Resenha de CD e DVD
Título: 10 anos de Lapa
Artista: Casuarina
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * 1/2
♪ Em maio de 2012, o grupo carioca Casuarina subiu ao palco armado ao lado dos Arcos da Lapa - um dos cartões-postais do Rio de Janeiro (RJ) - para apresentar show ao ar livre no bairro carioca em que o grupo foi projetado no início dos anos 2000. O registro ao vivo do celebrativo show está perpetuado no CD e DVD 10 anos de Lapa, postos nas lojas neste mês de março de 2013 pela Warner Music. Como o título 10 anos de Lapa já explicita, trata-se de projeto de caráter retrospectivo em que o quinteto - formado em 2001 no Rio de Janeiro (RJ) - festeja sua primeira década de sucesso entre o público que frequenta o circuito de casas de shows da Lapa. Para animar a festa, o Casuarina convocou para o show nomes também associados ao bairro do Centro do Rio que deu voz a uma nova geração de sambistas - uma turma que respeita as tradições e o legado dos bambas de outrora. Mestre do partido alto, o compositor carioca Candeia (1935 - 1978), por exemplo, é lembrado com Dia de graça, samba que propaga orgulho negro e que é revivido pelo Casuarina com Teresa Cristina, carioca que despontou como cantora em shows no Bar Semente, um dos pontos mais concorridos da Lapa do início dos anos 2000. O número termina com sagaz citação do afro Samba da antiga (Candeia). Mote do roteiro coeso, o bairro é saudado logo na abertura do show - com medley que agrega A Lapa (Herivelto Martins e Benedito Lacerda) e Largo da Lapa (Wilson Batista e Marino Pinto) - e também ao fim, com o samba Lapinha (Baden Powell e Paulo César Pinheiro). Cantado por Gabriel Azevedo, um dos vocalistas do Casuarina, Rio antigo (Nonato Buzar e Chico Anysio) também celebra a Lapa ao traçar o mapa nostálgico de uma cidade de tempos idos. O melhor vocalista do Casuarina, João Cavalcanti, quebra tudo ao cair no sambalanço Devagar com a louça (Luiz Reis e Haroldo Barbosa) ao lado do cantor Marcos Sacramento e dos metais da dupla Zé da Velha & Silvério Pontes. Na mesma linha sincopada, Beija-me (Roberto Martins e Mario Rossi) ganha as vozes corretas de Pedro Miranda e Ana Costa. Bom cantor que se fez ouvir no circuito da Lapa, Moyseis Marques bate um bolão no suingue de Linha de passe (João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio). Em tom mais magoado e seresteiro, realçado pelo bandolim de João Fernando Pinheiro, Áurea Martins e Nilze Carvalho dão vozes a Segredo (Herivelto Martins e Marino Pinto), samba-canção propagado na voz de Dalva de Oliveira (1917 - 1972). Áurea pega mais o espírito do tema. Há um ou outro número mais esmaecido e burocrático no roteiro, caso de Acreditar (Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho), samba melancólico revivido pelo Casuarina com seu compositor Délcio Carvalho. Contudo, no todo, a festa do Casuarina é animada. Priorizados no CD, que toca 13 dos 22 números reproduzidos no DVD, os encontros resultam felizes. Choro de Jacob do Bandolim (1918 - 1969), Bole bole vibra no toque do violão de Zé Paulo Becker e do violino de Nicolas Krassik. João Cavalcanti se junta a seu pai Lenine Eu quero é botar meu bloco na rua, pondo literalmente na rua a marcha-rancho do compositor capixaba Sérgio Sampaio (1947 - 1994). A presença constante de convidados, aliás, valoriza o registro do show e evita a redundância de 10 anos de Lapa. Afinal, em 2009, o grupo já revisou sua história em CD e DVD editados pela Sony Music dentro da série MTV apresenta. 10 anos de Lapa acerta ao tirar parcialmente o foco do grupo, jogando a luz sobre cantores e músicos que também fazem parte da história da (re)vitalização da Lapa como cenário musical pautado pela diversidade de tribos e ritmos.
Em maio de 2012, o grupo carioca Casuarina subiu ao palco armado ao lado dos Arcos da Lapa - um dos cartões-postais do Rio de Janeiro (RJ) - para apresentar show ao ar livre no bairro carioca em que o grupo foi projetado no início dos anos 2000. O registro ao vivo do celebrativo show está perpetuado no CD e DVD 10 anos de Lapa, postos nas lojas neste mês de março de 2013 pela Warner Music. Como o título 10 anos de Lapa já explicita, trata-se de projeto de caráter retrospectivo em que o quinteto - formado em 2001 no Rio de Janeiro (RJ) - festeja sua primeira década de sucesso entre o público que frequenta o circuito de casas de shows da Lapa. Para animar a festa, o Casuarina convocou para o show nomes também associados ao bairro do Centro do Rio que deu voz a uma nova geração de sambistas - uma turma que respeita as tradições e o legado dos bambas de outrora. Mestre do partido alto, o compositor carioca Candeia (1935 - 1978), por exemplo, é lembrado com Dia de graça, samba que propaga orgulho negro e que é revivido pelo Casuarina com Teresa Cristina, carioca que despontou como cantora em shows no Bar Semente, um dos pontos mais concorridos da Lapa do início dos anos 2000. O número termina com sagaz citação do afro Samba da antiga (Candeia). Mote do roteiro coeso, o bairro é saudado logo na abertura do show - com medley que agrega A Lapa (Herivelto Martins e Benedito Lacerda) e Largo da Lapa (Wilson Batista e Marino Pinto) - e também ao fim, com o samba Lapinha (Baden Powell e Paulo César Pinheiro). Cantado por Gabriel Azevedo, um dos vocalistas do Casuarina, Rio antigo (Nonato Buzar e Chico Anysio) também celebra a Lapa ao traçar o mapa nostálgico de uma cidade de tempos idos. O melhor vocalista do Casuarina, João Cavalcanti, quebra tudo ao cair no sambalanço Devagar com a louça (Luiz Reis e Haroldo Barbosa) ao lado do cantor Marcos Sacramento e dos metais da dupla Zé da Velha & Silvério Pontes. Na mesma linha sincopada, Beija-me (Roberto Martins e Mario Rossi) ganha as vozes corretas de Pedro Miranda e Ana Costa. Bom cantor que se fez ouvir no circuito da Lapa, Moyseis Marques bate um bolão no suingue de Linha de passe (João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio). Em tom mais magoado e seresteiro, realçado pelo bandolim de João Fernando Pinheiro, Áurea Martins e Nilze Carvalho dão vozes a Segredo (Herivelto Martins e Marino Pinto), samba-canção propagado na voz de Dalva de Oliveira (1917 - 1972). Áurea pega mais o espírito do tema. Há um ou outro número mais esmaecido e burocrático no roteiro, caso de Acreditar (Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho), samba melancólico revivido pelo Casuarina com seu compositor Délcio Carvalho. Contudo, no todo, a festa do Casuarina é animada. Priorizados no CD, que toca 13 dos 22 números reproduzidos no DVD, os encontros resultam felizes. Choro de Jacob do Bandolim (1918 - 1969), Bole bole vibra no toque do violão de Zé Paulo Becker e do violino de Nicolas Krassik. João Cavalcanti se junta a seu pai Lenine Eu quero é botar meu bloco na rua, pondo literalmente na rua a marcha-rancho do compositor capixaba Sérgio Sampaio (1947 - 1994). A presença constante de convidados, aliás, valoriza o registro do show e evita a redundância de 10 anos de Lapa. Afinal, em 2009, o grupo já revisou sua história em CD e DVD editados pela Sony Music dentro da série MTV apresenta. 10 anos de Lapa acerta ao tirar parcialmente o foco do grupo, jogando a luz sobre cantores e músicos que também fazem parte da história da revitalização da Lapa como cenário musical pautado por diversidade de tribos, ritmos e estilos.
ResponderExcluirCasuarina é 10! Esse sim, um grupo de Samba autêntico e de qualidade que conta com as ótimas vozes de João Cavalcanti e Gabriel Azevedo.
ResponderExcluirMe lembrei do Paulinho da Viola falando dos grupos de pagode que surgiram na década de 90, dizendo que realmente tinha muita coisa ruim, mas que gostava do Raça Negra, Katinguelê... e falou nessa mesma entrevista sua admiração pelo É o Tchan que estava no auge na época.
Pra mim, esses grupos de pagode sempre foram descartáveis.
Outro dia o Lobão disse, dando uma palhinha de seu novo livro, que o samba e choro são letras mortas.
ResponderExcluirO cara tem lá sua razão.
Porém, aí, porém, assim como na vida, tem morto que é mais vivo que muito vivo.
PS: Dia de Graça do bamba Candeia é linda demais!
Com "letra morta", pra ficar claro, estou me referindo a expressão usual que designa algo em desuso.
ResponderExcluirNo sentido que não tem presente, nem futuro. Só passado.
O samba de raiz, o choro, o frevo... vivem de glórias de décadas passadas.
AS novas gerações emulam os velhos e aí não se sai do canto.
"Um passo a frente e vc já não está mais do mesmo lugar"
Chico Science
Isso é coisa de artista bonzinho, Maricota. Que não gosta de se comprometer com seus pares publicamente.
Acontece nas melhores famílias.
Salve, salve Paulinho da Viola!
Ahh, o filho de Lenine tem a manha de cantar samba.
Dessa vez retificando.
ResponderExcluirPares não!
Colegas de profissão fica melhor.
Os pares de Paulinho são de outro nível.
Zé Henrique, a voz de Pedro Paulo Malta me lembra bastante a do filho de Lenine ele canta muito bem.
ResponderExcluirPaulinho da Viola é o maior sambista vivo que nós temos, só falta deixar de ser preguiçoso e lançar algo novo urgente! hehehe.
Assistir à gravação, muito boa, e concordo Casuarina é o melhor grupo de samba da atualidade e o João cavalcanti é muito bom!
ResponderExcluirTenho uma simpatia muito grande por esse grupo. É admirável o carinho e o respeito que os integrantes dispensam aos sambistas veteranos. Ver a admiração estampada no rosto deles por Roberto Silva, quando do encontro deles com o elegante sambista, foi de encher os olhos.
ResponderExcluirÉ claro que é bacana ter e demonstrar respeito pelos artistas talentosos do passado.
ResponderExcluirJamais vou me esquecer do Chico Buarque reverenciando o Carlos Cachaça durante um desfile inteiro da Mangueira. E olhe que o homenageado do enredo era o Chico!
Foi lindo de ver!
Mas, na hora de fazer música penso que deve haver falta de respeito.
No melhor dos sentidos, claro.
Até mesmo para ser respeitado.
Se não vira só reverencia, cópia.
E aí entra a "letra morta" que o Lobão falou.
Lobão não é pra ser levado a serio. Muito menos citado. Quem leu o livro dele sabe das fantasiosas historias q ele criou. Ele é blá blá blá e to na MTV! E só isso. Daqui a pouco ta apresentando The Voice na globo.
ResponderExcluirFernanda, é claro que é pra se peneirar o que o Lobão diz.
ResponderExcluirMas suas idéias são em grande parte relevantes e para se pensar.
Nesse caso específico ele está coberto de razão.