Mauro Ferreira no G1

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domingo, 31 de março de 2013

Autobiografia de Johnny Ramone vai direto ao ponto como um rock punk

Resenha de livro
Título: Commando - A autobiografia de Johnny Ramone
Autor: Johnny Ramone
Editora: Leya
Cotação: * * * *

Pela própria natureza, autobiografias são livros que expõem visões unilaterais da vida e dos fatos - a visão do autor do livro, claro. Commando - a autobiografia de Johnny Ramone (1948 - 2004), editada a partir de entrevistas concedidas pelo guitarrista norte-americano após a descoberta do câncer de próstata que o tirou de cena em 15 de setembro de 2004 - também padece desse mal. Contudo, o relato - cru e sem firulas, feito com a objetividade de um rock do grupo Ramones, ícone do punk dos Estados Unidos - parece honesto e com dose salutar de autocrítica. Johnny é bem severo, por exemplo, ao avaliar cada um dos 14 álbuns lançados pelos Ramones entre 1976 e 1995 em anexo do livro recém-editado no Brasil pela Leya. O músico, por exemplo, culpa a produção de Phil Spector pelo relativo fracasso comercial do álbum, End of the century (1980), arquitetado para levar os Ramones ao topo das paradas dos EUA e, por tabela, do mundo. A honestidade para ser a tônica destas memórias em que Johnny não poupa a si mesmo de sua autocrítica e de sua língua ferina. O artista relata a fase em que foi um adolescente delinquente - encerrada com acontecimento místico que redirecionou sua vida - com a mesma aparente sinceridade com que descortina os bastidores dos Ramones, deixando evidente a disputa de poder travada por ele com Joey Ramone (1951 - 2001), o vocalista da banda que legou ao universo pop clássicos como Blitzkrieg Bop, I wanna be sedated e  Sheena is a punk rocker. De forma às vezes até rude, Johnny expões as regras do jogo da indústria da música e emite opiniões sobre outros grupos e sobre assuntos polêmicos. Na página 102, o guitarrista se declara totalmente a favor da pena de morte por conta de ter sido vítima, em 14 de agosto de 1983, de agressão que lhe causou danos cerebrais que não geraram sequelas, mas a vontade de ver seu agressor no corredor da morte. Em outras passagens de Commando, Johnny discorre sobre o alcoolismo do baterista do grupo, Marky Ramone, único remanescente da formação clássica do quarteto. O título Commando é bem apropriado para a autobiografia porque, em essência, Johnny Ramone defende no livro que sempre esteve no comando da engrenagem que manteve os Ramones em cena com coerência com a ideologia da banda. Johnny não esconde as vezes em que foi voto vencido, mas, de certa forma, menospreza cada um de seus colegas de banda, até o baixista Dee Dee Ramone (1951 - 2002), com quem tinha relação mais próxima. O amor por sua última mulher - Linda Ramone, então namorada de Joey Ramone, fato que poderia ter provocado a extinção da banda - é assunto recorrente nas páginas deste livro em que Johnny Ramone revolve suas memórias sem maquiagem, indo direto ao ponto com um rock dos Ramones. Merece leitura!!!

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Pela própria natureza, autobiografias são livros que expõem visões unilaterais da vida e dos fatos - a visão do autor do livro, claro. Commando - a autobiografia de Johnny Ramone (1948 - 2004), editada a partir de entrevistas concedidas pelo guitarrista norte-americano após a descoberta do câncer de próstata que o tirou de cena em 15 de setembro de 2004 - também padece desse mal. Contudo, o relato - cru e sem firulas, feito com a objetividade de um rock do grupo Ramones, ícone do punk dos Estados Unidos - parece honesto e com dose salutar de autocrítica. Johnny é bem severo, por exemplo, ao avaliar cada um dos 14 álbuns lançados pelos Ramones entre 1976 e 1995 em anexo do livro recém-editado no Brasil pela Leya. O músico, por exemplo, culpa a produção de Phil Spector pelo relativo fracasso comercial do álbum, End of the century (1980), arquitetado para levar os Ramones ao topo das paradas dos EUA e, por tabela, do mundo. A honestidade para ser a tônica destas memórias em que Johnny não poupa a si mesmo de sua autocrítica e de sua língua ferina. O artista relata a fase em que foi um adolescente delinquente - encerrada com acontecimento místico que redirecionou sua vida - com a mesma aparente sinceridade com que descortina os bastidores dos Ramones, deixando evidente a disputa de poder travada por ele com Joey Ramone (1951 - 2001), o vocalista da banda que legou ao universo pop clássicos como Blitzkrieg Bop, I wanna be sedated e Sheena is a punk rocker. De forma às vezes até rude, Johnny expões as regras do jogo da indústria da música e emite opiniões sobre outros grupos e sobre assuntos polêmicos. Na página 102, o guitarrista se declara totalmente a favor da pena de morte por conta de ter sido vítima, em 14 de agosto de 1983, de agressão que lhe causou danos cerebrais que não geraram sequelas, mas a vontade de ver seu agressor no corredor da morte. Em outras passagens de Commando, Johnny discorre sobre o alcoolismo do baterista do grupo, Marky Ramone, único remanescente da formação clássica do quarteto. O título Commando é bem apropriado para a autobiografia porque, em essência, Johnny Ramone defende no livro que sempre esteve no comando da engrenagem que manteve os Ramones em cena com coerência com a ideologia da banda. Johnny não esconde as vezes em que foi voto vencido, mas, de certa forma, menospreza cada um de seus colegas de banda, até o baixista Dee Dee Ramone (1951 - 2002), com quem tinha relação mais próxima. O amor por sua última mulher - Linda Ramone, então namorada de Joey Ramone, fato que poderia ter provocado a extinção da banda - é assunto recorrente nas páginas deste livro em que Johnny Ramone revolve suas memórias sem maquiagem, indo direto ao ponto com um rock dos Ramones. Merece leitura!!!

Luca disse...

tem que confrontar o que ele diz com alguma biografia dos Ramones pra saber o valor do livro

Anônimo disse...

Separo facilmente o artista da pessoas.
Mas, só pra constar, esse cara é um baita reaça.
Por dinheiro nenhum no mundo conviveria com um desgraçado desses.
Indicado para leitores da Veja. :-)

PS: Autobiografia é bóia.
Prefiro nadar.