Alexandre Magno Abrão (9 de abril de 1970 - 5 de março de 2013), o
Chorão, tinha uma banda, mas, a rigor, Charlie Brown Jr. foi o grupo de um homem só.
Chorão - como era conhecido artisticamente o cantor e compositor de Santos (SP) que saiu de cena quase aos 43 anos, tendo sido encontrado morto na manhã desta quarta-feira em seu apartamento em São Paulo (SP) - sempre foi a voz, o cérebro e o mentor do Charlie Brown Jr. Tanto que foi o único integrante que permaneceu em todas as formações da banda que fundou em Santos (SP) em 1992 com Champignon, Marcão, Renato Pelado e Thiago Castanho. Criado em família pobre,
Chorão tinha personalidade difícil, manifestada já na infância e na adolescência problemáticas. Esse temperamento - quente como o som do grupo - gerou atribulações na vida do artista mesmo quando ele já era famoso.
Chorão colecionou desafetos dentro e fora do meio musical. Mas também admiradores. Contudo, na maioria das vezes, o talento e o carisma do cantor - tanto como vocalista do Charlie Brown Jr. quanto como principal compositor do grupo - pairaram acima de suas confusões. Ao tocar rap, rock e reggae com a linguagem e os códigos do
hardcore, a banda santista estabeleceu empatia quase imediata com a parcela (imensa) da juventude que se sentia à margem da sociedade, excluída dos círculos da elite burguesa. A entrada do Charlie Brown na Virgin Records (gravadora associada à multinacional EMI Music), na segunda metade dos anos 90, amplificou o discurso e o público da banda, cujo primeiro álbum,
Transpiração contínua prolongada (1997), foi bem recebido pela geração MTV e gerou sucessos como
Proibida pra mim (Grazon), canção que mostrou que, no peito do rebelde com causa, também batia um coração apaixonado. Por sua natureza melodiosa, a música acabou parando na voz de Zeca Baleiro, que a gravou três anos depois no CD
Líricas (2000) e recentemente a regravou em dueto com o próprio
Chorão para DVD editado em 2012. Segundo álbum de estúdio da banda,
Preço curto... Prazo longo (1999) manteve alta a cotação do grupo no mercado fonográfico com o estouro das faixas
Zóio de lula e
Te levar, música propagada por anos a fio na trilha sonora de
Malhação, a novela juvenil da TV Globo. Ao longo dos anos 2000, a banda continuou gravando discos regularmente - com destaque para
Bocas ordinárias (2002) - e obtendo vendas expressivas na primeira metade daquela década. Aos poucos, contudo, Charlie Brown Jr. foi deixando de ser a bola da vez. O temperamento de
Chorão provocou as sucessivas saídas de vários músicos da banda. Mesmo assim, o vocalista continuou fiel ao seu grupo e ao seu público. O carisma de
Chorão no palco e sua empatia com o público-alvo do Charlie Brown Jr. continuaram intactos, como pode ser atestado no último registro de show da banda,
Música popular caiçara - Charlie Brown Jr. ao vivo, DVD e CD lançados pela gravadora
indie Radar Records em 2012. Mesmo controvertido,
Chorão sai de cena de forma inesperada, mas fica na História do universo pop brasileiro como um jovem que encontrou na música uma brecha para se comunicar, progredir e sair da margem da sociedade.
Alexandre Magno Abrão (9 de abril de 1970 - 6 de março de 2013), o Chorão, tinha uma banda, mas, a rigor, Charlie Brown Jr. foi o grupo de um homem só. Chorão - como era conhecido artisticamente o cantor e compositor de Santos (SP) que saiu de cena quase aos 43 anos, tendo sido encontrado morto na manhã desta quarta-feira em seu apartamento em São Paulo (SP) - sempre foi a voz, o cérebro e o mentor do Charlie Brown Jr. Tanto que foi o único integrante que permaneceu em todas as formações da banda que fundou em Santos (SP) em 1992 com Champignon, Marcão, Renato Pelado e Thiago Castanho. Criado em família pobre, Chorão tinha personalidade difícil, manifestada já na infância e na adolescência problemáticas. Esse temperamento - quente como o som do grupo - gerou atribulações na vida do artista mesmo quando ele já era famoso. Chorão colecionou desafetos dentro e fora do meio musical. Mas também admiradores. Contudo, na maioria das vezes, o talento e o carisma do cantor - tanto como vocalista do Charlie Brown Jr. quanto como principal compositor do grupo - pairaram acima de suas confusões. Ao tocar rap, rock e reggae com a linguagem e os códigos do hardcore, a banda santista estabeleceu empatia quase imediata com a parcela (imensa) da juventude que se sentia à margem da sociedade, excluída dos círculos da elite burguesa. A entrada do Charlie Brown na Virgin Records (gravadora associada à multinacional EMI Music), na segunda metade dos anos 90, amplificou o discurso e o público da banda, cujo primeiro álbum, Transpiração contínua prolongada (1997), foi bem recebido pela geração MTV e gerou sucessos como Proibida pra mim (Grazon), canção que mostrou que, no peito do rebelde com causa, também batia um coração apaixonado. Por sua natureza melodiosa, a música acabou parando na voz de Zeca Baleiro, que a gravou três anos depois no CD Líricas (2000) e recentemente a regravou em dueto com o próprio Chorão para DVD editado em 2012. Segundo álbum de estúdio da banda, Preço curto... Prazo longo (1999) manteve alta a cotação do grupo no mercado fonográfico com o estouro das faixas Zóio de lula e Te levar, música propagada por anos a fio na trilha sonora de Malhação, a novela juvenil da TV Globo. Ao longo dos anos 2000, a banda continuou gravando discos regularmente - com destaque para Bocas ordinárias (2002) - e obtendo vendas expressivas na primeira metade daquela década. Aos poucos, contudo, Charlie Brown Jr. foi deixando de ser a bola da vez. O temperamento de Chorão provocou as sucessivas saídas de vários músicos da banda. Mesmo assim, o vocalista continuou fiel ao seu grupo e ao seu público. O carisma de Chorão no palco e sua empatia com o público-alvo do Charlie Brown Jr. continuaram intactos, como pode ser atestado no último registro de show da banda, Música popular caiçara - Charlie Brown Jr. ao vivo, DVD e CD lançados pela gravadora indie Radar Records em 2012. Mesmo controvertido, Chorão sai de cena de forma inesperada, mas fica na História do universo pop brasileiro como um jovem que encontrou na música uma brecha para se comunicar, progredir e sair da margem da sociedade.
ResponderExcluirTriste. Fez parte da minha pré-adolescência.
ResponderExcluirParabéns pelo texto, Mauro. Os maiores portais do país não conseguiram nem roçar a qualidade.
Se eu fosse espírita, acreditaria que a partir de agora Chorão seria o espírito obsessor de Marcelo Camelo seu desafeto.
ResponderExcluirComo não acredito nisso, desejo meus sentimentos aos familiares e que ele descanse em paz.
As drogas levam mais um.
ResponderExcluirIndependente do que tenha acontecido, ou de quem gosta ou não dele; ele e sua banda marcou uma geração...eu fiquei muito triste. Uma pena mesmo! Saudades!
ResponderExcluirera bom de palco, mas de disco nem sempre. sinto por que era um cara jovem ainda
ResponderExcluirNão gostava das músicas e também nao apreciei o show quando assisti em um festival. Não vou passar a admirar só agora que morreu - como a maioria faz.
ResponderExcluirTalvez Chorão seja dos caras de quem mais zombei, ao acompanhar música. Eu detestava o CBJr. Ouvia esporadicamente, apenas de tiração de sarro, achava apelativas aquelas coisas do "o errado que deu certo", "Sou Charlie Brown e não desisto nunca" etc.
ResponderExcluirE faço minhas as palavras de Daniel: não é porque morreu que vou passar a gostar. Não vou.
Mas a morte de Chorão é triste, ainda mais porque os últimos sucessos ("Só os loucos sabem", "Céu azul") passavam a ideia de um cidadão que começava a se acalmar. Pelo que se fala, ledo engano.
Inegavelmente, um dos símbolos do rock feito no Brasil na década de 1990 se foi. Essa geração acaba de sofrer sua segunda perda sensível (a primeira foi a de Science, no meio da refrega), como foram as perdas de Cazuza e Renato Russo para a geração dos '80.
Belo texto, Mauro.
Felipe dos Santos Souza
Homenagem a Chorão: http://www.youtube.com/watch?v=_K3cX04lU08
ResponderExcluirCamelão que se cuide! vai ter o pé puxado por ele toda noite. Desculpa, Mauro e os outros comentaristas aqui do Blog é que perco o amigo, mas não a piada.
NUNCA ME DISSE NADA O SEU TRABALHO. MORREU. ACABOU.
ResponderExcluirTb nunca curti Charlie Brown Jr. mas acho que piadinhas nessa hora são desrespeitosas. Bola fora Maria. Um dia gritaram "sapatão" pra Bethânia da plateia. Ela parou o show e disse: "Eu sou Bethânia e vc?". Entendeu?
ResponderExcluirGostava mais da figura do cara que da banda.
ResponderExcluirO Chorão parecia ser daquelas pessoas que vivem, como diria seu amigo e parceiro Zeca Baleiro, a flor da pele. Acho isso qualidade.
Prefiro gente assim à picoles de chuchu.
O problema do Chorão artista era a falta de talento.
Felipe, meu chapa, não acho que o Charlie Brown seja da mesma geração de Chico Science, Rappa, Planet Hemp, Mundo Livre...
Eles vieram um pouco depois, né?
Além do que, grande parte do público das bandas acima olhava a banda de Chorão com desdém.
Maricota, se ele fosse seu amigo(se vc gostasse dele) vc não faria a piada. Ninguém faz piada com a morte de quem gosta, né?
Pense nisso. :-)
Quanto a carteirada existêncialista da Bethânia.
Bem, é tão boboca quanto a carteirada da "otoridade".
Triste, e burro, de alguém que pensa que é mais que outro por ter/ser isso e aquilo.
PS: Desejo que o conturbado e carismático Chorão siga do mesmo jeito nas futuras pairagens que virão.
Com um tiquito de paz, vá lá.
Zé, a piada não foi com a morte de Chorão que foi lamentável mesmo e sim, com a briga entre ele e Marcelo Camelo que foi um dos maiores barracos no mundo da música.
ResponderExcluirE quanto a Bethânia, acho a cartilha dela sempre afiada mas respeito a sua predileção por Gal Costa.
Maricota, eu entendi, foi só pra mostrar que nessas questões de morte nós costumamos ser bastantes parciais, até os mais imparciais.
ResponderExcluirSe a morta fosse, pelos mesmos motivos, Marisa Monte - toc! toc! toc! - artista que vc gosta bastante, e alguém que não gosta dela dissesse:
"Tb, com aquele narigão..."
Já fiz bastante piadinhas com mortos que pra mim nem fediam e nem cheiravam.
Hoje em dia só faço quando o morto é um notório mau caráter, o que não é o caso do líder do Charlie Brown.
Como disse um amigo meu:
"Não é hora de exaltar o Charlie Brown, que sempre foi uma m****, e sim, de respeitar o ser humano Chorão."
Enfim, foi só pra refletir essa questão, Baianinha. :-)
Ok, Zé! entendi o seu recado também concordo em respeito ao ser humano Chorão, mas só uma coisa:
ResponderExcluirNo dia que Marisa Monte morrer, desejo muuuuitos anos de vida pra ela ainda nunca vai ter o seu nome associado a brigas, confusões e polêmicas até porque ela nunca foi disso, graças a deus! e você bem sabe Abração.
Então, Maria, ter o nome associado a brigas, confusões e polêmicas não é necessariamenta uma coisa ruim e nem denota mau caratismo.
ResponderExcluirTem gente que é mais sensível, extravasa mais facilmente...
Tanta gente quietinha, sonsa, que não faz confusão nenhuma, que não causa polêmica nenhuma e, no entanto, é um belíssimo FDP, né?
A vida é complexa, e o ser humano mais ainda, por isso é boa.
PS: Que bom que concordou comigo.
E muitos anos de vida a Marisa Monte! Até mesmo para se reabilitar - artísticamente falando.