fábio. Vou alterar o texto. Abs, MauroF
Mais uma.... zzzzzz....zzzzzz....zzzzz
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